MEDICAMENTO

Lembra do Lafepe da vitamina C baratinha e da vela contra dengue? Ele ainda existe e está mudado

Unidade pernambucana é um dos maiores laboratórios públicos do País

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Angela Fernanda Belfort

Publicado em 15/04/2021 às 8:03 | Atualizado em 15/04/2021 às 8:51
Aos 56 anos, o Lafepe desenvolve, produz e comercializa medicamentos e óculos, atendendo às políticas públicas de saúde - RODRIGO LOBO/ACERVO JC IMAGEM

Durante muito tempo, o Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) era sinônimo da vitamina C e das velas de andiroba, que serviam como repelente contra o mosquito da dengue, comercializadas nas suas farmácias próprias. Pois é, hoje as farmácias da empresa pernambucana não vendem mais analgésicos de fabricação própria, nem a vitamina C produzidas na fábrica de Dois Irmãos, no Recife. O número de farmácias próprias também diminuiu, saindo de 35 para as atuais 17. A novidade é que o Lafepe deve voltar a produzir vitamina C e analgésicos este ano. Mas por que a empresa parou a produção desses medicamentos que ajudou a consolidar a sua marca?

"Passamos a produzir medicamentos mais estratégicos que o SUS estava demandando e que precisavam de mais tecnologia", explica o diretor comercial do Lafepe, Djalma Dantas, que está na empresa há 20 anos. Isso significa que a empresa passou a destinar toda a sua produção de medicamentos para o SUS, que é distribuído de graça pelo governo federal para os pacientes cadastrados no SUS. Desde 2001, o governo federal estimulou os laboratórios públicos a produzirem os medicamentos distribuídos pelo SUS para economizar na compra.

Mesmo fechando pontos de venda, o Lafepe ainda fatura milhões com medicamentos - RODRIGO LOBO/ACERVO JC IMAGEM

Segundo Djalma, a suspensão na fabricação desses medicamentos mais baratos - como a vitamina C e os analgésicos - ocorreu em 2016, quando o Lafepe teve que melhorar as suas instalações para produzir medicamentos mais complexos e obter uma certificação de boas práticas de fabricação, exigida para fabricantes desse tipo de remédio.

"Não dava para fazer tudo ao mesmo tempo, por isso suspendemos a produção desses medicamentos mais baratos. Mas é uma determinação do governo voltar a oferecer esses produtos que vão ser mais baratos do que os já existentes no mercado", afirma Djalma. Esses medicamentos devem ser subsidiados pelo próprio Lafepe - para que o preço seja mais barato do que os existentes no mercado - e não vão trazer impacto no faturamento da empresa.

Lafepe é referência em medicamentos do SUS

Exemplos dos medicamentos distribuídos pelo SUS que o Lafepe passou a produzir são os três antipsicóticos - usados no tratamento da esquizofrenia e bipolaridade - que o Lafepe produz para o Ministério da Saúde e são distribuídos pelo SUS. Os três são responsáveis por cerca de 60% do faturamento da estatal que alcançou R$ 270 milhões em 2020, de acordo com Djalma. O cadastro de pacientes que consomem esse tipo de medicamento é formado por 2 milhões de pacientes atendidos pelo SUS.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem Data: 12-12-2016 Assunto: ECONOMIA - Laboratório farmacéutico do Estado de Pernambuco ( LAFEPE). ## - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

O laboratório pernambucano produz atualmente cerca de 100 milhões de unidades, enquanto há 10 anos eram fabricados 200 milhões de unidades, quando o seu faturamento girava em torno de R$ 130 milhões. Antes da pandemia, em 2019, o faturamento da empresa chegou a R$ 300 milhões. A receita da empresa atualmente é maior, porque vende produtos que usam mais tecnologia e, por causa disso, têm o preço mais alto.

Criado em 1965, para produzir medicamentos de qualidade e a baixo custo, o Lafepe é uma sociedade de economia mista, com autonomia administrativa e financeira, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde.

O laboratório pernambucano está entre os maiores laboratórios públicos do Brasil. E ainda não tem data, mas as farmácias da estatal vão voltar a oferecer a vitamina C e os analgésicos com a marca do laboratório pernambucano. Hoje, nas farmácias da estatal são comercializados remédios para hipertensão, diabetes, analgésicos, antiparasitários e medicamentos para febre produzidos por outros laboratórios, além dos óculos que são de fabricação própria.

Engajamento social com óculos do Lafepe

VISÃO laboratório também fabrica óculos de graus, vendidos nas suas farmácias, mas parte dessa produção é destinada ao Programa Boa Visão, de 2012 - DIVULGAÇÃO/LAFEPE

O laboratório também fabrica óculos de graus que são vendidos nas suas farmácias. Uma parte dessa produção é destinada ao Programa Boa Visão, iniciada em 2012 no governo de Eduardo Campos (PSB). "Esse programa tem um alcance social fantástico. Dá orgulho ao Lafepe. Tivemos um caso de um adolescente de 11 anos que tinha cinco graus de miopia e não usava óculos", conta Nivaldo.

O programa faz uma parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e a Secretaria estadual de Educação. Os alunos da rede estadual são indicados por professores e fazem consulta de graça nas clínicas conveniadas e recebem o óculos, também de graça.

Também fazem parte do programa os servidores e funcionários da secretaria de Educação estadual que pagam de forma subsidiada pelos óculos. Os óculos em farmácia vendidos pelo Lafepe correspondem a 0,5% de todo o faturamento do Lafepe. Um óculos que custaria R$ 500 pode ser comercializado por cerca de R$ 100 nas farmácias próprias do laboratório. 

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