Cirandeira mais famosa do Brasil, Lia de Itamaracá lançou, nesta terça-feira (16), um single em parceria com o produtor musical André Moraes, responsável pela trilha sonora do longa-metragem "Lisbela e o Prisioneiro" (2003). "Mar de Fogo" é uma faixa singular, em que o canto da pernambucana rompe o silêncio sobre batidas de atabaque, evocando forças espirituais das entidades.
"Para chegar aqui, atravessei um mar de fogo. Pisei no fogo, o fogo não me queimou", canta Lia. O lançamento ocorre no Dia Nacional da Umbanda. O single, que chegou nas plataformas de streaming pelo selo Dutra, ainda ganhou um videoclipe com participação de Zezé Motta, Silvero Pereira e Bloco Ilú Oba de Min.
O encontro entre André Moraes e Lia de Itamaracá se deu por meio de uma amiga em comum. "Essa música representa, pra mim, uma corrente de fé", comenta a cantora, conhecida por levar adiante a cultura popular, principalmente por meio da ciranda.
"É de potência e de resistência. Junta-se tudo e eu enfrento essa barreira pesada todinha", ela adiciona. O produtor brasiliense, por sua vez, deixa a sua marca com caminhos sonoros imprevisíveis, mas que se mostram totalmente azeitados à primeira audição. "A construção dessa música foi bem visual, como se fosse uma pessoa atravessando, mesmo, um mar de fogo", afirma André Moraes.
A partir do atabaque inicial, a canção passa pelo funk, por orquestra e cordas que desembocam em um heavy metal. "A gente está passando por um momento crítico e muito pesado socioeconômico, cultural e sanitário, principalmente no Brasil. Estamos nesse mar de fogo e nós vamos atravessá-lo. Essa é a principal mensagem da música", ele comenta.
Durante esse período crítico, a Umbanda tem sido um pilar de equilíbrio na vida de André Moraes, por isso "Mar de Fogo" é lançada no dia em que se celebra a religião afro-brasileira. O caráter agregador da religião, inclusive, se faz presente no videoclipe da faixa, que reúne Bruno Garcia, Daúde, a deputada Renata Souza e Vanessa Pascalle.
"Essa música traz uma parte espiritual maravilhosa, traduz uma força total de umbanda, candomblé, como uma ciranda que junta toda matéria espiritual", define Lia. "Os Exús todos se juntam ali e se forma uma corrente de fé", finaliza.