ARTES VISUAIS

Jovens ressignificam violências em exposição no Museu da Abolição, no Recife

Mais de sessenta artistas participaram coletivamente da produção de 20 telas que formam a mostra 'Expressão da Liberdade', promovida pela Freedom Fund

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Emannuel Bento

Publicado em 29/07/2024 às 15:47
'Freedom to Be and Love', tela da exposição Expressão da Liberdade - RODRIGO GARCIA/DIVULGAÇÃO

Vozes de 66 jovens em situação de vulnerabilidade da Região Metropolitana do Recife ecoam em 20 telas da exposição "Expressão da Liberdade", montada no primeiro andar do Museu da Abolição, no Recife. A inauguração ocorre nesta terça-feira (30/7), às 14h, no Dia Internacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.

O acesso é gratuito e segue até o dia 30 de agosto, de segunda a sexta, das 9h às 17h, e sábados, das 13h às 17h.

As obras instigam o visitante a refletir sobre a respeito de temas como exploração sexual comercial, entre outras formas de violência. Através de um método, as jovens abordaram temas como abuso, empoderamento feminino, emoções e cultura popular, resultando em obras que refletem lutas e esperanças.

'Equality in Bloom', tela da exposição Expressão da Liberdade - RODRIGO GARCIA/DIVULGAÇÃO
'Happy as We Are', tela da exposição Expressão da Liberdade - RODRIGO GARCIA/DIVULGAÇÃO

Promovida pelo Freedom Fund, a inauguração ocorre de forma simultânea no Recife e na Estação London Bridge do metrô de Londres. Haverá, ainda, um intercâmbio com iniciativa semelhante desenvolvida em Bangladesh - será possível assistir a uma exibição das telas produzidas pelas meninas do país asiático.

Causa global

Os jovens que produziram as telas coletivamente são participantes do programa Com.Direitos, que apoia nove organizações que atuam na linha de frente no combate à exploração sexual comercial de crianças e adolescentes.

"Por meio da arte, queremos chamar a atenção para graves violações que ainda persistem em nossa sociedade e são invisibilizadas, não só no Brasil, mas no mundo", diz Cecília Cuentro, assessora de Programas do Freedom Fund e coordenadora da exposição.

Museu da Abolição - Divulgação

"A situação de exploração sexual comercial de crianças e adolescentes têm muito em comum seja na periferia do Recife, seja em locais que enfrentam as mesmas desigualdades socioeconômicas, como as cidades de Bangladesh. Conectar essas duas geografias e esses dois projetos, dando visibilidade a eles também na Inglaterra, é nossa forma de esperançar coletivamente."

Processo criativo

A iniciativa ainda conta com parceria com a Casa Menina Mulher, o Centro das Mulheres do Cabo, o Coletivo Mulher Vida e o Instituto Aliança. As organizações envolvidas com a iniciativa tiveram autonomia para conduzir o processo criativo de acordo com a sua metodologia.

Na Casa Menina Mulher, por exemplo, o trabalho foi desenvolvido em três etapas, segundo descreve a arteterapeuta Leila Palmeira: "Primeiro, lemos o livro 'O que é a liberdade?', de Renato Bueno, seguido por uma escrita criativa, em que cada uma escreveu o que é liberdade para elas, culminando na produção coletiva das telas. As ideias surgiram delas, tornando o processo muito potente e transformador".

'Transformative Art-1', tela da exposição Expressão da Liberdade - RODRIGO GARCIA/DIVULGAÇÃO

Ao final, cada obra tornou-se uma expressão de resiliência e afirmação de identidade, que transformou vivências em arte, ressignificando violências e reivindicando a liberdade em suas mais diversas expressões.

"O projeto proporciona uma formação de quatro meses, focada no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, planejamento de vida e preparação para o mercado de trabalho. Nosso objetivo é oferecer a essas jovens a oportunidade de um futuro mais promissor, retirando-as de situações de risco e violação de direitos e fortalecendo-as para que possam ter uma vida segura e digna", diz Akueline Padilha, coordenadora local do Projeto Com.Direitos pelo Instituto Aliança.

SERVIÇO
Exposição 'Expressão de Liberdade'
Onde: 1º andar do Museu da Abolição (Rua Benfica, 1150, Madalena)
Quando: de 30 de julho a 30 de agosto, com visitação gratuita
Horário: 14h às 20h na abertura; 9h às 17h de segunda a sexta; e 13h às 17h nos sábados

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