Com recorde na produção em 2020, produtores da bacia leiteira de Pernambuco já preveem um resultado de retração em 2021. No ano passado, A produção leiteira se manteve em alta e chegou a 1 bilhão e 62 mil litros, o maior volume já registrado, embora tenha apresentado uma diferença pequena, de 6,5 mil litros, sobre o resultado de 2020, segundo os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE, divulgada ontem (29).
Com o resultado, Pernambuco subiu um posto no volume da produção leiteira em 2020 frente ao ano anterior, ocupando o oitavo lugar nacional e a segunda posição no Nordeste, atrás apenas da Bahia.
Já o valor de produção teve um salto de 31% no período, chegando a R$ 1,67 bilhão no ano passado, deixando Pernambuco em sétimo lugar no Brasil.
Mesmo com a melhora na média da produção leiteira, a falta de concorrência entre as indústrias compradoras e o custo para a produção estão inviabilizando o crescimento da cultura no Estado.
"A gente não parou, as indústrias continuaram comprando em 2020, o pessoal das queijarias puderam circular também normalmente e o maior entrave, que foi crescendo foi o custo da produção. Isso já em 2020, porque agora está pior", diz o presidente do sindicato dos produtores (Sinproleite-PE) Saulo Malta.
De acordo com ele, a perspectiva é de que este ano o recorde não seja alcançado. "Em outros estados o leite é vendido entre R$ 2,40 e R$ 2,60. Aqui estamos na casa dos R$ 1,90 aos R$ 2,27. Enquanto o custo da produção praticamente dobrou", reclama.
Com o entrave, parte dos 70 mil produtores já estão migrando para outros segmentos, como o gado de corte, com melhor perspectiva de lucro. "A tendência é de queda na produção pelo custo e preço pago pelas indústrias. O Estado não tem concorrência e ficamos encurralados", ressalta Malta.
Segundo ele, uma das saídas agora buscadas para reverter o cenário é uma articulação junto ao governo do Estado, já aprovada na Câmara Setorial da AdDiper, para isentar a cobrança de ICMS das indústrias de fora que compram o leite produzido no Estado, que hoje arcam com uma alíquota de cerca de 12%, segundo o Sinproleite, para saída do produto.
IBGE
No Estado, em 2020, o valor de produção em produtos de origem animal aumentou 16,5%, chegando a R$ 2,8 bilhões. O estado também se destacou na caprinocultura e bateu recordes na ovinocultura. Por outro lado, os ovos de galinha tiveram redução de -2,1%.