O Estado de Pernambuco teve de criar um comitê para monitorar os casos de superfungo Candida Auris na última semana. Agora, especialistas vão acompanhar e reforçar as ações dos órgãos de saúde para conter a proliferação do superfungo.
O comitê foi formado após 3 pacientes do sexo masculino, internados em hospitais das cidades pernambucanas de Olinda, Paulista e Recife, serem diagnosticados com a Candida Auris em maio.
Uma das missões do comitê é conter a proliferação do Candida Auris para que não se repita o surto anterior ocorrido no estado entre dezembro de 2021 e setembro de 2022, quando mais de 40 pessoas foram atendidas no Hospital da Restauração.
Na época, não houve mortes, mas o superfungo preocupa pela facilidade de contágio, pela alta taxa de letalidade, 30 a 60% dos contaminados morrem e por ser resistente a praticamente todos os medicamentos produzidos.
O que é Candida Auris?
A levedura – tipo de fungo que possui apenas uma célula – causa grande preocupação nas autoridades sanitárias por ser resistente à maioria dos fungicidas existentes. Em alguns casos, a todos. Isso levou a espécie a receber o apelido de superfungo.
Sintomas Candida Auris
Os organismos do reino Candida causam infecções orais e vaginais bastante comuns nos seres humanos, as candidíases, que são combatidas com fungicidas vendidos em qualquer farmácia.
Na Candida auris, as infecções se mostram difíceis de curar. A espécie produz o que os cientistas chamam de biofilme, camada protetora que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandinao, três dos principais compostos antifúngicos.
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A espécie é capaz também de infectar o sangue, levando a casos agressivos e muitas vezes letais. Além disso, acomete em geral pacientes graves, que permanecem por longos períodos em unidades intensivas de tratamento.
Não bastasse sua resistência, o patógeno é difícil de identificar, podendo ser confundindo, em laboratórios, com outras espécies de Candida.
Como surgiu o Candida Auris?
O superfungo foi primeiro identificado no Japão, em 2009, no ouvido de um paciente internado, o que levou ao nome auris – orelha, em latim. Desde então, casos foram reportados em ao menos 47 países, segundo dados compilados pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).
O nível de alerta cresceu bastante durante a pandemia de covid-19, que aumentou em muito o número de internações longas em todo o mundo.
Superfungo transmissão
Outra característica que torna a espécie preocupante é sua capacidade de sobreviver por meses em superfícies como macas, móveis e instrumentos. É possível, por exemplo, que indivíduos saudáveis transportem o fungo entre unidades hospitalares sem saber.
A transmissão, contudo, se dá somente pelo contato direto com objetos ou pessoas infectadas, uma das poucas características que favorecem sua contenção.