O Clube de Alegoria e Crítica O Homem da Meia-Noite, uma das entidades mais tradicionais do carnaval pernambucano, prestará uma homenagem aos povos originários, fundamentais para a nossa cultura e formação, em seu desfile no Sítio Histórico de Olinda em 2024. Neste ano, o evento ocorre no dia 10 de fevereiro.
Com o tema "Terra Indígena", o Calunga gigante passará pela capital e interior para resgatar os valores de preservação, coletividade e respeito à ancestralidade, através da sabedoria dos povos originários.
No Recife, o Clube foi até o bairro de Água Fria, na Zona Norte do Recife, onde fica a sede do Caboclinho 7 Flexas, que desde 1971 representa a linha da jurema que resgata as belas e tradicionais expressões do Carnaval de Pernambuco.
É da mistura de sons do baque do caboclinho, da pisada e do ritmo indígena que surge o segundo homenageado: Marron Brasileiro, natural do bairro da Mustardinha, onde começou a sua história. Da banda Alcano até a Banda Versão Brasileira, Marron encantou os pernambucanos e o Brasil com músicas como "Deusa de Itamaracá" e "Galera do Brasil".
"Me sinto muito feliz e honrado. A palavra que posso descrever nesse momento chama-se gratidão. E tenho 44 anos de carreira. E posso falar para vocês do fundo do coração: esse convite, essa homenagem, eu divido com todos os povos originários", disse Marron, em evento realizado na sede do Clube nesta quarta-feira (8).
"Lá atrás, há quase 30 nos, o primeiro clipe que foi feito para a TV, foi exatamente com o pessoal do 7 Flechas. E hoje toda essa nação, eu abaixo a cabeça e reverencio pela luta constante pela terra, por ter o seu espaço, por tudo o que é mais justo."
Agreste
Da capital para o Agreste, o Homem da Meia-Noite também reverencia o Povo Xukuru do Ororubá, uma nação indígena formada por mais de dez mil integrantes no semiárido pernambucano, que remonta aos primeiros povos originários
do nosso estado.
O Carnaval "Terra Indígena" e o Povo Xukuru do Ororubá querem levar até lá a mesma energia da saída do Homem da Meia-Noite no Sábado de Zé Pereira na Cidade Alta, em Olinda.
O Calunga, inclusive, vai viajar até o Povo Xukuru, na cidade de Pesqueira, no dia 2 de fevereiro de 2024, para comemorar o seu aniversário de 92 anos.
"Que esse homenagem seja extensiva a todos os povos indígenas de Pernambuco. Somos a quarta maior população indígena do Brasil", disse Cacique Marquinhos representando o Povo Xucuru. "E que essa iniciativa do Homem da Meia-Noite, que está buscando uma relação com a nossa espiritualidade, possa ser repetida com os demais povos do país. Todas as lutas, lutas por desejo de espaço e por defesa da vida."
Confecção
Desde a morte do alfaiate Brasil, que sempre ficava responsável por confeccionar o fraque do Calunga, a diretoria do clube tem feito convites diversos nos últimos anos.
A missão deste ano foi dada para a estilista indígena Dayana Molina. Descendente das etnias fulni-ô e aymará, ela cria peças e pensa em moda trazendo as raízes dos povos originários.
A estilista é criadora da grife Nalimo, que pensa na sustentabilidade e segue uma linha decolonial. Ela vai alinhar o tema "Terra Indígena" com a tão esperada roupa do Calunga.
Camisa 2024
Já a camisa oficial de 2024 ficou a cargo do artista plástico Antônio Mendes. A nova camisa
leva os traços do artista com cores e elementos que remetem ao tema do Carnaval, "Terra Índigena".
A camisa será vendida por R$ 50 na sede do clube que abre para o público a partir do dia 11/11/23 e também na Espaço Afetivo do Homem da Meia-Noite no Shopping Patteo, que abre no dia 25/11/23, que também vai oferecer as peças da grife do Calunga para o Carnaval 2024.