INDÚSTRIA

Produção de veículos no Brasil está estável, mas esbarra na falta de componentes para crescer

Produção de veículos em maio cresceu apenas 1% em relação ao mês de abril. Dependência da indústria nacional em relação aos componentes vindos da Ásia atrasa o setor automotivo

Cadastrado por

Edilson Vieira

Publicado em 08/06/2021 às 17:05 | Atualizado em 08/06/2021 às 17:17
FALTA Montadoras como Volkswagen, GM e Renault pararam produção pela escassez de semicondutores - GUGA MATOS/JC IMAGEM

A produção de veículos em maio foi de 192,8 mil unidades, apenas 1% superior à de abril, de acordo com o levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgado nesta terça-feira (8). Desde janeiro deste ano, o nível de produção fica entre 190 mil e 200 mil, o que revela uma espécie de “teto técnico” provocado não pela falta de demanda, mas pela crise global de fornecimento de semicondutores, segundo a Anfavea.

“Esse problema, que deve se alongar até os primeiros meses de 2022, é o responsável pelas paralisações temporárias de parte de nossas fábricas, algumas por períodos curtos, outras mais longos”, explica o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, ressaltando que essa questão atinge vários setores industriais, mas o automotivo em especial, já que um único veículo pode ter até 600 semicondutores em seus sistemas eletrônicos. 

VENDAS

Enquanto a produção patina, o licenciamento de 188,7 mil unidades em maio representou alta de 7,7% sobre o mês anterior, com destaque para os 11,5 mil caminhões, melhor resultado do segmento desde dezembro de 2014. Elevação maior ainda tiveram as exportações: 37 mil veículos foram embarcados, 9,1% a mais que em abril. No acumulado dos cinco primeiros meses, os licenciamentos de veículos
chegaram a 891,7 mil, e as exportações a 166,6 mil, segundo a associação dos fabricantes.

POLÍTICA

Na opinião de Luiz Carlos Moraes, a crise dos semicondutores, com produção quase toda concentrada na Ásia, é reveladora de um desafio que precisa ser enfrentado pelo Brasil como uma nação com visão de futuro. “Estados Unidos e países da Europa captaram o sinal de alerta e já estão desenvolvendo políticas industriais no sentido de produzir localmente esses componentes eletrônicos, que são a base de toda a
revolução tecnológica do 5G, internet das coisas, automação e outras já em curso”, afirma o presidente da Anfavea.

“O setor automotivo e outras indústrias dependem cada vez mais desses insumos para dar um passo além em termos tecnológicos, atraindo para o país investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e na esteira disso gerando conhecimento técnico, acadêmico e empregos de altíssima qualidade. Já estamos atrasados, o que exige urgência e grande visão de futuro por parte dos nossos dirigentes”, conclui Moraes.

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