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RETOMADA

Reabertura de praias em Porto de Galinhas e no Grande Recife traz alívio para o turismo

Trade espera que retorno gradual das atividades ajude a recuperar prejuízos, que já chegam a R$ 2,52 bilhões em Pernambuco

Mona Lisa Dourado
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Mona Lisa Dourado
Publicado em 19/06/2020 às 15:49 | Atualizado em 23/06/2020 às 14:38
TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM
Quem estiver na Praia de Porto de Galinhas não poderá levar mesas, cadeiras e afins para a faixa de areia para curtir a virada do ano. - FOTO: TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM

A reabertura das praias nas cidades da Região Metropolitana do Recife (RMR), ainda que de forma gradativa e sem a volta imediata do comércio, foi recebida com alívio pelos representantes do trade turístico. Empresários do setor acreditam que a liberação é essencial para atrair os visitantes no segundo semestre, principalmente locais e regionais em um primeiro momento, e atenuar os prejuízos causados durante o período de quarentena instituído para conter a contaminação pelo novo coronavírus.

Entre março e maio, as perdas acumuladas no turismo em Pernambuco já somam R$ 2,52 bilhões, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Somente em abril, o primeiro mês de validade das medidas mais restritivas de isolamento social, o índice de atividades turísticas do Estado registrou o seu pior desempenho histórico, com recuo de 60,9%, de acordo com o IBGE. Pesquisa realizada pelo Departamento de Hotelaria e Turismo (dHT) da UFPE também indica que 33,5% dos trabalhadores do setor foram demitidos no Estado, índice que chegou a cerca de 40% em Ipojuca, onde está a praia de Porto de Galinhas, principal destino turístico do Estado.

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A expectativa agora é começar a reverter esses índices negativos. "Em mais de 90 dias, nosso faturamento foi zero. Mas agora já há uma demanda de turistas regionais para o Estado, que esperavam saber justamente quando poderiam voltar a frequentar o litoral. Nossa aposta neste segundo semestre será no turismo rodoviário", conta o vice-presidente nacional da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), Marcos Teixeira. Na avaliação dele, com a retomada agora, e caso não haja nenhum recuo em relação ao controle da pandemia, somente a partir de dezembro será possível pensar em recuperação efetiva. Segundo Teixeira, até o ano passado, havia 436 agências em Pernambuco, sendo 98% micro e pequenas empresas. "Não sabemos quantas realmente vão conseguir voltar e quantas vão falir. Por enquanto, só estamos trabalhando nos canais online. O que queremos agora é a reabertura das lojas físicas, uma vez que o resto do comércio já voltou", reivindica.

 

BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
Segundo dia de lockdown em municípios da Região Metropolitana do Recife por conta do coronavírus. - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

"Poder reocupar as praias é importante porque sinaliza que o nosso principal atrativo já pode ser usufruído, mesmo com os devidos cuidados. Afinal, uma caminhada e um banho de mar só fazem bem à saúde", corrobora Luís Guilherme Pontes, diretor executivo do Grupo Pontes Hotéis, que agrega o Mar Hotel e o Atlante Plaza, em Boa Viagem (Zona Sul do Recife), e o Summerville Beach Resort, em Muro Alto (Ipojuca). O empresário estima também para o fim do ano a reconquista de um número de hóspedes capaz de equilibrar os custos da operação.

A seção local da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-PE) calcula em 40% a 45% a ocupação mínima para não haver prejuízo. No entanto, os índices patinaram entre 5% e 8% para os hotéis que permaneceram abertos, uma vez que os estabelecimentos não foram obrigados por decreto a suspender as atividades. Ao contrário, foram considerados atividades essenciais. Para o presidente da entidade, Eduardo Cavalcanti, é preciso mais que a orla aberta para recuperar as perdas. "Metade dos hotéis do Recife ainda está fechada. O turista não vem para fazer exercício. Ele vem para curtir a praia como um todo, com os bares e restaurantes do entorno, as atrações em geral", afirma.

Por enquanto, entre os 15 municípios da RMR, Recife, Ipojuca, Cabo, Paulista, Olinda e Itamaracá anunciaram as medidas específicas que serão válidas em cada município, uma vez que o governo do Estado transferiu para as cidades a responsabilidade por definir as regras de reabertura das praias. A prefeitura de Jaboatão dos Guararapes disse que vai aguardar a publicação do novo decreto do Governo do Estado para determinar o seu protocolo. 

PORTO DE GALINHAS

No caso de Porto de Galinhas, a liberação ocorre a partir deste sábado (20) exclusivamente para as práticas esportivas individuais, incluindo o banho de mar, com restrição de horário das 4h da manhã às 12h. A medida se estende a toda a faixa litorânea da cidade, que contempla outros redutos famosos, como Muro Alto, Cupe, Maracaípe e Serrambi. Com exceção das práticas esportivas dentro do mar, o uso da máscara é obrigatório.

Independentemente do anúncio oficial de governo e prefeituras, alguns dos principais hotéis de Porto de Galinhas já haviam divulgado a reabertura a partir do fim de junho. O trade, inclusive, fez uma parceria com o Hospital Português e a UFPE para desenvolver um manual com os protocolos de convivência com a covid-19 e transmitir a imagem de um destino seguro. "Há dois meses, trabalhamos nisso. Estamos preparados. Sem a abertura das praias, não seria justo conosco nem com os turistas. Precisamos abrir, para trazer junto as agências e operadoras", avalia o Presidente da Associação dos Hotéis de Porto de Galinhas (AHPG), Massimo Pellitteri.

