Coronavírus: associação alerta para falta de matéria-prima para produção de álcool em gel no mundo

O álcool em gel passou a ser um dos itens prioritários para reduzir os riscos de contaminação pela Covid-19
Marcelo Aprígio
Publicado em 19/03/2020 às 13:12
PROVIDÊNCIAS Usar álcool em gel continua sendo uma das ações básicas Foto: LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM


Com o aumento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a procura por máscaras e álcool em gel também cresceu. Para se ter ideia dessa alta, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) estima que o faturamento de vendas ao consumidor do álcool gel em 2020 poderá superar em até 10 vezes o registrado em 2019, saindo de um faturamento de R$ 100 milhões para R$ 1 bilhão. Com o crescimento da demanda, a produção também precisa aumentar, mas é aí que reside o problema. A matéria-prima responsável por transformar o álcool em gel, o carbopol, está em falta no mundo todo.

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De acordo com o presidente-executivo da associação, João Carlos Basilio, há preocupação dos produtores com a escassez do carbopol, visto que o álcool em gel passou a ser um dos itens prioritários para reduzir os riscos de contaminação pela Covid-19. “O setor tem realizado esforços sucessivos para atender à necessidade de todos, mas existe esta apreensão com o carbopol. É uma matéria-prima que está em falta no mundo todo", explica João Carlos Basilio.

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Ainda segundo ele, "empresas de médio e pequeno porte, que são as principais responsáveis pelo fornecimento do produto, estão se readequando diante da crise".

Sugestão à Anvisa

Para facilitar a reposição dos estoques nas prateleiras de farmácias e supermercados, a Abihpec sugeriu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a simplificação do procedimento de regularização da categoria “gel antisséptico”.

“A nossa manifestação segue em negociação com a Agência, que divulgou recentemente que irá priorizar a análise de processos de registro de géis antissépticos para mãos, água sanitária e desinfetantes de uso geral e hospitalar, se comprometendo em liberar os produtos em no máximo uma semana, algo que normalmente demora uma média de 180 dias”, fala Basílio.

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Para evitar que pessoas fiquem sem acesso ao álcool gel, a Abihpec emitiu um comunicado em seu site pedindo aos consumidores que não estoquem o produto. "A ABIHPEC recomenda aos consumidores o uso consciente de produtos essenciais para a prevenção do coronavírus, uma vez que ao estocar o álcool em gel, por exemplo, outras famílias e pessoas de risco deixam de ter acesso ao produto", diz o texto.

Os riscos do álcool gel caseiro

Com a falta do item para proteção contra a Covid-19 e o aumento de seu preço no varejo, muitas pessoas têm recorrido a receitas caseiras do produto. Na internet, as buscas por “como fazer álcool em gel” cresceram no Google e o termo começou a ganhar relevância no buscador. Nas redes sociais, vídeos e publicações ensinam a fazer álcool gel com gelatina incolor e até mesmo gel para cabelo. No entanto, além de não ter a eficiência comprovada, as fórmulas caseiras podem causar acidentes e reações alérgicas.

“O principal perigo é que não fazemos corretamente ou seguimos uma receita com eficácia duvidosa”, disse à BBC News Mundo, versão em espanhol da rede inglesa, o porta-voz da Academia Espanhola de Dermatologia e Venereologia, o médico dermatologista Antonio Clemente Ruíz de Almirón. “Estamos confiando na internet e, com o alerta social que está ocorrendo, existe muito engano, receitas caseiras que não têm eficácia comprovada. A disseminação de tudo isso pode levar as pessoas a confiar em algo que realmente não tem eficácia comprovada contra o vírus ou que pode até ser prejudicial à pele”, diz o especialista.

Devido à escassez de álcool gel e produtos necessários para produzí-lo, o que está surgindo agora são produtos com menor concentração de álcool ou fórmulas que não são eficazes. “Comecei a ver receitas e fórmulas, por exemplo, de óleos, combinações de ervas com misturas estranhas, cuja eficácia é muito mais que duvidosa”, diz o médico.

Ruíz de Almirón ressalta que, se queremos usar álcool em gel, devemos procurar aqueles que já foram aprovados pelas agências reguladoras, como a Anvisa. Ele também lembra que a melhor maneira de se proteger contra o novo coronavírus é lavar as mãos com água e sabão com frequência, por pelo menos 20 segundos. O uso de álcool em gel, segundo ele, só deve ser uma opção quando sabão e água não estiverem disponíveis. “Uma das características do coronavírus é que é um vírus que possui uma camada lipídica e, portanto, é relativamente sensível aos desinfetantes comuns. Então, basta lavar as mãos com água e sabão”, afirma.

Casos confirmados no Brasil e Pernambuco

Subiu para 428 o número de casos confirmados de coronavírus no Brasil, de acordo com as informações repassadas pelos estados ao Ministério da Saúde, na última quarta-feira (18). Até o momento, quatro mortes estão confirmadas, todas no estado de São Paulo. Estão em investigação 11.278 casos suspeitos e outros 1.841 já foram descartados. Em pernambuco, o número de infectados pelo novo coronavírus (covid-19) em aumentou de 19 para 22, na quarta-feira. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), os três novos casos, do Recife, são de transmissão local e/ou comunitária. Atualmente, são monitorados 485 casos suspeitos da doença.

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o mapa de casos

 

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada:

19/3/2020- Google e Facebook podem usar dados para rastrear o vírus:

 

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