Mais antigo maracatu de baque solto em atividade ininterrupta no Brasil, o Cambinda Brasileira é símbolo de reinvenção e resistência. Para celebrar e contribuir com o registro da memória do brinquedo centenário, o fotógrafo Heudes Regis e a jornalista e pesquisadora Adriana Guarda convidam o público a imergir no universo do baque solto a partir do livro Festa no Terreiro Mágico: 100 anos do Cambinda Brasileira, que será lançado neste domingo (13), às 15h, em debate ao vivo na página do Facebook do projeto (facebook.com/festanoTerreiroMagico).
Segundo os autores, o livro de arte-reportagem tem como objetivo aproximar o leitor do universo encantador do baque solto, a partir da perspectiva de um de seus mais simbólicos representantes. “Não tivemos a pretensão de contar a história oficial do maracatu, nem no texto nem nas imagens. O que queremos com essa publicação é aproximar as pessoas do maracatu de baque solto e da singularidade do Cambinda Brasileira. Queremos convidar o leitor a entrar na sambada, a participar da festa e perder um pouco do ‘olhar estrangeiro’ para a brincadeira”, conta Adriana.
Festa no Terreiro Mágico: 100 anos do Cambinda Brasileira é um desdobramento da já publicada revista Não deixem o brinquedo morrer: Memória dos 100 anos do Cambinda Brasileira (2019), realizada pelo fotógrafo Heudes Regis e pela jornalista Adriana Guarda. Através da vivência do casal ao longo de quatro anos de intensa vivência no terreiro do Cambinda Brasileira, a obra lança um olhar sobre a história do maracatu e das pessoas que compõem este rico brinquedo em seu cotidiano, para além do recorte dos dias de Carnaval. Histórias como a de mestres e caboclos que já passaram pelo Cambinda ou que ainda hoje brincam no maracatu, como o caboclo mais antigo, a madrinha espiritual e os herdeiros do brinquedo.
A narrativa visual vai além do colorido das fantasias dos enigmáticos caboclos de lança. Segundo Heudes Regis, a proposta foi desmistificar o imaginário de que o baque solto só acontece no Carnaval e retratar o Cambinda pela força de cada folgazão nos bastidores da brincadeira. “Nós somos levados a crer que o maracatu é uma manifestação exclusiva do Carnaval, mas isso não é verdade. O baque solto ocorre durante todo o ano e faz parte do dia a dia dessas pessoas. Por isso, o ensaio fotográfico conta o universo da brincadeira antes e depois desse período de festa”, afirma. Outra forma encontrada pelo autor para transportar leitor-espectador para o universo do baque solto foi a escolha da fotografia em preto e branco para a maior parte dos registros das sambadas: “Sem o colorido, os arquétipos, os movimentos tortos e quebrados se sobressaem e se deixam perceber”.
O texto foi dividido em cinco capítulos, trazendo particularidades do Cambinda Brasileira, mas sem se desviar do contexto mais amplo do baque solto. Os textos de Adriana Guarda tratam da história, religiosidade, musicalidade, do aspecto simbólico-visual e do conceito sociocultural. Cada um dos capítulos é aberto por histórias de pessoas que fazem ou fizeram parte do maracatu ao longo de sua trajetória centenária.
Além da disponibilização gratuita de uma versão em PDF, o livro contará ainda com distribuição de exemplares físicos para entidades de cunho socioeducativo e para próprio maracatu. Os autores já sonham, agora, em contar outras narrativas. “Durante a pesquisa, gravamos mais de 30 horas de áudios de entrevistas, fizemos mais de 10 mil fotografias e transcrevemos aproximadamente 500 páginas de depoimentos. São tantas histórias que não cabem em apenas um livro, pensamos em realizar outros produtos, como exposições e até mesmo um filme”, finaliza.
SERVIÇO
Lançamento do livro "Festa no Terreiro Mágico: 100 anos do Cambinda Brasileira", com debate ao vivo entre os autores Heudes Regis e Adriana Guarda e a presidenta do maracatu, Edlamar Lopes.
Quando: Domingo (13/12), às 15h
Onde: Página oficial do projeto: Facebook.com/FestanoTerreiroMagico
Com disponibilização gratuita da versão em pdf do livro.