 

TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM
Praias de Ipojuca estão interditadas desde 22 de março de 2020 como medida para conter contaminação pelo coronavírus - TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM

Enquanto a aviação não restabelecer a malha aérea a patamares pré-pandemia, o executivo acredita que a ocupação no destino deve ficar entre 15% e 20%, devendo atingir 50% a 60% a partir da alta estação, em dezembro. "Precisa ter avião para trazer as pessoas. Sempre fomos otimistas e saímos na frente, mas a única certeza que se tem agora é que tudo vai depender muito da evolução da pandemia", pondera. "Março e abril seriam os melhores dos últimos anos e, de repente, acabou tudo", lamenta.  

No Aeroporto do Recife, a movimentação em maio despencou 90,8% comparado ao mesmo período do ano passado.

Até antes da crise da covid-19, 75% dos viajantes de Porto vinham do Sul, Sudeste e Centro-Oeste; 5% a 7%, do exterior, principalmente Argentina; e cerca de 20%, do próprio Nordeste. Agora, esses percentuais devem se inverter, com a preponderância de pernambucanos e nordestinos.

Empregos

A retomada do turismo no litoral pernambucano pode trazer esperança também aos trabalhadores que perderam o emprego na pandemia. Sócios dos hotéis Armação e Kembali, Pellitteri acredita que será possível recontratar ainda este ano pelo menos metade dos colaboradores demitidos em Porto de Galinhas, caso as perspectivas da retomada se concretizem. Cerca de 25 mil pessoas dependem direta ou indiretamente do turismo no destino.

RECIFE

No Recife, as praias e parques serão reabertos a partir deste sábado, mas apenas para a prática de atividades individuais, como corrida, caminhada e ciclismo. Ainda não há autorização para entrar no mar. Segundo a secretária de Turismo da cidade, Ana Paula Vilaça, o objetivo ainda é evitar aglomerações na areia. "A depender dos números avaliados pelo comitê de saúde, vamos liberar e investir cada vez mais nas experiências em espaços públicos e abertos. As pessoas não vão viajar de imediato, por isso, nosso trabalho será para que o próprio recifense redescubra a cidade. Em seguida, queremos trazer os pernambucanos de outros locais e o público regional, para só então pensar no nacional e internacional", diz.

Na capital pernambucana, pelo menos 60% do turismo é de negócios, que deve ser um dos últimos segmentos a se recuperar da crise desencadeada pela covid-19. Isso porque ainda não há previsão para a retomada dos eventos e as empresas, combalidas financeiramente, também estão evitando as viagens neste momento. Soma-se a esse fator, a redução da oferta de voos.  

Segundo o secretário de Turismo de Pernambuco, Rodrigo Novaes, o plano do governo do Estado foi desenhado para que a atividade turística seja retomada aos poucos. “Para que a gente possa fazer isso com todos os cuidados, precauções e cautelas.”

O presidente da representação local da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PE), Alexandre Araújo, lamenta que, "mais uma vez", o setor de bares e restaurantes tenha ficado de fora. “Temos condições de reabrir com protocolos e práticas seguras. Sugerimos ao governo do estado diversas datas, mas só temos um aceno que deva ser na sexta etapa do plano de reabertura, que se inicia em 6 de julho.” Araújo estima que cerca de 3 mil estabelecimentos do setor já estejam comprometidos financeiramente e não voltem a abrir as portas em Pernambuco. O setor contava antes da pandemia com cerca de 240 mil colaboradores. Cerca de 20% desse pessoal deve perder os postos de trabalho, calcula.

SECOM PAULISTA
Praia de Paulista, Região Metropolitana do Recife - SECOM PAULISTA

CABO DE SANTO AGOSTINHO

No Cabo de Santo Agostinho, a reabertura se dará de forma gradativa. Na próxima segunda-feira (22), junto com a liberação das práticas esportivas e atividades físicas nestes locais, o município também divulgará um decreto com essas e outras medidas da reabertura. Banho de mar, comércio de alimentos e bebidas alcoólicas na orla não estão liberados. No dia 30 de junho, a prefeitura fará uma avaliação para decidir se amplia a flexibilização.

PAULISTA

Em Paulista, no Litoral Norte, o banho de mar será liberado a partir da próxima segunda-feira (22), em praias como Janga, Pau Amarelo e Maria Farinha.

OLINDA

Na orla de Olinda, a liberação do calçadão, ciclovia e faixas de areia ocorrem a partir de domingo, para a prática de atividades físicas individuais, mas com a determinação de se evitar as aglomerações.

ITAMARACÁ

Itamaracá, por sua vez, vai aguardar até o fim deste mês, quando termina o lockdown imposto na ilha."Daqui para lá estamos acompanhando de perto, para definir pela abertura ou não. Vai depender de como se comporte a  curva epidemiológica", pontua o secretário de Turismo, Bruno Reis.

IMPACTO ECONÔMICO DO TURISMO    

Até 2019, o turismo representava cerca de 3,9% do PIB do Estado, com um faturamento de R$ 9,5 bilhões, segundo dados da Empetur e da Secretaria estadual de Turismo, Lazer e Esportes. Para este ano, o impacto  ainda não foi mensurado. Em Ipojuca, estima-se uma queda de pelo menos 50% da arrecadação com o Imposto Sobre Serviços (ISS). Em 2019, somente com a hotelaria, o ISS apurado foi de R$ 26,3 milhões.    

 

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Praia de Paulista, Região Metropolitana do Recife - FOTO:SECOM PAULISTA
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Segundo dia de lockdown em municípios da Região Metropolitana do Recife por conta do coronavírus. - FOTO:BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
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Praias de Ipojuca estão interditadas desde 22 de março de 2020 como medida para conter contaminação pelo coronavírus - FOTO:TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM

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