Retomada do médio e alto padrão eleva em 3.000% o lançamento de imóveis na Grande Recife

Indicadores Imobiliários da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), compilados pela consultoria Brain, apontam cenário adverso da média do País
Lucas Moraes
Publicado em 23/02/2021 às 15:52
COMPARAÇÃO No Recife, número de lançamos foi de zero a 94 unidades entre os quarto trimestre de 2020 e 2019 Foto: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM


Diferente do resultado médio nacional, o mercado imobiliário do Recife e da Região Metropolitana expandiu não só as vendas no ano de 2020. Segundo os dados dos Indicadores Imobiliários Nacionais da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), compilados pela consultoria Brain, a região conseguiu dar um salto em relação ao número de lançamentos, revertendo o quadro de 2019 e sendo impulsionado pela retomada de grandes construtoras dos imóveis de médio e alto padrão. No comparativo entre o quarto trimestre de 2020 com o mesmo período de 2019, o crescimento foi da ordem dos 3.000%. 

"Dois motivos levaram o Recife a ter um comportamento diferente da média brasileira. O primeiro motivo é que o ano de 2019 tinha sido muito forte de crescimento, liderado por São Paulo e Recife não tinha seguindo a mesma toada, ficando atrasado em termos de lançamento, gerando um demanda reprimida maior. As empresas estavam preparadas para isso, e quando se compara o processo de crescimento, ele foi mais intenso no Recife", diz o sócio-direto da Brain, Fábio Tadeu Araújo. 

Ele enumera como segunda causa o fato de algumas empresas importantes voltarem a lançar na capital. "Notadamente Pernambuco construtora e Moura Dubeux. Essas são duas empresa da cidade, fora do Minha Casa Minha Vida, que recuperaram mercado no ano passado após ausência de cinco a seis anos", afirma. 

Os números, de fato, denotam um comportamento atípico de puxança no mercado em meio à pandemia da covid-19. A média de unidades lançadas no Recife e Região Metropolitana foi de 736 nos últimos quatro trimestres de 2020. No ano, a maior variação deu-se entre o segundo e terceiro trimestre de 2020, com alta de 500% nos lançamentos. Já no comparativo entre o quarto trimestre de 2020 e o mesmo período de 2019, a diferença é ainda mais espaçada, com uma variação de +3.259% unidades lançadas. Foram 39 lançamentos nos últimos três meses de 2019. No ano passado, o mesmo trimestre registrou 1.310 unidades lançadas. 

Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem - Caixa anunciou novas medidas para estimular o crédito imobiliário

Se levado em conta apenas o desempenho da capital, o número de lançamentos avançou 100%, indo de 0 a 94 unidades residencias lançadas, entre o quarto trimestre de 2019 e o mesmo período de 2020.

O Valor Geral de Vendas (VGV) desses lançamentos, conforme os dados da Cbic e Brain, mais do que triplicou de um ano para o outro. Em 2019, totalizou-se R$ 48,1 milhões. Ano passado, o VGV foi estimado em R$ 150,2 milhões. Em vendas concretas, o saldo apurado foi de R$ 1,5 bilhão no ano passado. No ano imediatamente anterior, R$ 1,08 bi. 

Assim como os lançamentos, as vendas também tiveram destaque no mercado recifense de imóveis. Com a dinâmica dos juros seguindo até então uma linha de redução e o maior tempo das pessoas dentro de casa, planejando compras menos perenes, houve um crescimento de 126,5% nas unidades residenciais vendidas no Recife e Região Metropolitana entre os últimos três meses de 2019 e 2020. A média dos últimos quatro trimestres do ano foi de 1.639 unidades. 

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Estoque e Minha Casa Minha Vida

Mostrando equilíbrio entre as vendas e lançamentos, o estoque no Grande Recife cresceu 43% entre os quartos trimestres dos últimos dois anos. Se em 2019, a oferta final era de 5.993 unidades, chegou-se ao fim de 2020 com um total de 8.622. Esse aumento é salutar num momento em que a construção ainda vive uma carestia na produção pela falta de insumos. Dados do Fipe Zap já apontavam que o preço do m² no Recife foi o único a se manter com redução ao longo de 2020. 

Na capital, o m² está em R$ 6.417, conforme o levantamento da Brain. Na Região Metropolitana, o preço já cai para R$ 5.603. Quando analisados em separado, os estoques também refletem essa diferença. Isolando o Recife, houve redução de -8,6% da oferta final. No Grande Recife, o avanço foi de 104%. 

O Minha Casa Minha Vida (agora Casa Verde e Amarela) ainda se mantém, em termos totais, como importantes motor do mercado em toda a Região Metropolitana, embora agora tenha uma proporção de vendas em relação ao médio e alto padrão menor agora. 

"Nos últimos anos, com a quase inexistência de lançamentos acima do agora Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa Minha Vida) fazia com que essa proporção fosse muito alta. Agora, houve justamente o retorno de empresas importantes lançando produtos de R$ 300 mil, R$ 400 mil, R$ 500 mil até R$ 2 milhões. Isso recuperou, e como o total do mercado é divido entre esses (Casa Verde e Amarela e os demais) naturalmente como o segmento acima do Casa Verde e Amarela cresce muito, ele como a participação desse outro segmento no mercado", detalha Araújo.

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