A contratação do cantor Gusttavo Lima pela Prefeitura de São Luiz, município do Sul de Roraima, pelo valor de R$ 800 mil causou grande repercussão nas redes sociais nesta semana. A cidade tem apenas 8232 habitantes, de acordo com o IBGE, e o segundo menor Produto Interno Bruto de todo o estado de Roraima.
É como se cada habitante desse R$ 100 pelo show. O Ministério Público de Roraima, então, iniciou uma investigação sobre a contratação para saber de onde saíram os recursos para custear o evento e se haverá algum retorno para o município.
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Além de Gusttavo Lima, outros cantores nacionalmente conhecidos devem se apresentar na vaquejada, que está prevista para ocorrer em dezembro deste ano. Cesar Menotti e Fabiano e Almeida são algumas das atrações já confirmadas. Somando os gastos com os artistas e a estrutura, o evento deve custar R$ 3 milhões ao município.
CPI do Sertanejo
O valor do cachê de Gusttavo Lima neste pequeno município só veio à tona porque, nas últimas semanas, os custos que cantores sertanejos causam aos cofres públicos de pequenas cidades se transformaram numa tendência nas redes sociais.
Tudo começou porque Zé Neto, da dupla Zé Neto e Cristiano, usou usou de um show em Sorriso, no interior do Matro Grosso, para criticar Anitta. Em vídeo que circulou nas redes sociais, o cantor ironiza a tatuagem íntima de Anitta e ressalta que "não depende" da Lei Rouanet. "O nosso cachê quem paga é o povo", disparou.
Com a repercussão do caso, o jornalista Demétrio Vecchioli trouxe à tona o quanto a dupla sertaneja recebe de prefeituras em shows, sem licitação. Na própria cidade de Sorriso, no Mato Grosso, a dupla recebeu R$ 400 mil. Já em Itabaiana, São Paulo, Zé Neto e Cristiano receberam R$ 250 mil. Somando, o valor totaliza aproximadamente R$ 3 milhões.
Zé Neto & Cristiano atacam quem capta recursos da Lei Rouanet, federal.
Mas eles vivem de receber muito dinheiro de prefeituras pequenas, sempre sem licitação.
Alguns exemplos no fio:— Demétrio Vecchioli (@Olhar_Olimpico) May 14, 2022
Internautas apontam que, apesar das críticas à Lei Rouanet (que é uma lei de incentivo fiscal, não transferência direta dos cofres públicos), cantores como Zé Neto usufruírem de fortunas de pequenas cidades, muitas vezes carentes de serviços públicos de qualidade.
Após tantas críticas, o próprio Zé Neto pediu desculpas à Anitta. A devassa em diários oficiais de pequenos municípios, que já chegaram a Gusttavo Lima, podem continuar.