Com o aumento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a procura por máscaras e álcool em gel também cresceu. Para se ter ideia dessa alta, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) estima que o faturamento de vendas ao consumidor do álcool gel em 2020 poderá superar em até 10 vezes o registrado em 2019, saindo de um faturamento de R$ 100 milhões para R$ 1 bilhão. Com o crescimento da demanda, a produção também precisa aumentar, mas é aí que reside o problema. A matéria-prima responsável por transformar o álcool em gel, o carbopol, está em falta no mundo todo.
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De acordo com o presidente-executivo da associação, João Carlos Basilio, há preocupação dos produtores com a escassez do carbopol, visto que o álcool em gel passou a ser um dos itens prioritários para reduzir os riscos de contaminação pela Covid-19. “O setor tem realizado esforços sucessivos para atender à necessidade de todos, mas existe esta apreensão com o carbopol. É uma matéria-prima que está em falta no mundo todo", explica João Carlos Basilio.
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Ainda segundo ele, "empresas de médio e pequeno porte, que são as principais responsáveis pelo fornecimento do produto, estão se readequando diante da crise".
Para facilitar a reposição dos estoques nas prateleiras de farmácias e supermercados, a Abihpec sugeriu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a simplificação do procedimento de regularização da categoria “gel antisséptico”.
“A nossa manifestação segue em negociação com a Agência, que divulgou recentemente que irá priorizar a análise de processos de registro de géis antissépticos para mãos, água sanitária e desinfetantes de uso geral e hospitalar, se comprometendo em liberar os produtos em no máximo uma semana, algo que normalmente demora uma média de 180 dias”, fala Basílio.
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Para evitar que pessoas fiquem sem acesso ao álcool gel, a Abihpec emitiu um comunicado em seu site pedindo aos consumidores que não estoquem o produto. "A ABIHPEC recomenda aos consumidores o uso consciente de produtos essenciais para a prevenção do coronavírus, uma vez que ao estocar o álcool em gel, por exemplo, outras famílias e pessoas de risco deixam de ter acesso ao produto", diz o texto.
Com a falta do item para proteção contra a Covid-19 e o aumento de seu preço no varejo, muitas pessoas têm recorrido a receitas caseiras do produto. Na internet, as buscas por “como fazer álcool em gel” cresceram no Google e o termo começou a ganhar relevância no buscador. Nas redes sociais, vídeos e publicações ensinam a fazer álcool gel com gelatina incolor e até mesmo gel para cabelo. No entanto, além de não ter a eficiência comprovada, as fórmulas caseiras podem causar acidentes e reações alérgicas.
“O principal perigo é que não fazemos corretamente ou seguimos uma receita com eficácia duvidosa”, disse à BBC News Mundo, versão em espanhol da rede inglesa, o porta-voz da Academia Espanhola de Dermatologia e Venereologia, o médico dermatologista Antonio Clemente Ruíz de Almirón. “Estamos confiando na internet e, com o alerta social que está ocorrendo, existe muito engano, receitas caseiras que não têm eficácia comprovada. A disseminação de tudo isso pode levar as pessoas a confiar em algo que realmente não tem eficácia comprovada contra o vírus ou que pode até ser prejudicial à pele”, diz o especialista.
Devido à escassez de álcool gel e produtos necessários para produzí-lo, o que está surgindo agora são produtos com menor concentração de álcool ou fórmulas que não são eficazes. “Comecei a ver receitas e fórmulas, por exemplo, de óleos, combinações de ervas com misturas estranhas, cuja eficácia é muito mais que duvidosa”, diz o médico.
Ruíz de Almirón ressalta que, se queremos usar álcool em gel, devemos procurar aqueles que já foram aprovados pelas agências reguladoras, como a Anvisa. Ele também lembra que a melhor maneira de se proteger contra o novo coronavírus é lavar as mãos com água e sabão com frequência, por pelo menos 20 segundos. O uso de álcool em gel, segundo ele, só deve ser uma opção quando sabão e água não estiverem disponíveis. “Uma das características do coronavírus é que é um vírus que possui uma camada lipídica e, portanto, é relativamente sensível aos desinfetantes comuns. Então, basta lavar as mãos com água e sabão”, afirma.
Subiu para 428 o número de casos confirmados de coronavírus no Brasil, de acordo com as informações repassadas pelos estados ao Ministério da Saúde, na última quarta-feira (18). Até o momento, quatro mortes estão confirmadas, todas no estado de São Paulo. Estão em investigação 11.278 casos suspeitos e outros 1.841 já foram descartados. Em pernambuco, o número de infectados pelo novo coronavírus (covid-19) em aumentou de 19 para 22, na quarta-feira. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), os três novos casos, do Recife, são de transmissão local e/ou comunitária. Atualmente, são monitorados 485 casos suspeitos da doença.
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.