A Mona Lisa voltou hoje a exibir o seu sorriso enigmático aos visitantes do Louvre. Depois de quase quatro meses fechado, o maior e mais visitado museu do mundo reabriu as portas na manhã desta segunda-feira (6).
As imagens dos primeiros visitantes que puderam ter acesso ao quadro famoso nesta retomada nem de longe lembram as cenas que presenciei quando fui ver a xará pela primeira vez.
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Nada de multidões aglomeradas na fila de entrada, hordas de pessoas pelos corredores nem centenas de cabeças com câmeras em punho separando você do rosto mais conhecido do planeta. Lembro de ter feito uma verdadeira ginástica para chegar perto da musa que inspirou o meu nome (grazie, mamma!). Mas confesso que tão divertido quanto finalmente conhecer a "colega" e testar o movimento dos seus olhos vigilantes foi brincar de Wally no meio da sala lotada de gente de todos os cantos do planeta.
A Mona Lisa é, sem dúvidas, o atrativo mais buscado do Louvre, mas não chega a ser a mais interessante do acervo de 30 mil obras, que ainda inclui a escultura da Vênus de Milo, o Código de Hammurabi e uma enorme coleção arte antiga egípcia.
Eram mesmo outros tempos. Agora, como manda o figurino de prevenção à covid-19, a administração do museu montou um super esquema para permitir que turistas apreciem a obra-prima de Leonardo da Vinci em segurança. Apesar dos protocolos, a vantagem é ganhar mais tempo e tranquilidade para tirar as inevitáveis selfies.
Antes de tudo, será preciso agendar um horário para ir ao museu. Quem quiser arriscar diretamente na bilheteria ficará sujeito à existência ou não de horários livres.
Ao entrar, o visitante deve seguir por um caminho de mão única e manter um metro de distância. O uso de máscara, claro, é obrigatório.
Uma vez na sala da Mona, apenas duas pessoas por vez podem se aproximar, a uma distância de três metros do quadro, por cerca de 15 minutos cada dupla.
O passeio mais pacato é resultado das rigorosas medidas de distanciamento social e também da ausência por alguns meses dos turistas de fora da União Europeia, que representam 75% dos visitantes. Ao lado de norte-americanos e chineses, brasileiros estão entre as nacionalidade que lideram a lista. No entanto, ainda impedidos de entrar no País, por ora, devem se contentar com um tour virtual.
"Teremos no máximo entre 20% e 30% de nosso público do verão de 2019, que ficou entre 4.000 e 10.000 visitantes diários", disse o diretor do museu, Jean-Luc Martínez, à imprensa durante o anúncio das medidas. Segundo ele, a pandemia deixou um prejuízo de 40 milhões de euros.
A administração espera pelo menos três anos difíceis, uma vez que o número de ingressos vendidos em 2020 estará longe do recorde de mais de dez milhões atingidos em 2018 e dos 9,6 milhões registrados no ano passado. De acordo com os dados mais recentes, as reservas para julho somavam 12 mil, pouco mais que o pico de um só dia alcançado no último verão.
Mesmo com menos gente, o museu restringirá o acesso do público a 70% da área total, de 45 mil m2. Isso porque as salas menores serão fechadas para evitar aglomerações.
O Louvre se soma às atrações turísticas francesas que voltaram a funcionar desde junho, entre elas o Museu d’Orsay, o Palácio de Versalhes e a Torre Eiffel, esta última reaberta no dia 25/6, também com muitos protocolos e acesso por escadas.