A criação de protocolos específicos para a Feira da Sulanca de Caruaru, pela prefeitura, e para o Moda Center, pela administração do local, em Santa Cruz do Capibaribe, ambas cidades no Agreste, trouxe esperança para o Polo de Confecções de Pernambuco, que há quatro meses tem sua produção represada e vê o faturamento de aproximadamente 80% de suas empresas cair drasticamente desde março, quando começou a pandemia do novo coronavírus. O número só não foi maior, porque houve quem conseguisse realizar vendas pela internet durante o período.
“Infelizmente, essa não foi a realidade de todos. Apenas alguns, que já tinham um caixa mais estruturado puderam investir nas vendas online”, explica o gerente geral do Moda Center Santa Cruz, George Pinto, ressaltando que, além dos produtores têxteis, donos de restaurantes e lanchonetes instalados no centro têm sido impactados.
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Em Caruaru, além do e-commerce e do Delivery Sulanca, houve empreendedores que chegaram a ‘driblar’ as regras para permanecer vendendo. “Muitos comerciantes, por causa da proibição de vender na feira, tiravam seus carros de garagem e paravam nas ruas e BRs para vender seus produtos”, conta o presidente da Associação de Sulanqueiros de Caruaru, Pedro Moura, avaliando que, por isso, nem todos os sulanqueiros tiveram danos muito altos. “Isso foi a minoria, a maior parte tem sofrido muito por obedecer irrestritamente às determinações das autoridades”, ressalta.
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Durante o isolamento social, o setor conseguiu amenizar os impactos negativos da pandemia com a produção de mais de 6 milhões de máscaras. Para isso, os empresários e comerciantes contaram com apoio de órgãos públicos e entidades privadas, como o Banco Santander que encomendou cerca 5,5 mil máscaras na última semana. No entanto, com o passar dos meses a demanda pelos acessórios foi diminuindo e já não é suficiente para ajudar os produtores da região. “Há empresas que destinaram 100% de confecção à produção de máscaras, porque ajudou na renda. Agora, com as pessoas produzindo elas até em casa, isso não está dando para fechar as contas no positivo”, diz George Pinto, do Moda Center Santa Cruz.
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Segundo Pedro Moura, com as medidas de segurança anunciadas veio a expectativa para retomadas atividades no Polo de Confecções do Estado nos primeiros dias do próximo mês. “Esperamos que o Governo do Estado libere nosso funcionamento já no dia 1º de agosto, porque poderemos recuperar as perdas, aumentar as vendas e contratar mais pessoas para trabalhar no Polo”, diz ele, afirmando esperar que o segundo semestre seja muito melhor que o primeiro por causa de datas como Dia dos Pais, das crianças e Natal.
George Pinto compartilha das expectativas. “Se pudermos voltar já em agosto, não teremos um ano perdido”, pontua o gerente geral do Moda Center Santa Cruz, para quem o retorno às atividades deveria ser liberado pelo governo o mais rápido possível. “Quanto mais demorar para autorização para a retomada das atividades em todo Polo de Confecções, mais difícil será para recuperarmos as perdas da quarentena”, conclui.