No dicionário, não existem as palavras "imbrochável" ou "imbroxável". É um neologismo criado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para se referir ao desempenho sexual. A definição correta seria "uma pessoa que não brocha, que não perde a potência sexual".
O "imbrochável, imbrochável, imbrochável" foi, na quarta-feira (7), lamentavelmente um dos gritos de Jair Bolsonaro no discurso do 7 de Setembro.
MAS DO PONTO DE VISTA MÉDICO, PODE ALGUÉM SER "IMBROCHÁVEL"?
O urologista Leonardo Gomes, chefe do Serviço de Urologia do Hospital São Marcos - Rede D'Or São Luiz, ressalta que "imbrochável" é um termo popular, inadequado para ser utilizado no meio médico, inclusive.
"Acredito que o presidente Jair Bolsonaro se refere ao fato de nunca ter tido ou que nunca poderá vir a ter disfunção erétil, que é o termo correto para impotência sexual - uma condição que pode, sim, acometer o homem em qualquer faixa etária de vida sexual ativa. E isso não é doença", diz Leonardo Gomes.
O médico urologista frisa que um homem pode falhar (não conseguir ter ereção) durante uma relação sexual. "E não há problema em falhar. Então, dizer que nunca teve impotência, como disse o presidente usando o termo 'imbrochável', é no mínimo uma brincadeira de mau gosto, porque o homem falha; é normal falhar."
Ainda de acordo com Leonardo Gomes, o ato sexual não é apenas mecânico, pois depende de estímulos sensitivos e neurológicos. "A pessoa precisa ser estimulada, estar bem no casamento, na sua relação; precisa estar tranquila e sem estresse, o que é algo que muito difícil hoje em dia, com a sobrecarga de trabalho e a cobrança do dia a dia. Então não existem pessoas que nunca na vida falharam ou nunca poderão falhar. Isso (ter impotência sexual em algum momento pontual) pode acontecer", sublinha o urologista.
Por sinal, os idosos (faixa etária da qual faz parte Jair Bolsonaro, que tem 67 anos) podem precisar de mais estímulo para obter uma ereção.
A orientação dos médicos é não ter pressa durante a relação sexual com penetração. Os estímulos antes do ato sexual ajudam a facilitar a ereção, além de melhorar o clima antes da relação sexual.
DISFUNÇÃO ERÉTIL É NORMAL?
"O que muitas vezes muda, na possibilidade de ser desenvolver ou não a impotência sexual de origem psicogênica, a forma mais comum dessa condição, é a maneira com que o homem lida com essa falha, com esse momento de não ter conseguido a ereção adequada", explica Leonardo Gomes.
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O QUE LEVA À DISFUNÇÃO ERÉTIL?
O urologista cita também as causas orgânicas mais comuns da disfunção erétil ou impotência sexual. "Entre esses fatores, está a diabete. Também podem desenvolver a ausência de ereção pacientes que fizeram cirurgias radicais de próstata por câncer."
Ele acrescenta também que homens que têm alguma doença de origem hematológica, como anemia falciforme, podem apresentar disfunção erétil.
"Eles podem ter priapismo (complicação relativamente frequente na doença falciforme), que é ter ereção peniana prolongada e dolorosa (não acompanhada de desejo ou estímulo sexual, usualmente persistente por mais de quatro horas). Nesses casos, a disfunção erétil é a sequela comum no tratamento inadequado do priapismo", explica Leonardo Gomes.
O uso de algumas medicações para transtornos psiquiátricos também podem favorecer o desenvolvimento de disfunção erétil.
"NENHUM HOMEM É IMBROCHÁVEL"
"Mais uma vez, como falei anteriormente, o termo usado pelo presidente é inadequado e mais difícil ainda de ser comprovado, porque nenhum homem é imbrochável", finaliza o urologista Leonardo Gomes.