A cantora Joelma está prestes a ser intimada a pagar uma indenização que é desdobramento de um acidente do avião da Banda Calypso no Recife, ocorrido em 2008. Quem entrou na justiça para receber esse pagamento foi uma recifense que teve parte de sua casa destruída pelo incidente.
A da 5ª Vara Cível da Capital do Tribunal de Justiça de Pernambuco deu cumprimento de sentença favorável a Adriana Tibúrcio de Souza desde 2017. O processo tramita na justiça desde o ano de acidente.
Inicialmente, o pedido de indenização estava sendo feito à JC Shows Ltda, antiga empresa de Joelma e Chimbinha. Como essa empresa se tornou insolúvel diante da separação do casal, que briga pelos bens, o advogado Henrique José Felix de Lima entrou com um pedido de desconsideração de personalidade jurídica, fazendo com que Joelma Mendes respondesse pelo processo.
"Desse modo, determino que a Diretoria Cível expeça o competente mandado de citação à segunda ré, Joelma da Silva Mendes", diz o despacho proferido pela juíza Kathya Gomes Velôso neste ano.
Até 2017, o valor solicitado à JC Shows era de R$ 61.519,03. De acordo com o advogado de Adriana, o valor já passa de R$ 130 mil na atualidade - com os percentuais de honorários, multas de execução e correção monetária.
Joelma, que está rodando o Brasil com a turnê "Isso é Calypso", seria citada no caso após ser intimada durante vinda ao Recife no último final de semana, para show no Forrozão do Galo. Como o evento foi adiado, essa intimação ainda não ocorreu
Procurada pela reportagem, a assessoria da artista se resumiu em informar: "Esse processo está inserido na liquidação da Banda Calypso para pagamento."
Entenda como foi o acidente
Em 23 de novembro de 2008, um avião bimotor de pequeno porte pertencente à Banda Calypso caiu no bairro de San Martin, na Zona Oeste do Recife. Ele levava oito passageiros e dois tripulantes de Teresina (PI) para o Recife.
Dois passageiros morreram. Apesar do avião pertencer ao grupo, nenhum músico estava no voo. De acordo com notícias da época, a aeronave chegou a roçar uma das hélices no telhado de uma casa antes de cair.
Recifense diz que nunca recebeu indenização
Adriana Tirbúcio de Souza, que é a exequente do processo, afirma que teve sua casa "partida" pela metade pelo impacto dessa queda.
"A residência que eu morava era alugada. Na época, estava trabalhando e quem estava na minha casa era minha filha", diz Adriana Tibúrcio, que é técnica de enfermagem. A sua filha não teve ferimentos com o acidente.
"Quando o piloto fez a aterrissagem, ele levou a minha casa pela metade. Era um prédio com dois andares, sendo o meu o do topo. Ele saiu levando todos os meus móveis, tudo o que era meu foi destruído. Tive de sair de lá e ir morar na casa da minha tia, no Pina, para reconstruir minha vida", diz a recifense.
De acordo com o advogado Henrique de Lima, a Banda Calypso recebeu de uma seguradora um valor de R$ 6 milhões pela queda do avião. Cerca de R$ 2 milhões foi destinado para indenizações das vítimas fatais e de moradores prejudicados.
Adriana Tibúrcio afirma que, na época, os advogados da JC Show a ofereceram R$ 5 mil para acobertar a destruição do seu domicílio.
"Eu disse que tudo o que eu perdi não valia apenas R$ 5 mil. Sugeri que eles comprassem as mesmas coisas que eu tinha, das mesmas marcas", conta. "Eles disseram que eu era 'muito cheia de direito' e decidiram que não iam me dar mais nada, que eu me virasse. Foi quando meu advogado entrou com a ação", explica.
Vítimas e feridos do acidente
Morreram no acidente Gilberto Silva, 46 anos, produtor da banda Calypso e passageiro da aeronave, e o piloto Eurico Pedroso Júnior.
Entre os feridos estavam o deputado federal Eduardo da Fonte (PP), Rogério Paes Silva, produtor da banda Calypso, e o empresário Valmir João de Oliveira.
O então superintendente-adjunto do Metrô do Recife (Metrorec), Davidson Tolentino, também estava na aeronave.