Jogadores na Espanha vivem entre o medo do coronavírus e a vontade de jogar

A Liga espanhola prevê uma volta aos treinos em várias fases
AFP
Publicado em 24/04/2020 às 14:21
"Não queremos voltar cedo demais", disse o atacante Bale Foto: Foto: OSCAR DEL POZO / AFP


No momento em que surge no horizonte a possibilidade de voltar aos treinos, após a suspensão forçada pela pandemia do coronavírus, os jogadores de futebol na Espanha vivem entre o medo da doença e a vontade de voltar a jogar.

"Sou otimista, acredito que vai voltar e espero que em junho já estaremos jogando", afirmou o lateral do Athletic Bilbao Ander Capa à Radio Popular.

A Liga espanhola prevê uma volta aos treinos em várias fases, que incluem a frequente realização de testes de detecção do coronavírus nos jogadores e comissões técnicas dos clubes.

"A Liga está trabalhando com os serviços médicos para começar a fazer os testes em 28 de abril", declararam à AFP fontes do Campeonato Espanhol.

Estes testes se repetirão "a cada três ou quatro dias" quando começarem os treinos, explicou o presidente da Associação Espanhola de Médicos de Equipes de Futebol, Rafael Ramos, à emissora Cope.

O Campeonato Espanhol pretende retornar aos treinos em 4 de maio, de acordo com a imprensa, e à competição no final do mês ou início de junho.

"O cenário atual que temos é poder começar em 28-29 de maio, 6-7 de junho ou 28 de julho", afirmou o presidente da Liga espanhola, Javier Tebas, que estimou em 1 bilhão de euros o prejuízo para os clubes espanhóis caso não sejam reiniciados o campeonato nacional, a Champions e a Liga Europa.

Pendentes da aprovação do governo

Contudo, tudo depende da autorização do governo.

"O Ministério da Saúde irá trilhar o caminho", alertou o ministro de Cultura e Esportes, José Manuel Uribes.

"Todos queremos voltar a jogar, mas o mais importante é fazê-lo com segurança. Não queremos voltar cedo demais", considerou o atacante galês do Real Madrid Gareth Bale à emissora britânica BT Sports.

Os jogadores, que estão confinados em suas casas, onde seguem planos de treinamento personalizados, insistem na necessidade de se ter o máximo de segurança antes de voltar a tocar na bola.

A Espanha é um dos países mais afetados pela pandemia do coronavírus, com mais de 22.000 mortes pela doença.

O sindicato AFE, que agrupa jogadores da primeira e segunda divisões, enviou uma carta ao Ministério da Saúde e ao Conselho Superior de Esportes (CSD), dependente do Ministério da Cultura e Esportes, para pedir que "a autoridade esportiva (CSD), em coordenação com a autoridade sanitária, nos dê segurança em relação a esta desescalada da volta à competição".

"É lógico que o futebol volte? Se temos uma segurança absoluta, sim, mas o primordial neste momento, para todos, é a saúde", alertou na quarta-feira (23) o goleiro do Espanyol, Diego López, que viu oito de seus companheiros de clube sofrerem com a doença.

'Não vou jogar'

Diante deste moderado otimismo de alguns, que pedem segurança, outros veem o futuro de maneira mais pessimista.

"Será difícil que se reinicie a competição", disse o volante do Barcelona Sergio Busquets.

"É possível que possamos treinar seguindo o protocolo sem coincidir com os companheiros e tomando banho em casa, mas o momento de nos juntar e viajar será difícil", completou.

Já Rafael Jiménez 'Fali', zagueiro do Cádiz, líder da 2ª divisão, foi mais contundente ao afirmar não querer jogar.

"Fiquei sabendo que vamos começar a treinar em 4 ou 11 de maio. Eu me neguei, não vou treinar. Não vou jogar. Tenho isso muito claro desde o início", disse ao AS.

"A saúde sempre em primeiro lugar e, se é verdade que estão 100% seguros de que não vamos nos expor ao vírus, que coloquem isso no papel. Se acontecer qualquer coisa com um jogador de futebol, que aconteça com eles também", concluiu.

VEJA MAIS CONTEÚDO
Show Player

TAGS
esportes futebol espanha coronavírus
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory