REFORMA TRIBUTÁRIA

Décio Padilha tenta convencer Paulo Guedes a implantar Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Entenda

O Imposto sobre Valor Agregado (IVA) substituiria cinco impostos: IPI, Cofins, PIS, ICMS e ISS. Isso criaria um melhor ambiente de negócios no País, diz Décio

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Angela Fernanda Belfort

Publicado em 23/08/2021 às 17:11 | Atualizado em 23/08/2021 às 17:27
O secretário da Fazenda de Pernambuco, Décio Padilha, defende a implantação do IVA porque isso pode trazer um melhor ambiente de negócios para o País. - Décio Padilha (Foto: Reprodução)

O secretário da Fazenda de Pernambuco e coordenador do grupo de reforma tributária do Comitê dos secretários de Fazenda dos Estados e Distrito Federal (Comsefaz), Décio Padilha, vai se reunir, nesta terça-feira (24), com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na tentativa de conseguir convencer o governo federal a adotar o Imposto sobre Valor Agregado  (IVA) dual, que teria duas partes, uma da União e a outra, dos Estados e municípios. O IVA é um novo imposto que substituiria os cinco tributos que incidem sobre o consumo: o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), o Cofins, o PIS, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços (ISS). O Comsefaz defende que essa modificação traria um melhor ambiente de negócios ao País. 

 >> Paulo Guedes debate reforma tributária com Estados no Senado. Décio Padilha participa

"A intenção seria criar um único tributo com uma legislação nacional que não mude constantemente. Só quem poderia legislar sobre o IVA seria o Congresso Nacional. A finalidade é acabar com este manicômio tributário que atrapalha o ambiente de negócios", explica Décio Padilha. Um dos grande problemas na arrecadação dos impostos brasileiros é a legislação mutante de impostos como o ICMS - que pode ser alterado a qualquer momento por um dos 27 Estados - e o ISS, que tem a legislação definida pelos municípios.

Ainda de acordo com Décio, este IVA estadual colocaria na Constituição todos os passos da substituição dos cinco tributos e "não aprovaria uma reforma tributária fatiada". Há mais de dois anos que os secretários da fazenda estaduais tentam emplacar uma proposta de reforma tributária que inclua o IVA, mas o governo federal não aceitava dois itens contidos na proposta. O primeiro era um comitê gestor do IVA com a participação da União, dos Estados e municípios. O segundo era um fundo de desenvolvimento regional com os recursos bancados pela União.

Ambos foram alterados na proposta do IVA dual que será apresentado a Guedes nesta terça-feira (24). O atual IVA, será uma parte da União e a outra, dos Estados e municípios. O Fundo de Desenvolvimento Regional passará a ser bancado pelos Estados. As mudanças foram feitas para diminuir a resistência do governo federal à implementação do IVA. As alterações se dariam via a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 110 que está tramitando no Congresso Nacional. 

A implementação do IVA dual traria um impacto de mais de 1% no crescimento da economia somente pela substituição dos cinco impostos, de acordo com simulações feitas pelo Comsefaz e entidades que contribuíram para a atual proposta.

Já a carga tributária brasileira que se estima chegar a 35% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano continuará a mesma, apesar da substituição dos cinco tributos pelo IVA, caso seja aprovada. "A carga tributária é proporcional ao tamanho do setor público no Brasil e só reduz se junto com a reforma tributária ocorrer uma redefinição do pacto federativo", diz Décio. Atualmente, 78% de todos os impostos arrecadados vão parar na mão do governo federal, segundo o secretário.

REFORMA DO IRPJ

Caso seja aprovada pelo Congresso Nacional, a última versão de mudar o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) traria uma perda de receita de R$ 7,3 bilhões aos Estados, incluindo R$ 806 milhões perdidos pelo Estado de Pernambuco. Os municípios também perderiam R$ 1,5 bilhão com a atual modificação no IRPJ. Os Estados recebem estes recursos via Fundo de Participação dos Estados (FPE) e os municípios por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). "Não temos condições de aprovar uma proposta que traga perdas aos Estados e municípios. Vamos gastar R$ 1,1 bilhão somente em ações de enfrentamento à pandemia", comenta Décio.

 

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