A 3ª Expo Preta RioMar chegou ao fim neste domingo reafirmando a potência do afroempreendedorismo e da cultura negra em suas mais diversas expressões. Realizado em parceria entre o RioMar Recife e o Instituto JCPM de Compromisso Social (IJCPM), o evento contou em seu último dia com atividades voltadas para toda a família.
A começar pelo CIA Agebês - Maracatu Nação Porto Rico e o Sambando Miudinho, roda de samba para o público infantil, que abriram a programação de forma lúdica.
Durante toda a tarde, painéis de conteúdo trouxeram reflexões profundas sobre questões fundamentais para a luta antirracista e a defesa das religiões de matriz africana. No painel "Antirracismo na prática: o papel das pessoas aliadas", Ana Paula Azevedo e Carol Figueiredo, sob mediação de Ana Helena Ithamar, discutiram o impacto da aliança de pessoas não negras na luta por igualdade racial.
A advogada e ativista Ana Paula ressaltou que "é fundamental que aliados não se limitem a discursos de apoio, mas que atuem concretamente em seus espaços, desafiando as estruturas racistas que perpetuam desigualdades.” Já Carol Figueiredo destacou o poder das redes sociais como ferramentas de conscientização e ativismo.
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O debate sobre "Racismo religioso", com Neto de Osa e Janielly Azevedo, foi outro momento marcante do dia. Neto de Osa ressaltou que a religiosidade de matriz africana continua a ser um espaço de acolhimento e resistência.
Em suas palavras: “A nossa cultura é a de não proibir nada. Você pode fazer as suas coisas, as coisas que quiser. As consequências são suas. A dança, a música, a vestimenta… Tudo isso desperta curiosidade e abre portas para a magia e o encanto que o candomblé proporciona.”
Outro painel de grande relevância foi "Vivências Ancestrais", com Vera Baroni e Tayná Passos, que compartilharam suas experiências e reflexões sobre a importância da ancestralidade na construção da identidade negra. Chefe de cozinha afro-indígena e empreendedora, Tayná Passos relembrou que “a ancestralidade é construção. É estar presente e honrar o legado que nos foi deixado”, definiu.
Referência histórica na defesa dos direitos humanos em Pernambuco e fundadora da Rede de Mulheres de Terreiro, Vera Baroni trouxe à tona a importância de manter viva a religiosidade de matriz africana como uma forma de resistência e afirmação identitária.
“Ancestralidade é um dos pilares da nossa identidade. No Brasil, constituímos ancestralidades diversas, e é importante entender que nossa afroreligiosidade tem uma composição plural e complexa, formada pela interação entre diferentes povos que resistem até hoje”, afirmou.
ANCESTRALIDADE POR MEIO DA MODA
O último dia da 3ª Expo Preta ainda celebrou a ancestralidade por meio da moda, com um desfile que apresentou criações de pessoas afroempreendedoras de várias regiões do Recife, confirmando o papel do evento como plataforma de impulsionamento do afroempreendedorismo. As peças apresentadas exaltaram a estética negra, mesclando tradição e contemporaneidade em uma passarela que foi muito além da moda, refletindo identidades e reforçando o empoderamento por meio da moda.
O Afrobaile B2B Baile Charme, seguido pela DJ Léa, fechou o dia com muita música e energia, chamando o público do RioMar para dançar.
Durante três dias de evento, a Expo Preta RioMar apresentou 24 estandes com produtos e serviços de pessoas afroempreendedoras oriundas de 14 bairros do Recife que tiveram a oportunidade de exibir suas criações e gerar novas oportunidades de negócios.
A 3ª Expo Preta RioMar começou com a potente apresentação de Gaby Amarantos na quinta-feira (15/8). Ao longo dos últimos três dias, painéis de discussão e manifestações culturais diversas reafirmaram que o fortalecimento da cultura negra e o combate ao racismo são pautas permanentes, que devem ser incorporadas ao cotidiano da sociedade. Como disse Vera Baroni: “A resistência é diária, ancestralidade é alicerce, e eventos como a Expo Preta são vitais para continuar afirmando quem somos, de onde viemos e como queremos estar no mundo.”