BREGA

Dia do Brega: artistas comemoram e pedem valorização do Patrimônio Cultural do Recife

Nesta segunda-feira (14), comemora-se o Dia Municipal da Música Brega, gênero considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Capital Pernambucana

Cadastrado por

Bruno Vinicius

Publicado em 14/02/2022 às 16:49 | Atualizado em 15/02/2022 às 13:55
Vários artistas se reuniram no Mercado de São José para fazer uma pequena homenagem ao brega e a Reginaldo Rossi. - DAY SANTOS/JC IMAGEM

Nesta segunda-feira (14), comemora-se o Dia Municipal da Música Brega, gênero considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Capital Pernambucana. Como uma forma de celebrar a cultura brega, artistas se reuniram no Mercado de São José, no Centro do Recife, como uma forma de celebração ao gênero. Cantores e grupos de diferentes gerações do ritmo estiveram presentes no evento improvisado, organizado pela cantora Palas Pinho, como uma forma de demarcar a presença do gênero no calendário cultural da Capital Pernambucana. Entre convidados, estiveram as Amigas do Brega, Sedutora, Waguinho, Elisa Mel, André Viana, Walter de Afogados e Crislayne Mendes. 

Com longo histórico de luta pela inclusão do brega no calendário festivo da Cidade, a data foi sancionada em lei pelo ex-prefeito Geraldo Júlio, em abril de 2018, como uma forma de instituir o gênero nas comemorações do município. A data escolhida foi o aniversário de Reginaldo Rossi, considerado o "Rei do Brega", nasceu no dia 14 de fevereiro de 1943. O cantor faleceu em dezembro de 2013, entretanto, o seu legado do reinado tem permanecido com as recentes conquistas para o gênero nas políticas públicas municipais e estaduais.

Para além da data comemorativa, há outros marcos importantes para o movimento cultural pernambucano. Em julho de 2021, também foi sancionada uma lei que garante o brega como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife - considerada uma forma de salvaguardar a expressão como um todo. "O movimento cultural do brega pernambucano é um dos mais fortes que existem. Além de tudo, é autossuficiente, porque não depende de um determinado ciclo para sobreviver. O que a gente está na luta é para ser valorizado e ser reconhecido como cultura. E agora foi reconhecido pela Prefeitura do Recife como patrimônio", explica Palas Pinho, que foi a organizadora do evento.

O local foi escolhido pela força e penetração cultural que o brega tem entre as camadas mais populares. "Ainda não teve uma celebração digna dessa conquista (o reconhecimento como patrimônio), porque nós sonhamos com um marco, que é um dia dedicado ao brega no Marco Zero do Recife, que é no coração do Recife. Enquanto isso não acontece, a gente está aqui, porque o brega é periferia, mas não se resume à ela. Agora é ele de todos. Ele atinge todas as classes, a galera de Recife e Pernambuco respira o brega, porque é um movimento é genuinamente nosso", disse Palas Pinho, uma das integrantes do grupo Amigas do Brega.

Uma das representantes do gênero, com uma carreira no brega há mais de 20 anos, Eliza Mell pediu a valorização do movimento. "Nós precisamos de políticas públicas. Quem trabalha com isso sabe da importância. Nós precisamos de políticas públicas, porque muitos artistas vivem disso, além do brega, com a música como um todo. Olhem mais para a gente. O brega me transformou em muitos sentidos. Eu sou o que sou pelo brega, eu canto desde os 20 anos. Eu era da igreja, então o brega me transformou de tal maneira que eu não consegui mais sair. Ele me transformou e não sai mais da minha vida", enfatiza a cantora, que alcançou o sucesso a partir da banda Brega.com.

Com uma carreira de mais de 50 anos e um legado com composições importantes para várias gerações do brega, Walter de Afogados também enfatizou a importância dos artistas do gênero no calendário cultural recifense. "Os órgãos, como Prefeitura e Governo do Estado, deveriam respeitar mais os artistas pernambucanos. Você vê, por exemplo, um Carnaval do Recife e os artistas de fora com um preço lá em cima e a gente aqui com o precinho lá embaixo. E a demora que você leva para receber esse dinheiro. Precisa-se valorizar mais os artistas pernambucanos", frisou.

Gerações mais recentes

Apesar de gerações distintas, artistas mais antigas e mais novos da cena compartilham as mesmas visões sobre as contribuições culturais do movimento para o Estado. Um deles é Ellyson Marques, vocalista da Banda Sentimentos, grupo que voltou a dar força ao brega romântico em Pernambuco. "O Brega é um gênero musical que colore e caracteriza as periferias da nossa cidade, é uma das principais composições da nossa cultura musical e que dá uma identidade única à Recife. Ter a oportunidade de trabalhar na música brega contribuiu para grandes conquistas e realizações pessoais e profissionais, pra mim e minha família", aponta o cantor.

"Apesar da ascensão que nosso ritmo vem ganhando, ainda há certa escassez de espaço em canais midiáticos como grandes TVs, rádio e canais em Internet, e até no plano cultural do nosso próprio estado, onde pouco se vê artistas do ritmo nos grandes eventos locais", complementa o artista, como uma forma de reivindicar mais espaços para os artistas da classe.

Uma das revelações recentes do último, a cantora Grazi Almeida diz que deveria ter mais união no movimento. "Eu acho que para o brega ser mais valorizado a gente deveria se unir. Para mim, de verdade, é a união entre os artistas. Podemos ver que no pagode, por exemplo, se juntam para fazer um grupo massa. Mas os cantores de brega precisam de mais união para serem mais valorizados", disse a artista.

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