Depois de passar dois anos fechado, Terminal de Grãos do Porto de Suape reabre sob o comando da M&G São Caetano

Controlada pela Odebrecht, Agrovia do Nordeste entregou terminal de granéis sólidos em Suape, em setembro de 2019
JC
Publicado em 22/06/2021 às 19:19
RETOMADA Operações estavam paradas há dois anos e três meses Foto: DIVULGAÇÃO


Após dois anos e três meses com suas atividades paralisadas, o terminal de granéis sólidos do Porto de Suape, localizado na retroárea do Cais 5, voltou a operar no último fim de semana. O terminal foi arrendado, temporariamente, à empresa M&G São Caetano, depois da saída da Agrovia do Nordeste. Braço da Odebrecht Transporte, a Agrovia entregou a operação à diretoria do porto, após a decisão da Odebrecht de reduzir sua participação em vários negócios, porque estava em processo de recuperação judicial. 

O Terminal dispõe de 72 mil metros quadrados para movimentação e armazenagem de cargas diversas. “Com essa retomada, Suape terá incremento na exportação e importação, tais como açúcar a granel e em sacos, granéis sólidos em geral, como fertilizantes e barrilha (sal branco e translúcido aplicado na produção de vidro, papel, sabão e detergente); coque de petróleo, granéis vegetais, entre outros”, pontua Roberto Gusmão, diretor-presidente de Suape. Ele revela que a chegada da primeira carga importada de coque verde de petróleo pelo porto marcou o reinício das operações do terminal, arrendado, temporariamente, pela empresa M&G São Caetano.

"O terminal tem um importante papel na captação de cargas de granéis sólidos. As instalações, neste momento sob um contrato de transição com a MG São Caetano, tem seu processo percorrendo o rito para a licitação definitiva, por um período de 35 anos. A estrutura de equipamentos está preparada para operações com açúcar ensacado, com uso de esteira e shiploader e outros granéis como coque, barrilha e fertilizantes estão no roll dos granéis sólidos com oportunidades para ocupação do terminal. A retomada das atividades neste terminal, traz um potencial de movimentação da ordem de 500 mil toneladas anuais", explica o diretor de Gestão Portuária de Suape, Paulo Coimbra. Ele adianta que a licitação definitiva deverá ocorrer até o final deste ano. O processo definitivo está na SNPTA. 

A embarcação com carga importada de coque verde de petróleo atracou no último domingo e a operação de desembarque das 33 mil toneladas do produto teve início quatro horas depois, devendo ser concluída em 5 ou 6 dias. O navio Lipsi, de bandeira da Ilha de Malta (país europeu), saiu do Porto de Houston, no Texas (EUA), em 2 de junho. A operação segue as orientações ambientais recomendadas pela autoridade portuária, bem como as exigências da licença de operação emitida pelo órgão de controle ambiental.

CONTRATO TEMPORÁRIO

Assinado no último dia 16 de junho, o contrato de transição com a M&G tem duração de seis meses ou até a conclusão do processo licitatório do arrendamento definitivo pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que ocorrerá em 2022, para exploração do terminal por 35 anos. O espaço foi oferecido para arrendamento após a devolução da área pela Agrovia do Nordeste e autorização da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA). A M&G São Caetano participou do chamamento público em 2020 e ofereceu o maior preço do certame. O terminal tem capacidade de movimentar de 500 a 600 mil toneladas de carga por ano.

O coque verde de petróleo é usado como matriz energética e pode substituir o carvão como combustível nas indústrias. A carga é constantemente exportada via Porto de Suape. Já a operação de descarga é uma novidade e difere dos procedimentos de embarque. O produto é retirado do navio pelos guindastes da embarcação e depositado na caçamba de caminhões por meio de uma moega (equipamento portuário que tem o formato de funil). A carga segue para ser armazenada no terminal, situado próximo do local de desembarque e esse é um dos diferenciais da operação.

Outro ponto a considerar é o monitoramento de particulados 24 horas por dia. A M&G contratou duas empresas, uma para o monitoramento terrestre e outra, para o marítimo. Esses e outros procedimentos são importantes para garantir que não ocorram danos ao meio ambiente. “Contamos também com um supressor de particulados sueco que evita a dispersão de partículas durante a movimentação das cargas. Essas melhorias são baseadas em 15 anos de experiência operando coque de petróleo”, explica Geraldo Lobo, proprietário e CEO da empresa.

A Diretoria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Suape emitiu recomendações quanto aos procedimentos de segurança que devem ser seguidos, como por exemplo: limpeza constante do cais, quando houver produto no chão; paralisação imediata em caso de chuva ou ventos fortes; instalação de barreiras de contenção para cercamento do espelho d’água ao redor do cais, entre outras providências.

NOVOS OPERADORES 

A empresa tem sede na cidade de São Caetano, no Agreste de Pernambuco, e é especializada no beneficiamento de gesso e caulim (minério composto de silicatos hidratados de alumínio usado na fabricação de papel, cerâmica, tintas etc.). Também atua como operador portuário, armazéns gerais, carga e descarga e outros serviços de transporte e logística.

TAGS
Economia INFRAESTRUTURA pernambuco Porto de Suape
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory