O estresse é um dos principais vilões do organismo e ligado a muitas doenças. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse é considerado a “doença do século 20” e tem afetado cada vez mais pessoas.
Entre os sintomas mais comuns de um quadro de estresse, estão dor de cabeça, distúrbios do sono, dificuldade de concentração, temperamento explosivo, estômago perturbado, insatisfação no trabalho, depressão e ansiedade.
"Praticar meditação, fazer exercícios físicos ou realizar atividades prazerosas, como ler e cozinhar, são excelentes maneiras de quebrar a rotina corrida e modular o estresse", recomenda a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Esses cuidados são importantes porque, apesar de o estresse ajudar a lidar com perigos e crises, altos níveis dele por longos períodos de tempo podem gerar reações que, se não controladas, prejudicam seriamente a saúde do organismo.
"O estresse crônico leva ao comprometimento do funcionamento adequado de uma série de órgãos vitais em função do descontrole hormonal causado principalmente pelo desiquilíbrio nos níveis de cortisol, hormônio secretado pelas glândulas adrenais localizadas uma sobre cada rim”, explica a médica nefrologista Caroline Reigada, especialista em medicina intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira e também especialista em medicina interna/clínica.
Abaixo, um time de especialistas lista as 7 principais consequências negativas do estresse para a saúde. Confira:
Além de impactar a circulação periférica, a liberação de hormônios causada pelo estresse ainda leva a danos celulares estruturais que podem prejudicar o funcionamento adequado do coração.
"O estresse favorece a elevação da pressão arterial, a aceleração da frequência cardíaca e o aumento dos níveis de gorduras e açúcar no sangue, assim contribuindo para o surgimento de hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares", afirma a médica nefrologista Caroline Reigada.
A cada dois minutos, um brasileiro morre de AVC (acidente vascular cerebral) ou de infarto, e a principal causa para esses desfechos é a hipertensão arterial, cenário que se torna ainda mais grave porque menos de 30% dos brasileiros têm a pressão controlada.
O estresse é um grande inimigo da saúde da pele, favorecendo o surgimento precoce de rugas e flacidez. “O cortisol está relacionado à potencialização do estado inflamatório persistente do tecido cutâneo, o que reduz o tempo de vida e a atividade das células. E isso contribui para o envelhecimento acelerado”, diz a dermatologista Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e International Fellow da Academia Americana de Dermatologia.
A acne é outra condição que está relacionada ao estresse. “O cortisol estimula os hormônios andrógenos e aciona as glândulas sebáceas, aumentando a produção de oleosidade com consequente entupimento dos poros e surgimento de cravos e espinhas. Além disso, a baixa imunidade e o excesso de queratina associados ao estresse favorecem a proliferação de bactérias relacionadas à acne”, explica a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Outra doença cutânea associada ao estresse é a rosácea. “A rosácea tem um componente inflamatório vascular, com vermelhidão, inchaço local, sensação de ardor e queimação e pústulas estéreis. Esse fenômeno está relacionado a situações como mudanças de temperatura ou estresse", destaca a médica Cláudia Merlo, especialista em cosmetologia pelo Instituto BWS.
E não só a pele, mas os cabelos também são prejudicados com o estresse. "Níveis elevados de cortisol podem levar a um quadro inflamatório que impede o crescimento dos fios e está envolvido no processo de queda e embranquecimento dos cabelos", ressalta a dermatologista Jaqueline Zmijevski, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e fellow em tricologia pela Associação Médica Brasileira (AMB).
A modulação do estresse é fundamental para garantir a fertilidade. "Altos níveis de estresse podem tornar as chances de um casal engravidar menores. Isso porque o estresse causa processos fisiológicos que podem interferir na produção de hormônios reprodutivos importantes, além de, no homem, favorecer o surgimento de proteínas inflamatórias que prejudicam a qualidade do esperma", explica o médico Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo.
O estresse prejudica a circulação, gerando uma série de danos em todo o organismo. “Quando estamos sob estresse, nosso fluxo sanguíneo diminui devido à liberação de hormônios como cortisol e adrenalina", explica a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Ela frisa que qualquer redução na circulação sanguínea significa que as funções corporais podem ser prejudicadas, levando ao surgimento de uma série de sintomas, como frieza ou dormência nas mãos e pés, devido à insuficiência de sangue chegando nos membros, tom azulado ou arroxeado nas pernas, principalmente em pessoas de pele clara, ressecamento da pele, quebra das unhas e queda dos cabelos, além de cicatrização mais lenta de feridas e arranhões em pessoas com diabetes.
"A inflamação gerada pelo cortisol também pode fazer com que os vasos sanguíneos sofram com lesões que podem reduzir o calibre das veias e artérias, assim aumentando o risco de hipertensão e trombose", acrescenta Aline.
Outro órgão vital gravemente afetado pelo estresse é o rim. "Condições de estresse crônico provocam a excreção de fosfato em níveis fora do padrão, o que prejudica a função renal, além de levar a fraqueza muscular e alterações na composição óssea", diz a médica nefrologista Caroline Reigada.
"Além disso, por serem as unidades de filtragem de sangue do corpo, os rins são impactados por problemas com os vasos e a circulação sanguínea. Dessa forma, a pressão alta e o açúcar elevado no sangue provocados pelo estresse podem sobrecarregar os rins", destaca a nefrologista.
Ela diz, inclusive, que pacientes com hipertensão e diabetes correm maior risco de doença renal. A médica também alerta que as reações do organismo ao estresse são ainda mais perigosas para quem já sofre com doenças renais e cardiovasculares.
Estresse elevado pode gerar uma série de alterações no metabolismo, inclusive favorecendo o ganho de peso.
"O apetite emocional é uma das respostas ao estresse, já que o cortisol aumenta o desejo por uma alimentação altamente enérgica. Além disso, os hormônios do estresse também estimulam a formação de células adiposas, que armazenam gordura", explica a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
Ela afirma ainda que períodos estressantes também prejudicam a perda de peso. "O corpo sabe que está em uma posição estressada e não vai levar à perda de peso como faria em condições normais", destaca.
O estresse também pode afetar diretamente a saúde bucal. "O efeito pró-inflamatório desencadeado pelas substâncias produzidas pelo organismo em momentos de estresse, como a hidrocortisona, o cortisol e a adrenalina, favorecem o surgimento de doenças periodontais", explica o cirurgião-dentista Hugo Lewgoy, doutor em odontologia pela Universidade de São Paulo (USP).
"Além disso, quando estamos estressados, aumentamos a prática de hábitos negativos, como a má higiene oral, o que, somado a vulnerabilidade do organismo, pode favorecer o surgimento de cáries, gengivite e halitose", alerta.