Mesmo passando por dificuldades, como todos os empreendimentos turísticos do País, o Park Hotel de Boa Viagem (Zona Sul do Recife), decidiu investir em uma mensagem de solidariedade, otimismo e esperança. Convidou o artista plástico Rafa Mattos para uma intervenção na fachada do empreendimento, que agora ganhou cores e um novo significado.
Com frases e imagens que transmitem empatia e cuidado, a iniciativa também homenageia os cerca de 30 funcionários que continuam trabalhando para servir quem está nos hospitais salvando vidas.
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"Sabemos que o momento é delicado, mas que também pede leveza e acolhimento para passarmos por isso juntos", conta Rafa Mattos, ressaltando que o objetivo principal foi ser coerente com o contexto da pandemia e motivar as pessoas a ficarem em casa, usarem máscaras quando for necessário e se protegerem. "Mas a gente também quis cuidar de quem cuida dos outros, retribuindo esse amor através do grafite", resume o artista, criador do movimento Plante amor colha o bem e também responsável pelas mensagens expostas em pelo menos quatro hospitais de campanha do Recife e em outros espaços nas cidades de Limoeiro e Jaboatão dos Guararapes.
A diretora do Park Hotel, Carolina Oliveira, ressalta que a iniciativa se soma a outras ações desenvolvidas desde o início da crise desencadeada pela covid-19. Dos poucos estabelecimentos que permaneceram abertos no Recife, o Park Hotel oferece um pacote para profissionais de saúde, que contempla café da manhã, lavanderia para até três peças de roupa e estacionamento por R$ 130 mais 5% de ISS. "Tentamos trazer palavras de amor, fé e confiança para nossos colaboradores e todos aqueles que estão no dia a dia nessa frente de batalha contra o coronavírus", afirma.
O hotel também disponibilizará as máscaras de proteção criadas por Rafa Mattos, ao preço de custo sugerido pelo artista: entre R$ 20 e R$ 25. "Estou buscando fornecedores de menor custo para que o valor adicional se converta em doação", diz Rafa.
Embora tenha previsto inicialmente manter todos os colaboradores do hotel, Carolina afirma que acabou demitindo metade deles, mas com a intenção de recontratá-los a partir de agosto. É quando acredita que o turismo poderá ser retomado. "Além da rescisão, pelo menos eles têm acesso ao seguro-desemprego nesse período em que precisam ficar em casa", justifica, acrescentando que o faturamento caiu 90% em relação ao "normal" previsto para o período. A taxa de ocupação atual gira em torno de 15%, quando deveria rondar os 70%.
Por enquanto, dos trabalhadores mantidos, cerca de 50% estão com contratos suspensos e o restante se revezando nas operações do hotel.
Segundo a hoteleira, algumas medidas para evitar contaminação já foram antecipadas, caso da pia instalada na portaria, rodízio de quartos e fechamento de áreas comuns. Mas serão necessários ainda novos investimentos para se adequar aos protocolos de biossegurança que devem ser estabelecidos para a hotelaria.
Os custos, no entanto, não devem ser repassados às diárias, ao menos inicialmente, diante da retração que o setor de turismo deve enfrentar por um bom tempo. A maior preocupação dos hoteleiros agora, na verdade, é evitar uma guerra de preços entre eles mesmos que fragilize ainda mais as contas dos empreendimentos.