O Cinema São Luiz, símbolo de resistência do cinema de rua no Centro do Recife, voltou a ganhar destaque nas redes sociais e na imprensa na última segunda-feira (20), após uma carta aberta do cineasta Kleber Mendonça Filho.
O artista, que realiza na sala o festival Janela Internacional de Cinema, criticou as recentes demissões de funcionários do espaço, incluindo a exoneração do programador Luiz Joaquim, em janeiro.
O Cinema São Luiz foi fechado para uma reforma realizada pela Secult-PE/Fundarpe ainda no final do governo de Paulo Câmara, em maio de 2022. A sua reabertura, no entanto, vem sendo adiada.
"Às vezes eu acho que o São Luiz, e o trabalho ali feito, impressionam tanto que muitos parecem achar que esse cinema é mágico, que vive de oxigênio e anda sozinho. O São Luiz é como uma pessoa idosa, que exige cuidados especiais, que precisa de dinheiro para sobreviver, que precisa de respeito e de amor", disse a carta de Kleber Mendonça.
O que diz o Governo de Pernambuco?
Em nota para a reportagem, a Secult-PE/Fundarpe ressaltou que o Cinema São Luiz foi fechado pelo governo anterior para a "para a implantação de um novo sistema de refrigeração, correção de problemas de vazamento de cobertura e redimensionamento das suas instalações elétricas".
"Após chuvas torrenciais ocorridas no Recife no último mês de fevereiro, porém, o equipamento precisou ser totalmente interditado por medida de segurança", informa a nota.
"Na ocasião, houve vazamento generalizado no sistema de captação de chuva do telhado do equipamento cultural, acarretando um transbordamento de calhas e colapso no sistema de esgotamento de águas pluviais, com consequente comprometimento de pontos da fixação do forro em gesso ornamentado, que agravaram o risco de desprendimento de partes dessas peças".
A Fundarpe reforçou "que já está em elaboração um projeto de reestruturação que vai permitir, após processo licitatório para execução das obras, o redimensionamento das tubulações do sistema de esgotamento de águas pluviais (tubulações e calhas, rufos e cumeeiras) e reforço do sistema de fixação do forro em gesso. Apenas depois disso será possível reabrir o cinema".
Sobre as demissões, a Fundarpe afirmou reconhecer a "importância dos prestadores de serviços terceirizados para o equipamento". No entanto, informou que "justamente devido à necessidade de realização de obras estruturais no local e à inadequação do orçamento planejado pelo governo anterior, aqueles que desempenhavam funções inerentes à operação do cinema precisaram ser desligados".