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Embora mais curta, nova temporada de 'Segunda Chamada' se mostra forte e necessária

Série estrelada por Debora Bloch, Paulo Gorgulho e grande elenco chama atenção pela visceralidade e urgência das pautas abordadas na trama

Cadastrado por

Robson Gomes

Publicado em 20/09/2021 às 17:35
Nova temporada de 'Segunda Chamada' traz a professora Lúcia (Debora Bloch, centro) lidando com alunos em situação de rua - MAURICIO FIDALGO/TV GLOBO

Desde o último dia 10, está disponível na plataforma Globoplay a segunda temporada da série nacional Segunda Chamada. Protagonizada por Debora Bloch, Paulo Gorgulho e grande elenco, a produção já havia chamado a atenção do público positivamente desde a sua estreia em 2019, ao expor os dramas do ensino noturno de jovens e adultos da fictícia Escola Estadual Carolina Maria de Jesus, na Grande São Paulo.

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Diferente da primeira temporada, quando teve 11 episódios, o novo ciclo traz apenas seis. Todavia, com a trama mais enxuta, o seriado criado por Carla Faour, Julia Spadaccini e Jo Bilac parece ter ganho mais força e impacto para expor suas mensagens sociais, que se revelam tão necessárias no nosso País atualmente.

Na sinopse da nova temporada, dirigida por Joana Jabace, as poucas matrículas não são suficientes para manter os portões abertos e é preciso um milagre para que os estudantes não voltem para casa sem o tão sonhado diploma. O diretor Jaci (Gorgulho) não encontra solução para o problema e se vê obrigado a comunicar aos colegas que não há mais nada a ser feito, deixando silenciosa a pequena sala dos professores. Angustiados com a notícia, os educadores parecem não acreditar que foram em vão os anos de luta contra a péssima infraestrutura, a falta de reconhecimento e o cansaço extremo, tudo em prol da educação. Como desistir quando o objetivo de educar jovens e adultos ainda está longe de terminar?

Ao abordar as "segundas chances" na trama, Segunda Chamada agrada em todos os aspectos. A começar pelo elenco, que entrega uma atuação visceral, que sobressalta desde os protagonistas como a professora Lúcia (Bloch), Marco André (Silvio Guindane), Eliete (Thalita Carauta, que segue surpreendendo no drama), bem como os alunos - inclusive os novatos [como Ângelo Antônio (Hélio) e Rejane Faria (Neia) -, que na história, são pessoas em situação de rua. Além disso, a participação de Moacyr Franco, como Seu Gilsinho, emociona o público de todas as idades ao interpretar um aluno com Mal de Alzheimer.

A urgência das pautas sociais abordadas na série, junto à força do texto escrito por Faour e Spadaccini, também tem o dom de comover o espectador, tamanha a verossimilhança com a realidade. Junto a própria decadência do ensino público - o cerne da trama - principalmente para os jovens e adultos, a produção consegue abordar a inclusão LGBTQIA+, de pessoas com deficiência, alcoolismo, a causa indígena, a marginalidade social, e ainda, a violência doméstica, responsável por um momento importante desta segunda temporada, principalmente nos dois últimos episódios.

A atuação dos pernambucanos Hermila Guedes e Pedro Wagner também são pontos positivos na trama. Enquanto a personagem de Hermila acaba sendo decisiva para esta temporada, se destacando pela sensibilidade e coragem da professora vítima de violência doméstica pelo ex-marido Carlos (Otávio Muller), Pedro Wagner faz sua estreia na série como Valdinei, um morador de rua que faz de tudo para ser um exemplo para seu filho Tatu (Matheus de Jesus). O penúltimo episódio, em que a relação pai e filho entra em evidência, é um dos pontos altos da história.

Fazendo um bom paralelo da degradação da escola física com os dramas de cada membro da escola, seja professores ou alunos, o fato é que esta nova temporada de Segunda Chamada se revela urgente e necessária para refletir, não só sobre a educação pública em si, mas sobre o tipo de sociedade que estamos construindo para o futuro do País, que se revela doente e intolerante para crianças e adultos. Vale (muito) a pena conferir.

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