Além do rural, ecológico e de aventura, Bonito oferece também o turismo histórico. A "responsável" por isso é a Pedra do Rodeadouro, onde em 1820 houve um movimento sebastianista, considerado o primeiro do país por alguns historiadores. Esse fato será contado na matéria do programa Cores e Sabores de Bonito, confere.
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Movimento sebastianista
Que as famosas quedas d’água não fiquem com ciúme, mas outras águas já rolaram no passado para marcar Bonito na história de Pernambuco e do Brasil. Tudo por conta da Pedra do Rodeadouro que também é um dos cartões postais da cidade e foi palco de um movimento sebastianista em 1820. Antes de tudo é bom explicar. O sebastianismo nada mais é do que um movimento profético surgido em Portugal depois do desaparecimento do rei Dom Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, na África. Como dizem que ninguém o viu morrer ou o suposto corpo nunca foi encontrado nasceu a crença do retorno dele para salvar o reino.
O que se chama sebastianismo, em termos gerais, é a convicção na chegada de um enviado divino, um messias para trazer paz e justiça. No Nordeste brasileiro esta crença assumiu características próprias ao unir elementos do imaginário popular com o fanatismo religioso. São considerados exemplos desses movimentos sebastianistas/messiânicos na região o da Pedra Bonita, em São José do Belmonte (1836-1838) e o de Canudos, na Bahia (1893-1897).
Todavia, antes deles, em 1820, houve a Tragédia do Rodeador que sufocou o “Paraíso Terreal” fundado em Bonito. “Foi um fato ímpar na história luso-brasileira. Primeiro, porque foi anterior ao famoso sebastianismo da Pedra do Reino, imortalizado no romance de Ariano Suassuna, e ao messianismo de Canudos, eternizado por Euclides da Cunha. De fato, o Rodeador não teve seu literato, mas teve seu povo, luta, enfim, história. Essa que se recusou a ficar esquecida nos arquivos empoeirados. A história dos inúmeros severinos, “iguais em tudo na vida”, que fundaram, nem que seja por um ínfimo momento, seu paraíso”, afirmou o doutor em letras e pesquisador Lindoberg Campos.
De acordo com os relatos, a comunidade foi criada por Silvestre José dos Santos, “Mestre Quiou”, um desertor das milícias locais vindo de Alagoas, que ao chegar na área em 1811 começou a profetizar o retorno de Dom Sebastião no local e arregimentou centenas de seguidores. Era alimentada a crença de que em uma das encostas da Pedra do Rodeador sairia Dom Sebastião comandando um fabuloso exército para libertá-los da opressão e defendê-los do mal. “Por trás da questão sebastianista existia os gritos, os suplícios sociais daquelas pessoas humildes e tão sofridas”, disse o professor e historiador de Bonito, Marcos Silva.
No local, foi fundado o chamado “Paraíso Terreal” com uma ordem social própria. “O Paraíso Terreal se materializava à medida que sei povo não se sentia desprezado. O camponês percebeu que não era necessário morrer para buscar o tão acalentado paraíso prometido pelos padres. Naquele espaço delineou seu paraíso, uma cidade projetada nos seus sonhos”, escreveu o historiador Flávio Cabral, no seu livro “Paraíso Terreal: A rebelião sebastianista na Serra do Rodeador, Pernambuco – 1820”.
No entanto, a notícia do ajuntamento chegou até então governo de Pernambuco que temendo ser um movimento contra a Coroa mandou tropas para dizimar o local. Na madrugada do dia 26 de outubro de 1820, elas invadiram o arraial e mataram quase cem homens, cujos corpos foram queimados em fogueiras pela manhã. Este fato teria sido citado pelo príncipe D. Pedro, futuro Imperador do Brasil, em um manifesto de 1º de agosto de 1822 dirigido à nação, quando escreveu: “Recordai-vos, pernambucanos, das fogueiras do Bonito”.
Para não apenas recordar, mas marcar na história do Estado o movimento, que completou 200 anos no ano passado , foi criado o Instituto Serra do Rodeador, localizado no Hotel Fazenda Engenho Pedra do Rodeadouro, onde fica o ponto turístico/histórico. No local, existem vários quadros e peças de cerâmica sobre o fato histórico.