Voos para Caruaru e Serra Talhada estrearam na manhã desta quarta-feira (11)

O primeiro voo partiu do Aeroporto Internacional do Recife às 5h55 e chegou a Caruaru às 6h35. No regresso à capital pernambucana, às 7h45, a aeronave foi batizada, como ocorre tradicionalmente na aterrissagem de estreia de uma nova rota
Mona Lisa Dourado
Publicado em 11/11/2020 às 10:28
Batismo ocorreu às 7h45, quando o Cessna Grand Caravan aterrissou no Aeroporto do Recife, vindo da capital do Agreste Foto: DIVULGAÇÃO


Conteúdo atualizado às 11h13 do dia 11 de novembro de 2020

Estrearam na manhã desta quarta-feira (11) as novas rotas aéreas comerciais do Recife para Caruaru, no Agreste de Pernambuco, e Serra Talhada, no Sertão do Estado. A operação é feita pela Azul Conecta, empresa de aviação sub-regional da Azul.

>> Voo inaugural entre o Recife e Caruaru enfrenta intercorrência 


O primeiro voo partiu do Aeroporto Internacional do Recife às 5h55 e chegou a Caruaru às 6h35. No regresso à capital pernambucana, às 7h45, a aeronave foi batizada, como ocorre tradicionalmente na aterrissagem de estreia de uma nova rota.

DIVULGAÇÃO - Aviões comportam nove passageiros e dois tripulantes. Na estreia, partiram com ocupação máxima

A cerimônia contou com a presença do governador do Estado, Paulo Câmara, que depois embarcou, às 8h30, no voo inaugural para Serra Talhada, onde cumpre agenda oficial. Também prestigiaram o lançamento o diretor de Relações Institucionais e Comunicação da Aena Brasil, Enrique Martin-Ambrosio, e o diretor do Aeroporto Internacional do Recife, Diego Moretti.

DIVULGAÇÃO - Governador Paulo Câmara participou da cerimônia de inauguração

NEGOCIAÇÃO

As novas frequências haviam sido anunciadas no último dia 8 de outubro, após dois anos de negociações entre o governo de Pernambuco e a Azul Linhas Aéreas. Os voos atendem a uma antiga reivindicação de moradores e empresários das respectivas cidades e devem contribuir para o desenvolvimento econômico de ambas as regiões. 

Cada destino passou a contar com duas frequências diárias, pela manhã e à tarde, de segunda a sexta-feira. As rotas são operadas por aviões Cessna Grand Caravan, com capacidade para nove passageiros e 150 kg de carga. Na estreia, o voo para Caruaru contou com seis clientes. Os demais partiram com ocupação máxima. 

Com os novos destinos, a Azul passa a voar para 22 cidades a partir do Recife em novembro. 

DIVULGAÇÃO - Programação de voos

Os bilhetes estão disponíveis através dos canais oficiais da Azul e custam a partir de R$ 194,80 para Caruaru e de R$ 323,90 para Serra Talhada por trecho. O tempo de viagem é de 45 minutos e 1h35, respectivamente.

"É o voo inaugural, e com certeza outros virão, com aeronaves maiores", disse Paulo Câmara, antes de embarcar para Serra Talhada, segundo nota enviada pela assessoria de imprensa.

A Azul considerou usar aeronaves ATR (até 70 clientes) para as novas operações em Pernambuco, mas mudou de ideia por dois fatores: a demanda ainda restrita por causa da pandemia e a incapacidade dos terminais de comportar aviões de maior porte. 

INFRAESTRUTURA DOS AEROPORTOS PRECISA DE MELHORIA

Foram as deficiências de infraestrutura, aliás, que atrasaram o lançamento dos voos, de acordo com o diretor de Relações Institucionais da Azul, Marcelo Bento Ribeiro. "Serra Talhada vem passando por investimento há muito tempo, primeiro para a construção da pista, depois para o terminal de passageiros provisório. Por último, agora está sendo feita uma revisão da cerca em volta do aeroporto. O de Caruaru já existia, mas precisava de adequações e o Estado neste momento está investindo no terminal, que era bem acanhado", justificou durante o anúncio dos voos, em outubro.

"A grande vantagem será a possibilidade de conexão fácil e rápida com cidades de todo o País a partir do Recife. Nenhuma outra capital do Nordeste tem ligação com todas as outras da região e ainda municípios do interior", destacou, ainda, na ocasião. 

A Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos (Seinfra) disse, por meio de nota, que na quarta-feira (7/10) foi assinada a ordem de serviço para a execução da reforma do prédio do terminal de passageiros de Caruaru, onde serão investidos cerca R$ 450 mil. "A iniciativa também inclui a remoção dos obstáculos determinados pelo Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromo (PBZPA)", informou. 

Em Serra Talhada, para o tipo de aeronave operada pela Azul, a Seinfra afirma que não será necessária a realização de obras no terminal. Prevendo o aumento da demanda, no entanto, a secretaria destaca que está finalizando um projeto de engenharia necessário para a contratação das obras de reestruturação do aeródromo.

Segundo a Seinfra, também se encontra em fase avançada o estudo para a concessão dos aeroportos de Caruaru, Serra Talhada e do Arquipélago de Fernando de Noronha à iniciativa privada.

Mesmo com as adequações dos aeródromos para aviões maiores, Bento Ribeiro acredita que levará pelo menos um ano até o desenvolvimento de uma demanda que justifique a migração para aviões ATR. Baseado na experiência de outros mercados com os Cessna Grand Caravan, a ocupação prevista é de 75% dos assentos.

Em um contexto "normal", o perfil de clientes seria principalmente de executivos. Mas com a pandemia, o comportamento mudou. "O movimento mais forte que temos visto é de amigos e famílias buscando se reencontrar. As viagens corporativas ainda não retornaram", atestou Bento Ribeiro. Mesmo assim, trade e setor produtivo comemoram a conquista dos novos voos, mirando o futuro.

OPORTUNIDADE

A chegada dos voos comerciais da Azul a Caruaru e Serra Talhada é encarada como uma oportunidade de aceleração do desenvolvimento das duas cidades-polo e adjacências. Promessa antiga, a conexão aérea ao Recife deve facilitar o fluxo de turistas a lazer e a negócios. Já o transporte de mercadorias por enquanto será limitado às de menor volume e maior valor agregado, em função do porte da aeronave operada, que só comporta 150 quilos de carga.

Encravada no meio do Estado, Serra Talhada tem mais de 86 mil habitantes e grande importância logística para todos os municípios do Pajeú, alguns da Paraíba e também do Ceará. “Recebemos essa notícia com muita alegria. Tem muita gente esperando esses voos para fazer turismo fora e empresário esperando para investir”, diz o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Serra Talhada, Marcos Oliveira.

Segundo o gestor, o município tem mostrado “um ambiente propício para o empresário investir”, conseguindo saldos positivos de postos de trabalho formal. “Fomos um dos municípios com maior geração de emprego no Estado. Além de serviços e comércio, também temos conseguido expandir a parte industrial, facilitando com incentivo fiscal e melhorando infraestrutura”, avalia o secretário. O condomínio industrial da cidade conta com mais de 300 km² e deve fechar o ano com cinco indústrias.

No Agreste, Caruaru reúne uma população de mais de 365 mil habitantes. Com outras cidades, como Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, compõe o polo têxtil do Estado, que produz mais de 800 milhões de peças de vestuário ao ano. A chegada de voos comerciais diários, não só para essa atividade, significa um alívio em relação à facilidade nos deslocamentos constantes e necessários para o Recife e demais cidades do País.

“Quem está na capital deve chegar ao aeroporto pelo menos duas horas antes do voo. A gente que sai do interior enfrenta uma distância de 200 km e ainda o caos do trânsito urbano. Perde-se praticamente um dia de trabalho só com deslocamento. Toda semana temos motorista para pegar cliente ou fornecedores no Aeroporto do Recife. Com a vinda de novos voos para Caruaru, aumenta a facilidade de chegar e sair”, afirma o empresário Arnaldo Xavier.

Com combustível, diária de motoristas e alimentação, o custo atual chega a ser praticamente o mesmo do valor atualmente cobrado pela Azul por trecho, segundo Xavier, mas o ganho em tempo é bastante superior. “Fazer o trajeto Caruaru-Recife com logística de pessoas e encomendas rápidas pode complementar o leque que Caruaru dispõe. Já olhamos adiante, pensando num segundo momento em voos para Petrolina, Salvador, Fortaleza…”, corrobora o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), Luverson Ferreira.

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