O humorista Whindersson Nunes anunciou, nesta quinta-feira (14), no Twitter, a doação de 20 cilindros de 50 litros de oxigênio para unidades da rede pública de saúde de Manaus, capital do Amazonas. Por falta do insumo, alguns pacientes internados com covid-19 na cidade morreram por asfixia, segundo relatos de médicos.
>> Brasil pede avião aos Estados Unidos para transportar oxigênio para Manaus
>> Enfrentando alta de mortes, Manaus instala câmaras frigoríficas em cemitério
>> Com hospitais lotados e falta de oxigênio em Manaus, Amazonas anuncia toque de recolher
Na publicação, Whinderson também cobrou ajuda dos amigos artistas. "Providenciando 20 cilindros de 50 litros de oxigênio para distribuir nas unidades mais urgentes de Manaus. Alô, meus amigos artistas! Na hora de fazer show é tão bom quando o público nos recebe com carinho, não é? Vamos retribuir?", escreveu.
Rede de saúde em colapso e sem oxigênio
Com a rede de atendimento em colapso e sem oxigênio para tratamento da covid-19, o Amazonas terá de transferir parte dos seus pacientes a outros Estados. Segundo o governo local, no primeiro momento, 235 pacientes serão enviados a hospitais do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás e Distrito Federal.
Há estimativa de que até 750 pessoas tenham de deixar Manaus para serem atendidas em outros locais. Mais cedo, em entrevista à imprensa, o governador Wilson Lima (PSC) afirmou que o Amazonas vive "o momento mais crítico da pandemia, algo sem precedente". No ano passado, as redes de saúde e funerária do Estado já colapsaram.
A crise se agravou nos últimos dias pela falta de oxigênio em unidades de saúde. Há ainda variante do novo coronavírus circulando no Estado.
O secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, disse à imprensa que o consumo diário de oxigênio teve um pico de 30 mil metros cúbicos em 2020. Neste mês, o pico de consumo foi de 70 mil metros cúbicos num só dia.
O governo federal irá apoiar a transferência dos pacientes, em aviões militares. O secretário nacional de Atenção Especializada em Saúde, Franco Duarte, disse que serão transferidos pacientes com quadros "moderados", que exigem uso de oxigênio, mas têm ainda condições de serem transportados.
Em nota, o governo do Amazonas afirma que, na noite de quarta-feira, 13, "a empresa fornecedora da maior parte dos gases medicinais à rede pública estadual oficializou 'dificuldades em relação à execução do plano logístico para a entrega de insumos e a alta demanda que vinha ocorrendo' na rede pública de saúde".
Mortes por asfixia
Com a nova explosão de casos de covid no Amazonas, o estoque de oxigênio acabou em vários hospitais de Manaus nesta quinta-feira, 14, levando pacientes internados à morte por asfixia, segundo relatos de médicos que trabalham na capital amazonense.
O Hospital Universitário Getúlio Vargas, ligado à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ficou cerca de quatro horas sem o insumo na manhã desta quinta, o que gerou desespero entre os profissionais, segundo relatou ao jornal O Estado de S. Paulo uma médica da unidade, que não quis de identificar.
O número de sepultamentos em Manaus quintuplicou em um mês, segundo dados divulgados pela prefeitura. Na quarta-feira, 198 enterros ocorreram na capital, dos quais 87 tinham confirmação para covid-19 e sete eram de casos suspeitos. Em 13 de dezembro foram 36 óbitos, seis com resultado positivo para o vírus. Isto representa um aumento de 450%.