Um dos autores pernambucanos mais importantes da segunda metade do século 20, Gilvan lemos completaria 92 anos nesta quarta-feira (1°) se estivesse vivo. Nascido em São Bento do Una, no Agreste de Pernambuco, ele começou a escrever quando se mudou para o Recife, aos 21 anos. Em homenagem à data de nascimento do autor, a Cepe Editora anunciou que irá reeditar o romance Morcego Cego, originalmente lançado em 1998.
No catálogo da Cepe já se encontram seis obras de Gilvan Lemos: Os Olhos da Treva, O Anjo do Quarto Dia, Emissário do Diabo, Jutaí Menino, Noturno Sem Música e Espaço Terrestre. Morcego Cego, o próximo livro a ser publicado, narra a vida de um personagem, Juliano, que é tomado pelo ódio, pela ambição e pelo desejo de deixar para trás o seu passado. Uma obra densa cujo foco gira em torno dos conflitos internos do protagonista.
Para o editor da Cepe, Diogo Guedes, "é difícil pensar a trajetória da prosa pernambucana no século 20 sem passar pela obra de Gilvan Lemos, um autor cuidadoso com a linguagem, crítico da realidade social, mas antes de tudo, um exímio narrador.” A data do lançamento do livro ainda não foi divulgada.
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Além das obras do próprio autor, a Cepe lançou em 2017, pela coleção Memória, a biografia Gilvan Lemos - O Último Capítulo, escrita por Thiago Corrêa. "É um dos grandes escritores que a gente já teve, muito famoso pelos seus romances, mas como leitor eu fiquei mais impressionado pelos seus contos. Ele lamentava o pouco reconhecimento dado à sua obra. Talvez essa reclamação fizesse parte do personagem que criou para ele mesmo. Quando saía com os amigos mais ouvia do que falava", afirma o biógrafo.
Tendo sido considerado um autor mais recluso e discreto, Gilvan Lemos publicou em vida 25 livros, entre romances, contos e novelas e foi ocupante da cadeira de número 26 da Academia Pernambucana de Letras em seus três últimos anos de vida, de 2012 a 2015.. Sua obra teve uma grande circulação nacional e o reconhecimento de seus pares. Para Raimundo Carrero, Gilvan Lemos fez parte do movimento pós-regionalista, que antecedeu o Armorial - o qual o próprio Carrero integrou - e foi responsável por renovar a ficção pernambucana nos anos 1970.