Comerciantes informais e ambulantes ouvidos pela reportagem do Jornal do Commercio até ouviram falar do voucher que o governo federal pretende dar para trabalhadores informais que não possuem qualquer outro tipo de benefício social e estão prejudicados pelo fechamento do comércio e a diminuição da circulação de pessoas nas ruas devido á pandemia de coronavírus. Mas muitos deles acreditam que o valor ainda é insuficiente. Na semana passada, a cifra anunciada foi de R$ 200 por mês; na quarta-feira (25), foi ampliada para R$ 300 mensais, mas, ontem, a Câmara dos Deputados aprovou um auxílio pecuniário ainda maior, de R$ 600. Os entrevistados também reclamaram da falta de informações sobre o processo de cadastramento e a demora na implantação do programa, que ainda depende de votação no Senado Federal.
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“Vai ser bom se esse dinheiro chegar na minha mão. Mas isso não vai me tirar da rua, não”, sentenciou Lenivaldo Lucena, 41 anos. Na tarde de ontem ele circulava pelo bairro de Casa amarela, na Zona Norte do Recife, com uma carroça cheia de frutas. “Olha só, num dia normal, a essa hora, a carroça já estaria vazia. Depois que o comércio fechou, as vendas caíram 80%”, diz abalado, mas confiante. “Tenho fé que isso vai acabar logo. Se não acabar, que o governo ajude a gente. Mas ajude deixando a gente ficar na rua, trabalhando”.
A poucos metros dali, Nídia Cristina tentava vender os produtos que comercializa há mais de cinco anos. Pipocas, doce de amendoim e água mineral que, segundo ela, tinham grande saída. “Só com a venda da água eu tirava R$ 60, R$ 70 por dia”, afirmou. Ela soube da ajuda que o governo pretende dar. Quando o JC conversou com Nídia, o valor havia subido de R$ 200 para R$ 300, o que já havia deixado a ambulante surpresa, mas ainda preocupada com o sustento dos filhos. “Se eu fosse viver disso meus meninos teriam que comer farofa”, disse ela, mãe de três crianças: 9 anos, 6 anos e 14 anos de idade. Ela reclama que as vendas caíram 99% desde que começou a quarentena. “Agora parece que todo dia é domingo”, diz Nídia, se referindo ao deserto em que as ruas se transformaram.
A poucos metros dali, num ponto fixo, Nídia Cristina tentava vender os produtos que comercializa há mais de cinco anos. Pipocas, doce de amendoim e água mineral que, segundo ela tinha grande saída. “Só com a venda da água eu tirava R$ 60, R$ 70 por dia”, afirma. Ela soube da ajuda que o governo pretende dar para os trabalhadores não formalizados. Ficou surpresa quando foi informada que o valor subiu para R$ 300.
“Mas ainda é pouco. Se eu fosse viver disso meus meninos teriam que comer farofa”, diz ela, mãe de três crianças de 9 anos, 6 anos e 14 anos de idade. Ela reclama que as vendas caíram 99% desde que começou a quarentena. “Agora parece que todo dia é domingo”, diz Nídia se referindo ao deserto em que as ruas se transformaram. A comerciante não sabe se terá direito a ajuda. Na verdade, pelas regras divulgadas até agora pelo governo, não tem direito ao voucher quem recebe algum outro tipo de benefício como BPC (Benefício de Prestação Continuada) ou Bolsa Família, como é o caso de Nídia.
No bairro da Boa Vista, centro do Recife, José João do Nascimento, esperava a melhor hora do dia pra tentar vender seus produtos. Macaxeira, inhame e batata-doce. No fim da tarde, quando os funcionários dos poucos estabelecimentos comerciais ainda abertos – como farmácias e mercadinhos – largam, é que Seu João consegue vender alguma coisa. Sobre a ajuda prometida pelo governo federal ele diz que tomou conhecimento. “Mas cadê esse dinheiro? Quando esse negócio começar já se acabou tudo”, afirmou João, dizendo que só a conta de luz que tem para pagar até o próximo dia 2 de abril é de R$ 189.
Walson José da Silva era outro dos poucos comerciantes que circulavam pela Avenida Conde da Boa Vista vendendo frutas. Ele duvida que o voucher do governo chegue a todos que precisam. “Você lembra como era a calçada do Shopping Boa Vista? Cheia de camelôs do começo ao fim. E no resto da cidade também. É muita gente desempregada. Esse povo todo vai ter direito?, indaga Wallace. Ele disse que vive do comércio de rua “desde menino”, tentou trabalhar com carteira assinada mas não gostou. Agora, prefere desobedecer a ordem de ficar em casa a não levar dinheiro para a família, formada pela esposa grávida e uma filha pequena. “O comércio fechou, mas os bancos não. Os boletos continuam chegando. E se o governo quisesse ajudar mesmo o pobre, mandava os cartões de crédito suspenderem a cobrança por três meses”, diz.
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