O dia 13 de janeiro de 2011 ficou marcado na memória de quem foi ao Centro de Convenções, na divisa entre o Recife e Olinda. Ali, Amy Winehouse, considerada uma das maiores vozes da música internacional, se apresentava pela primeira e última vez em Pernambuco. Principal atração do Summer Soul Festival, que contou ainda com a então iniciante Janelle Monae e com o cantor Mayer Hawthorne, a diva britânica apresentou seus maiores sucessos para uma plateia entusiasmada de fãs.
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Quando a vinda de Amy Winehouse ao Brasil foi anunciada, a animação do público em ver de perto uma apresentação da ganhadora do Grammy estava misturada com o receio por sua saúde por conta da longa e documentada batalha da artista com seu vício em drogas. Vários registros de apresentações nos anos anteriores mostravam Amy debilitada, muitas vezes sem condições de prosseguir os shows. Pelo menos desde 2008, ela já vinha tentando cuidar da saúde, internando-se em clínicas de reabilitação.
Além do Recife, a cantora se apresentou em outras cidades brasileiras: Rio de Janeiro, Florianópolis e São Paulo. Na capital pernambucana, os cerca de 12 mil fãs encheram o Centro de Convenções e era clara a ansiedade para ouvi-la entoar sucessos como Rehab, You Know I'm No Good e Love Is a Losing Game. Quando ela entrou no palco, os gritos eram ensurdecedores.
Ao longo de 1h20, Amy Winehouse mostrou que sua voz era mesmo um instrumento único, capaz de evocar os sentimentos mais profundos e genuínos. Porém, a cantora também parecia exausta fisicamente e emocionalmente drenada. Ela interagiu com os fãs, tentou se divertir no palco, mas era clara a sua fragilidade.
Em uma tentativa de rodopiar, caiu no chão, sendo ajudada por um dos membros de sua banda. Amy também esqueceu algumas letras, parecia confusa em vários momentos, inclusive com saídas repentinas do palco. O público, no entanto, foi ao delírio, exemplificando a já conturbada relação dos fãs com a cantora - quase que fetichizando sua fragilidade física e emocional.
O estado de saúde da artista se debilitaria ainda mais nos meses seguintes, culminando com sua morte em 23 de julho daquele mesmo ano, aos 27 anos, por intoxicação alcoólica. A apresentação no Recife, apesar de errática, foi uma oportunidade única do público pernambucano de presenciar um dos talentos mais espetaculares da música internacional, cujas interpretações viscerais habitam o imaginário coletivo até hoje.