Após dois anos e três meses com suas atividades paralisadas, o terminal de granéis sólidos do Porto de Suape, localizado na retroárea do Cais 5, voltou a operar no último fim de semana. O terminal foi arrendado, temporariamente, à empresa M&G São Caetano, depois da saída da Agrovia do Nordeste. Braço da Odebrecht Transporte, a Agrovia entregou a operação à diretoria do porto, após a decisão da Odebrecht de reduzir sua participação em vários negócios, porque estava em processo de recuperação judicial.
O Terminal dispõe de 72 mil metros quadrados para movimentação e armazenagem de cargas diversas. “Com essa retomada, Suape terá incremento na exportação e importação, tais como açúcar a granel e em sacos, granéis sólidos em geral, como fertilizantes e barrilha (sal branco e translúcido aplicado na produção de vidro, papel, sabão e detergente); coque de petróleo, granéis vegetais, entre outros”, pontua Roberto Gusmão, diretor-presidente de Suape. Ele revela que a chegada da primeira carga importada de coque verde de petróleo pelo porto marcou o reinício das operações do terminal, arrendado, temporariamente, pela empresa M&G São Caetano.
"O terminal tem um importante papel na captação de cargas de granéis sólidos. As instalações, neste momento sob um contrato de transição com a MG São Caetano, tem seu processo percorrendo o rito para a licitação definitiva, por um período de 35 anos. A estrutura de equipamentos está preparada para operações com açúcar ensacado, com uso de esteira e shiploader e outros granéis como coque, barrilha e fertilizantes estão no roll dos granéis sólidos com oportunidades para ocupação do terminal. A retomada das atividades neste terminal, traz um potencial de movimentação da ordem de 500 mil toneladas anuais", explica o diretor de Gestão Portuária de Suape, Paulo Coimbra. Ele adianta que a licitação definitiva deverá ocorrer até o final deste ano. O processo definitivo está na SNPTA.
A embarcação com carga importada de coque verde de petróleo atracou no último domingo e a operação de desembarque das 33 mil toneladas do produto teve início quatro horas depois, devendo ser concluída em 5 ou 6 dias. O navio Lipsi, de bandeira da Ilha de Malta (país europeu), saiu do Porto de Houston, no Texas (EUA), em 2 de junho. A operação segue as orientações ambientais recomendadas pela autoridade portuária, bem como as exigências da licença de operação emitida pelo órgão de controle ambiental.
Assinado no último dia 16 de junho, o contrato de transição com a M&G tem duração de seis meses ou até a conclusão do processo licitatório do arrendamento definitivo pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que ocorrerá em 2022, para exploração do terminal por 35 anos. O espaço foi oferecido para arrendamento após a devolução da área pela Agrovia do Nordeste e autorização da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA). A M&G São Caetano participou do chamamento público em 2020 e ofereceu o maior preço do certame. O terminal tem capacidade de movimentar de 500 a 600 mil toneladas de carga por ano.
O coque verde de petróleo é usado como matriz energética e pode substituir o carvão como combustível nas indústrias. A carga é constantemente exportada via Porto de Suape. Já a operação de descarga é uma novidade e difere dos procedimentos de embarque. O produto é retirado do navio pelos guindastes da embarcação e depositado na caçamba de caminhões por meio de uma moega (equipamento portuário que tem o formato de funil). A carga segue para ser armazenada no terminal, situado próximo do local de desembarque e esse é um dos diferenciais da operação.
Outro ponto a considerar é o monitoramento de particulados 24 horas por dia. A M&G contratou duas empresas, uma para o monitoramento terrestre e outra, para o marítimo. Esses e outros procedimentos são importantes para garantir que não ocorram danos ao meio ambiente. “Contamos também com um supressor de particulados sueco que evita a dispersão de partículas durante a movimentação das cargas. Essas melhorias são baseadas em 15 anos de experiência operando coque de petróleo”, explica Geraldo Lobo, proprietário e CEO da empresa.
A Diretoria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Suape emitiu recomendações quanto aos procedimentos de segurança que devem ser seguidos, como por exemplo: limpeza constante do cais, quando houver produto no chão; paralisação imediata em caso de chuva ou ventos fortes; instalação de barreiras de contenção para cercamento do espelho d’água ao redor do cais, entre outras providências.
A empresa tem sede na cidade de São Caetano, no Agreste de Pernambuco, e é especializada no beneficiamento de gesso e caulim (minério composto de silicatos hidratados de alumínio usado na fabricação de papel, cerâmica, tintas etc.). Também atua como operador portuário, armazéns gerais, carga e descarga e outros serviços de transporte e logística.