Lucas Holanda
Publicado em 02/05/2020 às 16:20
Dos três times da capital pernambucana, o Santa Cruz foi o único a não publicar o balanço financeiro de 2019 no dia 30 de abril, prazo estabelecido pela Lei Pelé. No entanto, essa data não é a final para a publicação, já que houve a Medida Provisória 931, sancionada pelo Governo Federal. Essa medida estende o prazo por mais 90 dias, sendo 31 de julho o dia limite para a publicação de quem atrasou. No entanto, Lei Pelé, que rege o assunto sobre o balanço dos clubes não foi agregada à essa MP, deixando o assunto ser discutido na esfera federal - o Santa Cruz está seguindo essa medida provisória.
Em entrevista ao repórter João Victor Amorim, da Rádio Jornal, o membro do conselho gestor do Santa Cruz, Ítalo Mendes, deu detalhes sobre a não publicação do Tricolor no dia 30, data limite de acordo com a Lei Pelé. Segundo o dirigente coral, a pandemia do novo coronavírus atrasou todo o processo. Isso porque o clube coral não iria publicar apenas o balanço de 2019, mas também republicar de forma atualizada e com reconhecimento de dívidas as contas de 2017 e 2018.
"O Santa Cruz praticamente estava com todas as suas demonstrações contábeis do ano de 2019 prontas, faltando algumas revisões e conciliações de contas contábeis. A não publicação do balanço foi uma medida técnica, uma vez que o Santa Cruz vem trabalhando fortemente desde o ano de 2018 na republicação do seu balanço, das suas demonstrações de 2017 e 2018. Uma necessidade inerente para atualizar os demonstrativos de acordo com a realidade que o clube apresenta hoje. Está sendo atualizado todos os ativos, passivos, toda a dívida existente, seja ela trabalhista, cívica ou tributária. Tudo isso vai sair na republicação do balanço de 2018 e também de 2017, por uma necessidade atrelada à autoridade pública do futebol brasileiro", destacou ítalo.
"Essas republicações estavam envolvidas consultorias e auditorias tanto de dentro de Pernambuco como de profissionais de fora do Estado, que estavam programados para estarem presentes no clube por volta de março e início de abril e, a partir daí, fazer a conclusão e revisão dessas demonstrações, verificação de algumas documentações, os pareceres de auditoria e notas explicativas. Tudo isso é um trabalho que envolvia a presença de profissionais também de fora do Estado, o acesso à documentações que ficam dentro do clube, inclusive com a participação de funcionários do administrativo, do financeiro e profissionais da área de contábeis dando o apoio para concluir esses números da republicação. E esses números de 2017 e 2018 impactam nos saldos iniciais de 2019, que inclusive já estão lançados. Já estão trazendo números atualizados. Não fazia sentido a gente publicar 2019 sem a republicação de 2017 e 2018", explicou o dirigente coral.
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De acordo com Ítalo Mendes, a pandemia do novo coronavírus impactou diretamente não só o Santa Cruz, mas também alguns clubes do Brasil. Segundo o membro do conselho gestor coral, o Tricolor vai publicar um balanço seguindo rigidamente os critérios adotados para a publicação, deixando as demonstrações mais completas e detalhadas. "Esse momento de pandemia do novo coronavírus impactou não apenas o Santa Cruz, mas creio que diversos clubes do Brasil também. Há uma sinalização por parte do Ministério da Economia onde as publicações dos clubes de futebol estariam contempladas na Medida Provisória 931, embora a medida não tenha falado sobre entidades sem fins lucrativos", disse Ítalo.
"No entanto, por outro lado, as assembleias para poder liberar a aprovação de contas por parte do conselho deliberativo, conselho fiscal e conselho de administração do clube, foram postergadas para 31 de julho, que é a data limite que o conselho deliberativo poderá para aprovação de contas. Tenho certeza que isso será possível na medida em que as autoridades de saúde liberarem aos poucos e a rotina voltando à normalidade. E o Santa Cruz pretende, dentro do conceito de segurança, concluir esse trabalho e fazer a publicação seguindo rigidamente todas as regras e os critérios adotados para a publicação das demonstrações. A gente quer fazer uma publicação completa, descente, respaldado com todas as legislações, apontando todas as alterações de contas e apresentar também os números de 2019", completou o membro do conselho gestor do Santa Cruz.
Uma das novidades no balanço detalhado do Santa Cruz é o reconhecimento de dívidas. De acordo com o membro do conselho gestor Tricolor, é importante que o clube coral aprenda a conviver com essas dívidas e que trabalhe para seguir amortizando os débitos, o que, segundo Ítalo Mendes, é uma das bandeiras da gestão do presidente Constantino Júnior.
"2019 é mais um ano da gestão de Constantino Júnior, que vem prezando e dando carta branca para que a organização do clube seja visível não só nos números contábeis, mas também no cumprimento das obrigações que o clube têm, além das dívidas. Tem que aprender a conviver com essas dívidas e pagar elas para que a gente possa continuar esse processo que foi uma das bandeiras da gestão de Constantino Júnior: cumprir com todos os compromissos para fazer a entrega das demonstrações, deixar o Arruda com uma estrutura adequada e adesão ao licenciamento de clubes da CBF. A gente pretende fazer isso com bastante cuidado, segurança e, principalmente, cumprindo todas as diretrizes e normas contábeis para fazer isso", disse Ítalo Mendes.
Ainda de acordo com Ítalo Mendes, o Santa Cruz está respaldado por diversas legislações sobre a não publicação do balanço, devido ao estado de calamidade em que o Brasil se encontra. Segundo o membro do conselho gestor coral, o torcedor tricolor vai ter acesso aos números com bastante detalhes e vai visualizar um superávit de R$ 2,5 milhões, algo que, de acordo com Ítalo Mendes, não acontecia desde o ano de 2013
"Por força dessa calamidade pública, o Santa Cruz está respaldado por diversas legislações e em breve o torcedor tricolor vai ter acesso aos números com bastante tranquilidade. A partir da publicação, vai poder conhecer os números que representem a realidade. Nos números de 2019, por exemplo, um faturamento acima dos R$ 18 milhões, o que representou aí a boa atuação da equipe que foi avançando de fase na Copa do Brasil. Outra receita potencializada, por exemplo, foi que a torcida aumentou o quadro de sócios do clube", disse Ítalo Mendes
"Além disso, a venda de atletas, como por exemplo a do Elias para o Athletico Paranaense e outras receitas em que o clube trabalhou em todas as suas áreas para permitir que o Santa Cruz possa não ter apenas um aumento nas receitas, mas ter um resultado superavitário e amortizar as dívidas que existem. O cenário é superavitário no ano de 2019, um pouco mais de R$ 2,5 milhões. Se eu não me engano, o último superávit que o Santa Cruz teve foi em 2013. Então a gente espera continuar com essa boa gestão para poder apresentar não só a torcida tricolor, mas também a todo o mercado do futebol números que representem a realidade do clube e que possam trazer total confiança na apresentação de suas demonstrações", finalizou o membro do conselho gestor do Santa Cruz.