O banimento da empresa chinesa Huawei para atuar na implementação da tecnologia 5G no Brasil pode trazer impactos ainda mais profundos para o Nordeste. Atualmente fornecedora de equipamentos para Tim, Claro e Vivo, a Huawei pode chegar a 100% de market share na região com a, já anunciada anunciada pela Oi, venda de seus ativos de telefonia móvel. Como espera-se que essa fatia da Oi seja comprada pelas concorrentes, o impedimento de atuação da Huawei no mercado 5G aumentaria de maneira geral às teles os custos com troca de equipamentos no território nordestino - exceto Bahia.
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“O custo para as operadoras seria diretamente afetado entre duas a cinco vezes mais, uma vez que teria de substituir todo o hardware (equipamento). O investimento que a operadoras possam fazer com a rede torna-se muito maior. A operadora já tem um orçamento anual médio para investimento na rede, que hoje gira em torno dos R$ 10 bilhões por ano. Não é obviamente algo fixo, e depende de cada operadora, mas a questão é que fatalmente esse investimento vai ser mais consumido e o custo será maior. Com relação ao mercado, quando o custo é maior subentende-se que isso será cobrado pelas operadoras (ao cliente final)”, explica o diretor regional do Norte/Nordeste da Huawei, Thiago Lopes Cerqueira.
Há 22 anos presente no Brasil, a Huawei diz deter mais de 50% do market share no País nas redes de infraestrutura do 4G. Essa predominância é fator importante para o 5G porque, pode beneficiar muito a velocidade da implantação, com menor dificuldade e custo, já que seria possível reutilizar hardwares e concentrar a demanda na atualização de softwares. Os equipamentos, produtos e serviços da Huawei abastecem 95% da população brasileira, conforme a empresa. No mundo, 20% das patentes essenciais do 5G são da Huawei, mais de 2.570 patentes, tendo um total de 600 mil estações de rádio base 5G fornecidas, firmando 91 contratos.
“No Nordeste, hoje temos parceria com três das quatro maiores operadoras do Brasil de redes móveis (Telefônica - Vivo, Claro e com a Tim. A única que market share não é da Huawei é a Oi, que usa equipamento Nokia. Como a empresa tem o plano de vender a rede móvel dela, estimamos que com esse evento podemos considerar que no Nordeste estamos próximos de 100% do market share da rede móvel”, detalha Cerqueira. A compreensão geográfica da região exclui o estado da Bahia, onde a predominância da infraestrutura não é da Huawei.
Ficar de fora da implementação do 5G no País, ainda segundo a companhia chinesa, traria implicações da velocidade do acesso a essa tecnologia fora dos grandes centros da alçada das grandes operadoras. Como o leilão, previsto para 2021, prevê a participação dos provedores regionais, a Huawei também vê problemas para essas pequenas empresas no custo de aquisição de equipamentos.
Segundo o diretor regional da Huawei, vários desses pequenos provedores, a grande maioria na verdade, já são clientes de parceiros e também usam equipamentos da Huawei. “Certamente eles serão afetados, assim como a velocidade que poderia ser implantado esse 5G por esse provedores”, diz. Hoje, segundo a empresa, os provedores não adquirem equipamentos para rede móvel, estão focados na fibra óptica, com crescimento de 30% no faturamento e quando somados chegam a se tornar a maior operadora do País, superando inclusive individualmente já algumas das grandes operadoras.
No Brasil, a Huawei e as empresas de telecomunicação vivem a apreensão pelo leilão do 5G, a ser realizado pela Anatel, e os termos sobre definição da permissão de Huawei no fornecimento dos equipamentos necessários à aplicação dessa nova tecnologia. O governo federal. O governo federal já havia alardeado a possibilidade de banir a empresa chinesa, endossando os planos dos Estados Unidos contra o país oriental na revolução tecnológica. Agora está também sobre a mesa elaboração de decreto que com série de demandas para restringir a participação da companhia. As teles já apontaram ser contra esse caminho, que pode prejudicar o acesso do Brasil à tecnologia de baixa latência, 10 vezes mais rápida, e com velocidade das conexões até 20 vezes superior ao que temos hoje com o 4G.