O economista pernambucano Gilberto Nogueira, mais conhecido como Gil do Vigor, estreou como garoto-propaganda do banco Santander nesse domingo (23), na TV Globo e nas redes sociais. Na peça de 45 segundos, o ex-BBB anuncia a chegada de novo sistema na indústria financeira brasileira, o Open Banking.
- Gil do Vigor no Banco Central? Pernambucano fala de sonho, e BC responde
- Livro de Gil do Vigor, que será lançado em junho, já vendeu milhares de exemplares
- Mesmo contratado pela TV Globo, Gil do Vigor vai fazer pós-doutorado na Califórnia
"Vocês sabiam que o sistema bancário vai mudar?", pergunta Gil, que em setembro segue para a Califórnia para fazer o PhD na área na Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos. "É fácil, é transparente, é liberdade para você deixar o seu dinheiro com quem te oferecer as melhores condições", completa ele.
O banco espanhol não é a primeira marca a apostar em Gil. Ele já assinou contrato com a Vigor, o chocolate Bis e ainda foi contratado pela Globo, a emissora que exibe o "Big Brother Brasil", programa que o revelou neste ano. Gil ficou em quarto lugar no reality.
Após o comercial estrelado pelo "economista mais vigorento do Brasil", como Gilberto foi definido pelo Santander, as buscas na internet por informações sobre o Open Banking cresceram mais de 1.000% no Brasil, segundo dados da ferramenta Google Trends, que mostra os mais populares termos buscados em um recentemente. A ferramenta apresenta gráficos com a frequência em que um termo particular é procurado em várias regiões do mundo, e em vários idiomas.
O que é Open Banking?
Mas o que é Open Banking? O JC foi em busca de especialistas da área para entender a novidade anunciada por Gil do Vigor.
Na esteira do Pix e da agenda do Banco Central (Bacen) de incentivo à competitividade no Sistema Financeiro Nacional (SFN), a chegada do Open Banking deve trazer mais opções de produtos e serviços financeiros, com menos custos, além de mais transparência aos clientes finais, que terão mais autonomia sobre sua vida financeira. É o que defende o economista Edgard Leonardo Lima, professor do Unit-PE. "Na prática, o cliente será dono de seus dados financeiros e poderá escolher quando e com quais empresas vai compartilhá-los", explica o especialista.
"Open Banking é um conjunto de regras e tecnologias que vai permitir o compartilhamento de dados e serviços de clientes entre instituições financeiras por meio da integração de seus respectivos sistemas", completa Edgard.
O princípio fundamental do Open Banking, lembra o professor, é o consentimento do usuário, ou seja, as empresas deverão, obrigatoriamente, compartilhar informações de um cliente - seja pessoa física ou jurídica -, se ele solicitar e autorizar a transmissão dos dados para outra instituição. Edgard cita ainda as vantagens do serviço.
"Hoje fica difícil para os clientes avaliarem as propostas de diferentes instituições, pois é complicado para os bancos com os quais você não possui relacionamento analisarem seu cadastro e assim ofertarem as melhores condições possíveis", afirma. "Agora, com o compartilhamento de dados, isso certamente vai melhorar a concorrência entre as instituições, permitindo que os clientes possam comparar melhor as ofertas e escolher as mais vantajosas", emenda ele.
Com a chegada da ferramenta, segundo Lima, estão previstos o compartilhamento de dados cadastrais: nome, CPF/CNPJ, telefone, endereço, e dados transacionais, como informações sobre renda, faturamento no caso de empresas, perfil de consumo, capacidade de compra, conta corrente, entre outros; e dados sobre produtos e serviços que o cliente usa. "Sempre respeitando a LGPD e com consentimento do cliente", frisa o professor.
O Open Banking começou a funcionar em fevereiro de 2021, na primeira fase as instituições compartilharam as prateleiras de produtos, serviços e taxas disponíveis. A partir de julho, as instituições financeiras estarão aptas a compartilhar entre elas os dados cadastrais de clientes. O projeto conta ainda com duas outras fases, em agosto e dezembro, quando todas as funcionalidades estarão em operação.
Vale dizer que o Open Banking não é uma exclusividade do Brasil. O Reino Unido foi o pioneiro, ao implementar um sistema parecido em 2018, enquanto a Austrália implementou a primeira fase do seu programa em julho deste ano, por exemplo. A Índia também já deu os primeiros passos para a criação do seu Open Banking.
Além disso, países como Estados Unidos, Canadá e Rússia estão analisando maneiras de incorporá-lo aos seus sistemas financeiros.
Como o Open Banking vai funcionar?
O passo a passo de acesso e uso do Open Banking ainda não foi completamente definido, mas algumas etapas já são conhecidas.
Em relação à liberação de dados: se o cliente quiser que o banco A, no qual tem conta, compartilhe dados dele com a fintech B, ele precisa iniciar o processo na instituição que vai receber os dados. Ou seja, deve solicitar o compartilhamento à fintech B que vai avisar o banco A, que o cliente solicitou os dados. Feito isso, o banco A, vai confirmar com o cliente se ele realmente solicitou a liberação.
"Se o cliente confirmar e der seu consentimento, o banco transmite a informação para a fintech. É parecido com o procedimento adotado na portabilidade de crédito", explica Edgard Leonardo Lima.