O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) de Pernambuco, que mede a percepção que os empresários do comércio têm sobre o nível atual e futuro de propensão a investir em curto e médio prazo, voltou a cair. No entanto, desta vez com uma intensidade nunca vista, atingido queda mensal de -16,1%, saindo de 123,9 para 103,9 pontos. Esta é a segunda queda após os efeitos do novo coronavírus (covid-19) impactar o funcionamento do setor.
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Esta também é a menor confiança desde julho de 2019, quando o indicador estava em 100,1 pontos, e para o meses de abril o indicador é o mais deteriorado desde 2017 quando a confiança se encontrava na zona negativa de avaliação com 98,7 pontos. Vale destacar que, em abril de 2019, a conjuntura era bem menos adversa, visto que as perspectivas da realização de reformas importantes por parte do Governo Federal estavam bem positivas.
As incertezas continuam a se elevar, pois para conter a velocidade da pandemia e assim evitar um colapso no sistema público de saúde, os governos estaduais e municipais adotaram medidas de restrição que acabou atingindo de maneira mais forte o comércio e serviços. Fechando os shoppings, praias, bares e todo o varejo não essencial, permitindo apenas o funcionamento de estabelecimentos que vendem alimentos, medicamentos, material de higiene e itens ligados a segurança da população em relação a saúde, como os armazéns de construção que vendem equipamentos de proteção individual.
A CNC estimou uma queda no faturamento superior a 50 bilhões de reais só em março para o comércio brasileiro, em Pernambuco a queda alcança a cifra de 1 bilhão de reais para o mesmo período. No turismo os números representam uma paralisação do setor pernambucano, com queda de movimentação de aeroportos, além de cancelamento de voos e hospedagens, dando assim uma redução superior a 300 milhões de reais no início das medidas emergenciais.
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Quando analisadas as avaliações dos empresários, verifica-se que todas as avaliações apresentaram recuo, em especial as que medem as condições atuais da economia, da empresa e do setor de comércio. Segundo os empresários, as condições correntes e as expectativas da economia brasileira e do setor do comércio são as que mais conseguem deteriorar a confiança local, refletindo que o período de crise com a epidemia tem força para causar danos significativos, impactando a economia ainda de maneira forte e adiando a recuperação do setor.
Além da situação atual, se encontra também na zona de avaliação negativa o nível de investimento do empresariado local, que em meio a um cenário de marcha lenta também aloca recursos em âncoras financeiras e evitam as produtivas, visto que o curto e médio prazo ainda não conseguiu se desenhar de maneira positiva que incentive um menor comportamento conservador do setor produtivo.
Nem mesmo as políticas de redução do impacto negativo na economia anunciadas pelas esferas governamentais, estão conseguindo segurar a confiança do empresariado na zona positiva de avaliação. Isto porque os programas quase sempre aumentam o endividamento dos negócios, que para continuar vivos e pagamento impostos, fornecedores e os custos fixos, precisam recorrer a empréstimos que ainda apresentam alta burocracia para concessão, além de juros que apesar de menores que no períodos anteriores ainda são considerados elevados para o difícil momento dos empresários. Recente, pesquisa do Sebrae aponta que só em março mais de 600 mil micro e pequenas empresas encerraram as atividades, números que causam preocupação e que possuem chances de continuar crescendo.
Para o próximo maio, se espera uma confiança abaixo de 100 pontos, refletindo um comportamento extremamente cauteloso de famílias e empresários, com a continuidade da tendência de queda, permanecendo na zona de avaliação negativa até o segundo semestre de 2020.