Pernambuco lança edital para escolher projetos que possam ajudar a combater falta d'água no Estado

Castigado pela seca em boa parte do território, Pernambuco convive com escassez de abastecimento. Governo quer selecionar projetos que possam, por exemplo, fazer gestão da água do projeto da Transposição do Rio São Francisco e ajudar a longo prazo
Angela Fernanda Belfort
Publicado em 22/03/2021 às 14:59
Falta dágua em Rio Doce, Olinda. Foto: WELINGTON LIMA/JC IMAGEM


O governador Paulo Câmara (PSB) anunciou, na manhã desta segunda-feira (22) três ações integradas, que ao longo prazo, podem contribuir para uma relação mais sustentável com a água e vão demandar investimentos superiores a R$ 3 milhões. Grande parte da população de Pernambuco não tem água nas suas torneiras todos os dias e 80% da área do Estado está no semiárido que sofre, historicamente, com a escassez do líquido, mas atualmente até as cidades da Região Metropolitana do Recife passam por um rodízio de vários dias sem abastecimento.

Será lançado um edital - até esta sexta-feira (26) - para escolher projetos que podem ser da área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e criem soluções na área hídrica, como por exemplo a gestão da água do projeto da Transposição do Rio São Francisco.

"O objetivo é colocar ciência e tecnologia para melhoria do aproveitamento dos recursos hídricos do Estado. Ao lado da educação, a questão ambiental é a da maior relevância quando pensamos nas próximas gerações", afirmou o governador Paulo Câmara (PSB) depois de autorizar a publicação do edital que vai disponibilizar mais de R$ 1 milhão com foco em soluções na área de TIC que resultem em soluções para o desenvolvimento de ferramentas relacionadas à gestão de banco de dados de recursos hídricos, segurança das barragenssistemas de informações geográficas, disseminação de informações climáticas, previsão de tempo, sistemas de alertou gestão de riscos de desastres (GDR), como por exemplo, as enchentes que ocorrem na Mata Sul, entre outros.

As soluções também podem se transformar em aplicativos de celular, softwares para gestão de recursos hídricos ou estudos e pesquisas que contribuam para a modernização e operacionalização da fiscalização e implantação da cobrança do uso dos recursos hídricos no Estado de Pernambuco. Estas iniciativas têm que ser executadas num prazo de 36 meses. Este edital é realizado numa parceria entre a Agência de Água e Clima de Pernambuco (Apac) e a Fundação de Amparo à Ciência do Estado de Pernambuco (Facepe).

Também foi lançado um edital que prevê a restauração florestal de áreas degradas ou em processo de degradação em áreas de nascentes a partir da implantação de sistemas agroflorestais nos biomas Caatinga e Mata Atlântica em parceria com agricultores familiares. Esta iniciativa poderá gastar R$ 1,8 milhão incluindo o apoio a famílias de agricultores que já vivem nestes locais pra fazer o replantio das nascentes.
O terceiro projeto será formado por ações na Bacia do Burity próximo ao entorno de Belo Jardim, incluindo municípios como Sanharó, Tacaimbó e São Bento do Una e vai beneficiar também o Rio Ipojuca.

Estas ações contaram também com entidades e empresas privadas. O governo do Estado deve entrar com um aporte de R$ 460 mil. Foram identificados 10 hectares de córregos que podem entrar nessas ações e depois destas ações contribuir pra que haja mais água na bacia como um todo. "Cuidar do meio ambiente é um das formas de aumentar a produção de água. Essa é uma das formas de prover mais água", diz o secretário estadual de Meio Ambiente, José Bertotti.

Ainda dentre as ações que visam aumentar a quantidade de água, a secretaria estadual de Infraestrutura, Fernandha Batista, lembrou que este ano será feito um investimento de R$ 1,3 bilhão pela Compesa para melhorar o abastecimento e o controle da gestão. Este montante estava previsto desde o ano passado e portanto não entrou na soma das ações novas anunciadas nesta segunda-feira. "Uma parte desse total não é obra, mas é importante para melhorar a operação. Por exemplo, a substituição de um equipamento que faz o tratamento da água que atualmente gasta 40% da água que produz na limpeza da própria Estação de Tratamento de Água (ETA), quando é necessária. Se diminui essa quantidade, é mais água que será ofertada ao usuário", resume Fernandha.

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