A safra de cana-de-açúcar vai ser parecida com a última devido à pandemia

O setor sucroalcooleiro passou por uma redução do consumo do álcool hidratado por causa da crise sanitária, mas direcionou uma parte da produção às exportações para não perder receita
JC
Publicado em 15/12/2020 às 20:32
Paulo Guedes, ministro da Economia Foto: EDU ANDRADE/ASCOM/ME


O setor sucroalcooleiro de Pernambuco deve colher uma safra "parecida" com a última devido aos impactos da pandemia do coronavírus. A expectativa é de que na atual safra (2020/2021) sejam colhidas 12,420 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, quando não safra anterior (2019/2020) foram processadas 12,520 milhões de toneladas, segundo informações do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE). Inicialmente, a previsão do setor era ter uma colheita de 13,140 milhões de toneladas com um crescimento de 4,9%, o que não vai ocorrer.

Um dos principais produtos fabricados pelas usinas, o álcool hidratado - aquele usado como combustível nos veículos - registrou uma queda no consumo de 27% entre janeiro e outubro, segundo informações do Sindaçúcar. "O clima foi menos ruim nesta safra. Ocorreram momentos difíceis com queda de vendas na entressafra. E a exportação foi uma alternativa", resume o presidente do Sindaçúcar, Renato Cunha.

M setor deve exportar 45% do açúcar produzido nesta safra (20/21). Na anterior, foram exportados, no máximo, 30% do açúcar fabricado", diz o presidente do Sindaçúcar, Renato Cunha.

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“A versatilidade mercadológica do setor fez com que o mercado externo fosse atendido pelo açúcar, o que permitiu impedir a diminuição das receitas”, explica Renato Cunha. Em maio e junho últimos, a redução do consumo do álcool chegou a 40% devido à diminuição na quantidade de carros que circularam nesse período por causa da pandemia do coronavírus. "Em maio e junho, os produtores começaram a se programar para exportar. E são essas exportações que estão embarcando agora", comenta Renato, acrescentando que o setor voltou a ter destaque na exportação nos últimos dois anos.

 

"A safra atual é mais direcionada ao açúcar, e menos ao hidratado, por questões mercadológicas, influenciadas, no caso do açúcar, sobretudo pela desvalorização do real e fortalecimento consequente das exportações”, argumenta Renato Cunha. O dólar em alta incentiva a exportação. As usinas pernambucanas vão vender açúcar para Estados Unidos, Canadá, leste Europeu, Oriente Médio e norte da África.

Até 30 de novembro último, as usinas de Pernambuco haviam processado 6,771 milhões de toneladas de cana, sendo 4,55% superior ao mesmo período na safra 2019/2020. Isso deve representar cerca de 50% da atual safra, que começou em agosto e deve acabar entre fevereiro e março de 2021. A produção de açúcar já obtida até agora, é de 505 mil toneladas, enquanto no ano passado era de 439 mil toneladas. Já a produção de etanol acumulada até agora, é de 186 milhões de litros - sendo menor do que na safra passada, quando froam produzidas 279 milhões de litros até novembro de 2019.

ESTIMATIVAS

A atual safra de cana-de-açúcar (2020/2021) não deve apresentar crescimento, de acordo com informações do Sindaçúcar. “Estimamos esmagar até março de 2021, cerca de 12,42O milhões de toneladas para produção de açúcar e etanol”, estima Renato Cunha. Na moagem anterior (2019/2020), foram processadas 12,520 milhões de toneladas da cana.

Ainda nesta safra, serão fabricadas 863 mil toneladas de açúcar e 365 milhões de litros de etanol - sendo 132 milhões de anidro - o álcool que é misturado à gasolina - e 233 milhões de hidratado. “Vale ressaltar que, além das 12,420 milhões de toneladas de cana destinadas a açúcar e etanol, ainda teremos cerca de 300 mil toneladas de cana destinadas à fabricação de aguardentes", conta Renato.

"As chuvas melhor distribuídas foram um fator marcante para a manutenção da atual safra", revela Renato.  Na atual safra, o setor gera mais de 60 mil empregos diretos espalhados em 60 municípios da Zona da Mata. Ne toda a cana-de-açúcar processada, 53% serão destinados ao açúcar e 47% transformados em etanol. Estudos apontam que o setor vai faturar R$ 2,5 bilhões na atual moagem. 

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