SAÚDE MENTAL

DEPRESSÃO: Veja quais são os dois tipos de depressão

Nem sempre a tristeza e as preocupações que sentimos são indicativos de um transtorno mental. Mas é preciso ficarmos atentos.

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Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 20/10/2022 às 14:03 | Atualizado em 24/10/2022 às 15:42
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No Brasil, a depressão tem se tornado um problema de saúde pública.

O País é o quinto com maior incidência da depressão no mundo e apresentando um número de casos superior ao de diabetes, segundo Pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde.

Tristeza, desinteresse, falta de energia, dificuldades para dormir ou manter o sono são condições que podem aparecer vez por outra, mas que merecem investigação de um profissional de saúde quando se tornam uma constante. 

Estudos revelam que a sensação de solidão, desesperança, angústia, exaustão, irritabilidade, tédio, raiva e sensação de abandono são sinais de alerta para os transtornos de humor, como depressão

Nem sempre, contudo, a tristeza e as preocupações que sentimos são indicativos de um transtorno mental. Mas é preciso ficarmos atentos

SINTOMAS DEPRESSÃO LEVE, MODERADA E GRAVE 

Um episódio depressivo pode ser categorizado como leve, moderado ou grave, a depender da intensidade dos sintomas.

Uma pessoa com um EPISÓDIO DEPRESSIVO LEVE leve tem alguma dificuldade em continuar um trabalho simples e atividades sociais, mas sem grande prejuízo no funcionamento global.

Mas, durante um EPISÓDIO DEPRESSIVO GRAVE, é improvável que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou domésticas.

Uma DIFERENÇA fundamental também é feita entre depressão em pessoas que têm ou não um histórico de episódios de mania.

Ambos os tipos de depressão podem ser crônicos (isto é, acontecem durante um período prolongado de tempo), com recaídas, especialmente se não forem tratados. 

TIPOS DE DEPRESSÃO

Veja abaixo duas formas de manifestação da depressão:

TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE

Esse distúrbio envolve repetidos episódios depressivos.

Durante esses episódios, a pessoa experimenta um humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades em geral por, pelo menos, duas semanas.

Muitas pessoas com depressão também sofrem com sintomas como ansiedade, distúrbios do sono e de apetite e podem ter sentimentos de culpa ou baixa autoestima, falta de concentração e até mesmo aqueles que são clinicamente inexplicáveis. 

TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR 

Esse tipo de depressão consiste tipicamente na alternância entre episódios de mania e de depressão, separados por períodos de humor normal.

Episódios de mania envolvem humor exaltado ou irritado, excesso de atividades, pressão de fala, autoestima inflada e uma menor necessidade de sono, bem como a aceleração do pensamento. 

UMA EPIDEMIA DE DEPRESSÃO

Um estudo recente publicado na revista científica The Lancet mostra que até 80% das pessoas afetadas pela depressão no mundo sequer sabem dessa condição.

Já o levantamento realizado pelo Instituto Ipsos, a pedido da Janssen (empresa farmacêutica da Johnson & Johnson), mostrou que, entre as pessoas que tinham diagnóstico da depressão, o tempo médio para procurar ajuda foi de 39 meses (3 anos e 3 meses). 

A pesquisa ouviu 800 pessoas de 11 Estados brasileiros, com ou sem relação com a depressão.

A demora de 3 anos e 3 meses para procurar ajuda contra depressão ocorreu principalmente porque as pessoas não tinham consciência de que a condição (estado depressivo) poderia ser uma doença (18%), por resistência a procurar ajuda (13%) e medo do julgamento, reação dos outros ou vergonha (13%).

SINTOMAS DEPRESSÃO 

Não existe apenas um fator determinante para depressão.

A depressão é causada pela soma de fatores, sendo que um pode contribuir com o outro de forma que minimize a capacidade do nosso cérebro de reagir a determinados eventos, fazendo com que surjam os sintomas prolongados e, consequentemente, a depressão.

Confira lista de sintomas:

  1. humor depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia
  2. desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as coisas
  3. diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis
  4. desinteresse, falta de motivação e apatia
  5. falta de vontade e indecisão
  6. sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero, desamparo e vazio
  7. pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso, doença ou morte. A pessoa pode desejar morrer ou tentar suicídio
  8. interpretação distorcida e negativa da realidade: tudo é visto sob a ótica depressiva, um tom “cinzento” para si, os outros e seu mundo
  9. dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento
  10. diminuição do desempenho sexual (pode até manter atividade sexual, mas sem a conotação prazerosa habitual) e da libido
  11. perda ou aumento do apetite e do peso
  12. insônia (dificuldade de conciliar o sono, múltiplos despertares ou sensação de sono muito superficial), despertar matinal precoce (geralmente duas horas antes do horário habitual) ou, menos frequentemente, aumento do sono (dorme demais e, mesmo assim, fica com sono a maior parte do tempo)
  13. dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos, como dores de barriga, má digestão, azia, diarreia, constipação, flatulência, tensão na nuca e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de corpo pesado ou de pressão no peito, entre outros

DEPRESSÃO E ANSIEDADE: VEJA VÍDEO ABAIXO

DEPRESSÃO DIAGNÓSTICO

"A demora por buscar tratamento para a depressão pode trazer consequências devastadoras, como a cronificação da doença, agravamento dos sintomas, diminuição da eficácia dos tratamentos, perda de anos produtivos, impacto econômico e severa diminuição da produtividade, além de todo um prejuízo em seu convívio familiar e social", diz a professora de psiquiatria Cintia de Azevedo Marques Périco, da Faculdade de Medicina do ABC e integrante da Comissão de Emergenciais Psiquiátricas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). 

"A depressão precisa ser levada a sério", acrescenta a psiquiatra Cintia. 

Dados da pesquisa demonstram que ainda há falta de entendimento sobre a gravidade da depressão e o impacto da doença na vida do paciente e de todos ao redor.

Apenas 10% acreditam que a depressão é uma doença com base biológica (e repercussões físicas no corpo). Outros 35% não acham que a depressão pode ser tratada com medicamento e 36% acreditam que, para superar a doença, é preciso força de vontade.

O número de suicídios e de casos de depressão resistente ao tratamento, somados à falta de entendimento sobre a doença e a demora em buscar ajuda, evidencia a gravidade do cenário da depressão no Brasil.

DEPRESSÃO PSIQUIATRIA 

De modo geral, os sintomas de depressão causam grande sofrimento ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 

Isso acende um alerta para a busca imediata de ajuda - no caso, um psiquiatra. É o profissional médico capaz e habilitado para diagnosticar, tratar e acompanhar o paciente com depressão. 

REFERÊNCIAS

 

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