A pandemia do coronavírus trouxe impacto no Produto Interno Bruto de Pernambuco (PIB) do Estado que registrou uma queda de 1,4% em 2020. O desempenho foi melhor do que a economia brasileira que registrou um decréscimo de 4,1% no ano passado. Em Pernambuco, ocorreu uma retração de 3% na produção dos serviços que têm um peso de 75% na composição do PIB estadual. Dentro deste segmento, o item que a Agência Condepe-Fidem chama de outros serviços teve uma diminuição de 11% no ano passado. "Isso incluiu os serviços prestados às empresas - como de advocacia, contador, pesquisas, publicidades, conservação, limpeza - e alguns direcionados às famílias, como restaurantes, bares, hoteis, academias e salão de beleza, entre outros", resume o gerente de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Agência Condepe-Fidem, Rodolfo Guimarães. Em geral, o PIB mede tudo que é produzido.
>> PIB de Pernambuco deve cair entre 1,5% e 2% em 2020 por causa da pandemia, diz Condepe-Fidem
Desde março do ano passado, vários estabelecimentos da área de serviço fecharam as portas por um determinado período ou reduziram o seu atendimento aos consumidores por causa das restrições sanitárias, como o isolamento social, indicado como forma de evitar o contágio do vírus. "O setor de serviços é que o mais sofre com a falta do contato imediato. As atividades intensivas em serviços prestados às famílias foram as que o peso da crise caiu desproporcionalmente sobre elas", diz o diretor do Condepe-Fidem, Rodolfo Guimarães. Os serviços de transporte, armazenagem e correio registraram um decréscimo de 15,3% no ano passado em Pernambuco.
O comércio registrou uma alta de 0,4% no ano passado em Pernambuco. Os serviços que tiveram performance positiva foram intermediação financeira, seguros e previdência complementar com uma alta de 3,9%; atividades imobiliárias e alugueis (1,5%) e administração, saúde e educação públicas com um acréscimo de 0,6%.
A indústria, como um todo, registrou um aumento de 1% em 2020 e a de transformação - aquela que transmforma uma matéria-prima em produto - apresentou um crescimento de 2%. "Isso ocorreu porque alguns setores consolidados da economia, como o de alimentos, tiveram um bom desempenho. E também tem alguma ligação com a pandemia e o auxílio emergencial. As pessoas compraram mais alimentos e produtos de limpeza", explica Rodolfo, acrescentando que o auxílio emergencial também deve ter impactado no consumo de eletrodomésticos que registrou uma alta de 33,6% no ano passado.
Em 2020, dentro do setor industrial pernambucano, a melhor performance ficou com os seguintes segmentos: a fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (32,6%), produtos de borracha e de material plástico (11,5%), alimentos (9,7%); bebidas(6,5%); produtos de limpeza, cosméticos, perfumaria e de higiene pessoal com um aumento de produção de 6,4%. O crescimento na produção de coque e derivados de petróleo ocorreu na Refinaria Abreu e Lima, instalada em Suape, e é significativo para o tamanho da economia de Pernambuco, segundo Rodolfo.
A agropecuária apresentou uma alta 19,8%, sendo o setor que mais cresceu no ano passado em Pernambuco. Este segmento tem um peso de 4,4% na composição do PIB estadual. Ocorreu um aumento médio de 38,7% na produção das lavouras temporárias, que inclui a cana-de-açúcar, a mandioca, o milho, cebola, feijão, abacaxi e melancia. Também aumentou em 7,09% a produção de laranja, manga, banana e maracujá. A manga é muito cultivada de forma irrigada no Vale do São Francisco. A agropecuária vem crescendo desde o ano passado, também porque as chuvas estão regulares.
Ainda em 2020, os meses que ocorreram uma maior retração do PIB em Pernambuco foram: março (-3,3%), abril (-12,7%), maio (-10%), junho (-4,5%) e julho com -0,7%, todos comparando com o mesmo mês de 2019, quando o Estado apresentou um crescimento anual de 1,9% da sua economia.
"Em Pernambuco, a crise se concentrou principalmente no segundo trimestre de 2020. Há uma estimativa de que tenham sido pagos R$ 12 bilhões no auxílio emergencial, porque nem todos receberam as várias parcelas. Isso representa quase 6% do PIB pernambucano e foi expressivo, principalmente para o comercio varejista", afirmou a presidente da Condepe-Fidem, Sheilla Pincovsky.
No total, o PIB de Pernambuco alcançou R$ 204 bilhões em 2020 a preços de mercado, contra os R$ 202 bilhões gerados em 2019 a preços de mercado divulgados na coletiva da Agência Condepe-Fidem nesta sexta-feira (5). Em números absolutos, o de 2020 é maior, mas os percentuais divulgados refletem a dinâmica da economia e não os preços, como explicou a economista que faz parte da Condepe-Fidem Claudia Pereira.