Após mais de dois anos impactados pelas restrições impostas pela pandemia o setor de turismo e hotelaria conseguiu retomar as atividades com mais vigor em 2022. Mas o setor se sente ameaçado com a recente decisão da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) de autorizar aumentos, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), bastante significativos nas contas de luz dos estados do Ceará (24,85%), Bahia (21,13%), Rio Grande do Norte (19,87%) e Sergipe (16,46%). Pernambuco também terá seu aumento definido ainda este mês.
"Quando tudo começa a voltar ao normal e o mercado dá sinais de recuperação, recebemos uma notícia que impactará de forma bastante negativa não só o segmento, mas toda a economia em alguns estados nordestinos", afirmou em um artigo o presidente da ABIH Nacional, Manoel Linhares.
IMPOSTO
Segundo a ABIH Nacional, no caso específico do Ceará, que teve o maior reajuste, a tarifa aplicada na conta de luz saltou 31 posições, saindo de R$ 588,80 por megawatts (MW) a cada hora, para R$ 731,60. "Antes do aumento aprovado, o preço cobrado na energia elétrica do estado representava o 39ª mais caro do Brasil. Agora, ficará em 8º lugar. É importante lembrar ainda que, atualmente, mais de 40% do valor da conta de luz é composto por encargos e tributos (16% e 28% respectivamente) e que uma revisão nesses números poderia ajudar muito a diminuir o impacto do aumento", divulgou a entidade.
Para Manoel Linhares, sobre o reajuste, "a Aneel ainda tem muito a esclarecer". Para Linhares, é preciso dar maior transparência sobre a definição dos índices de aumento e exigir uma contrapartida na melhoria da qualidade dos serviços prestados.
APOIO
A associação que representa o setor hoteleiro nacional diz que ainda precisa de apoio para avançar na sua recuperação e pede para que, ao contrário de aumentar os custos para empresas, sejam adotadas medidas que aliviem seus encargos para que possam atravessar a crise imposta pela pandemia e voltem a crescer e a gerar empregos. A ABIH pede um envolvimento da sociedade civil e dos parlamentares no sentido de exigir da Aneel uma revisão dos aumentos.
"Necessitamos que as autoridades responsáveis atuem para que possamos rever esse aumento, pois caso contrário isso tornará ainda mais difícil a recuperação econômica do turismo nesses estados. Além, é claro, de afetar vários outros setores econômicos, como o comércio, agronegócio, construção civil, vestuário, metalúrgica, alimentícia, de diversos outros segmentos industriais e da população em geral, todos já tão sofridos", afirmou Manoel Linhares.