Elton John lança caixa com oito discos, dez horas de música

Ele aproveitou a quarentena para revisitar seus arquivos e selecionou 148 músicas para o projeto Elton Jewel Box
José Teles
Publicado em 17/11/2020 às 16:30
Elton John, caixa comemorativa Foto: Divulgação


Lennon & McCartney não foram o início, mas o fim de uma era de duplas de autores de grandes canções populares. Algumas delas da primeira metade do século 20: Rodgers & Hart, Sammy Cahn & Van Heusen, Ira & George Gershwin, Hammerstein & Kern. Uma prática que teve sua época também no Brasil com Evaldo Gouveia & Jair Amorim, Claudionor Cruz & Pedro Caetano, Tom & Vinicius, Roberto & Erasmo Carlos, também citando uns poucos.

Elton John & Bernie Taupin é a dupla ponta de rama dessa era. Surgiram influenciados por Lennon & McCartney, mas só engrenaram no final da década de 60, e tiveram o auge do sucesso nos anos 70. As duplas de compositores, melodistas e letristas, caíram de moda, embora, claro, continuam-se criando canções em parcerias, mas nada que se torne uma grife, ou ganhe a dimensão dos autores citados acima.

A pandemia impediu Elton e Bernie sair em turnê para celebrar 50 anos de parceria, contados a partir do primeiro álbum com repertório inteiramente assinado pelos dois, Empty Sky, de 1969 (estranhamente, só foi lançado nos EUA em 1975), com o também primeiro superhit, Skyline Pigeon. Foi publicada a autobiografia Me Elton John, a cinebiografia Rocket Man, e fechando o pacote comemorativo à data redonda, uma portentosa caixa, Elton Jewel Box, com oito discos. Em formato digital, a música ocupa 1,2 giga. Volume que só os fãs de carteirinha devem conseguirão escutar de cabo a rabo, sem se cansar.

Não pela qualidade da música, claro, mas pelas dez horas que levarão para se escutar tudo. Bem não exatamente dez horas. Para ser preciso: 9horas e 58 minutos. Aliás, por esta mesma qualidade é que a caixa também é de interesse para quem gosta de música em geral, sem ser tiete de Elton John. Teve-se o bom senso de não relançar álbuns originais remasterizados, como foi feito recentemente nos 80 anos de John Lennon. O conceito deste caixote tem a ver com o título, porta-jóias em português. E jóias raras em sua maioria.

A caixa é dividida por temas. O primeiro deles, Deep Cut, são dois discos com canções pinçada da extensa discografia do cantor, porém as de sua preferência especial, sem os sucessos. Canções como We Fall in Love Sometimes, do álbum Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy, de 1975, que é pouco lembrada por ser de uma fase em que Elton John e Bernie Taupin compunham desenfreadamente. Uma das mais bonitas baladas dele, um especialista no estilo. Ele aproveitou a quarentena pra se reescutar. É como se ele quisesse apontar aos fãs o que eles deixaram passar feito Someone Save My Life Tonight, do mesmo álbum de 1975.
Rarities 1965 – 1971 são três discos, 65 canções raras, incluindo a primeira que ele gravou, Come Back Baby, de 1965, com o grupo Blueseology, liderado por Long John Baldry, pioneiro do blues inglês. Traz também a primeira parceria Elton/Bernie, Scarecrow, de 1967. No repertório deste tema vários demos de canções conhecidas. De uma tacada só é meio pesado, a não ser que se queira acompanhar a evolução da dupla. Um terceiro tema são os lado B, lançados entre 1976 e 2005. 17 deles só lançados em vinil, que nunca chegaram ao CD ou digitalizados. O oitavo álbum é mais uma curadoria de Elton John, reúne as canções que ele cita em sua autobiografia.

A caixa está à venda completa, ou fatiadas por temas, nos formatos digital, CD e vinil. O conceito a torna mais interessante do que a grande maioria de caixas, muitos caça-níqueis pegando carona em efemérides. Elton Jewel Box não apenas ratifica o talento da dupla Elton & Bernie, como Impressiona a quantidade de música desconhecida (são 60 inéditas) de um dos autores mais conhecidos do planeta nestas ultimas cinco décadas.

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