Bares e restaurantes do Grande Recife continuarão com horário de funcionamento e capacidade de público reduzidos após o Governo de Pernambuco decidir, nessa quinta-feira (20) prorrogar as restrições impostas desde de 26 de abril para tentar frear o número de casos de covid-19, em tendência de alta há seis dias consecutivos. A decisão da administração estadual mantém as regras até o próximo dia 6 de junho.
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Com isso,bares, lanchonetes e restaurantes localizados na Região Metropolitana só podem funcionar até as 18h nos finais de semana. Isto vale para os estabelecimentos que abrirem às 10h. Para os que começarem a funcionar às 9h, o horário limite fica reduzido para as 17h. De segunda a sexta-feira, o horário para todos é de 10h às 20h, com duração máxima de funcionamento de 10 horas.
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Em 53 cidades do Agreste pernambucano, de segunda à sexta, os serviços não-essenciais - atividades econômicas e sociais, como restaurantes - estão proibidos de funcionar das 18h às 5h do dia seguinte. Nos sábados e domingos, tais serviços estão proibidos de abrir as portas.
Abrasel-PE fala em lockdown
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes seccional Pernambuco (Abrasel -PE) criticou a decisão do governo estadual de prorrogar as medidas restritivas. De acordo com o presidente da Abrasel-PE, André Araújo, o horário de funcionamento não atende à demanda de clientes e pode ser comparado a um lockdown para o setor. "Dinâmica de decisões que já se tornou uma prática'', afirma ele.
"É uma situação muito difícil de manter uma empresa funcionando por duas ou três horas por dia. Isso não dá resultado nenhum. Isso é como se fosse um lockdown. Tem praticamente o mesmo efeito danoso para a saúde financeira das empresas", avaliou.
Araújo afirmou que a prorrogação já era esperada pelo setor. "Existe um modus operandi do governo que acompanha a lógica desse percentual (da covid-19). E, pelo que nós já acompanhamos nesses últimos meses, nós comparamos e já esperávamos que essa medida fosse tomada em função dessa dinâmica de decisões que já se tornou uma prática", disse.
Na visão do presidente da Abrasel-PE, as flexibilizações só devem ocorrer quando o percentual de ocupação leitos de enfermaria e unidades de terapia intensiva (UTIs) reduzir. "Esses índices de ocupação de leitos estão nesse patamar há quase dois meses. Enquanto não se abrir mais leitos vai continuar alto. Então, a nossa expectativa é que o governo abra essa frente de leitos para que esse número baixe e volte às flexibilizações que nós precisamos para sobreviver", pontuou.
Queda no consumo
De acordo com um levantamento da Alelo, o consumo em restaurantes, bares, lanchonetes e padarias da região Nordeste registrou queda de 36,3% em março, enquanto a média nacional foi de -34,2%.
Os Índices de Consumo em Restaurantes (ICR) mostram ainda retração de 46,9% na quantidade de vendas, impacto ainda maior que o observado em fevereiro (-36,4%). Somado a isso, o número de estabelecimentos comerciais que efetivaram transações também foi inferior ao observado no mesmo mês de 2019 (-18%). Adotando como parâmetro o valor gasto em restaurantes, é possível evidenciar que as outras regiões mais impactadas em março foram: Centro-Oeste (-35,2%) e Sul (-34,3%).