A condução do processo eleitoral do Sport foi de idas e vindas. De uma possível antecipação para novembro, o pleito só vai acontecer agora em março de 2021, após o Conselho Deliberativo votar pelo adiamento. Diante deste cenário, a reportagem do Jornal do Commercio construiu uma linha do tempo com os acontecimentos eleitorais do clube rubro-negro. Os fatos vão desde a uma antecipação, noticiada em agosto, até o martelo batido para o adiamento das eleições, que só vão ocorrer em março do ano que vem, no mês seguinte ao término da Série A.
No dia 26 de agosto, durante o programa Bate Rebate, da Rádio Jornal, o comentarista Ralph de Carvalho noticiou que o pleito do Sport, então marcado para o dia 18 de dezembro, poderia ser antecipado para novembro. E a informação noticiada no fim de agosto foi confirmada pelo presidente Milton Bivar no dia 9 de setembro, também durante o programa Bate Rebate, apresentado pelo comentarista. Além de confirmar que o pleito iria ser antecipado, Bivar também disse que não seria candidato à reeleição, mas que o grupo lançaria um nome. Veja alguns trechos do que o então presidente leonino falou.
“Vai ter sim (a antecipação), porque é uma coisa que já está na mudança do nosso estatuto e é uma coisa muito salutar. O calendário aumentou muito em termos de competições e você é eleito na segunda quinzena de dezembro, assume no dia primeiro de janeiro e dia nove já tem jogo. Não tem condições nenhuma de se preparar principalmente no aspecto físico dos atletas para que a gente possa enfrentar todo o calendário. (...) Acredito que, com a antecipação de um mês, o sujeito terá mais tempo para trabalhar e tenha o mês de dezembro para dar a sua cara para o que pensa sobre o futebol no clube. Faz a eleição e a chapa eleita assume 10 dias depois. Não estou pensando em reeleição", disse Milton Bivar no dia 9 de setembro em entrevista à Rádio Jornal.
“Eu não tenho um nome, mas tenho um perfil. E o perfil é parecido com a nossa filosofia, com coragem e pé no chão para fazer um time relativamente barato e que você possa ir pagando sem criar débitos e ir amortizando dívidas aos poucos e se for entrar gente e a mesma filosofia anterior não adiantou nada, para que foi todo aquele sacrifício da gente para voltar para a Série A? Tanto trabalho encaminhado, principalmente esse ano também, a gente tá levando cacete, todo mundo querendo jogador e a gente falando ‘não pudemos’. Não é o fato de ter o cartão de crédito que podemos usar até o limite, mas temos que usar com pés no chão e eu vejo muita cobrança em cima da gestão, contrata jogador e gasta porque ano que vem tem uma receita de 40 milhões, essa brincadeira aí foi o que lascou o clube”, encerrou Milton Bivar durante a entrevista à Rádio Jornal, falando sobre o perfil do candidato da situação.
No dia 15 de setembro, o Sport formalizou um pedido de antecipação junto ao Conselho Deliberativo para que o órgão definisse uma data e convocasse uma Assembleia Geral para bater o martelo sobre a antecipação através de uma votação online. A requisição, aliás, partiu do próprio presidente Milton Bivar, que, na época, abriu mão de terminar o mandato que iria até janeiro, para que a nova direção eleita pudesse fazer esta transição durante a Série A, que só termina em fevereiro de 2021, por conta da pandemia do novo coronavírus.
No dia 2 de outubro, em entrevista ao Jornal do Commercio, o vice-presidente do Conselho Deliberativo do Sport, Ricardo Sá Leitão, afirmou que a antecipação não iria acontecer e que o pleito seria realizado no dia 18 de dezembro, data original das eleições do Sport. Na época, outra discussão era de como seria feita a votação para eleger a nova chapa do Sport. Entre as opções, a eleição online ganhava força como uma via para a realização. Veja o que Ricardo falou no dia 2 de outubro ao JC.
“Como existe uma procura muito grande para viabilizar a votação virtual em uma assembleia, além da auditoria que é necessária conter nesse processo, foi ponderado que não havia tempo hábil para votar a antecipação e posteriormente fazer uma eleição. Além disso, o presidente Milton Bivar achou melhor não antecipar o pleito para não gerar nenhum desgaste ou polêmica e outras chapas trabalharem os respectivos nomes. Assim, a atual gestão terminará no tempo normal”, disse vice-presidente do Conselho Deliberativo do Leão.
No dia 10 de novembro, por meio de um comunicado publicado no site oficial do Sport, o então presidente Milton Bivar confirmou que seria candidato à reeleição, tendo em Manuel Veloso o seu candidato à vice-presidência do clube. "Apesar de afadigado, Milton atendeu ao apelo de vários grupos rubro-negros para sua permanência e da sua gestão íntegra, que vem sendo feita no Clube para que o Sport possa ressurgir administrativa e financeiramente nos próximos anos. Além de assumir esse compromisso, o presidente assume a renovação de quadros e a inclusão de jovens competentes, que terão mentoria para seguir nos principais cargos do Clube e, assim, atingir a tão desejada renovação no Sport", diz um trecho da nota que está no site oficial do Sport.
No dia 11 de novembro, o vice-presidente do Conselho Deliberativo, Ricardo Sá Leitão, confirmou ao Jornal do Commercio que as eleições do Sport iriam acontecer em janeiro de 2021, juntamente com a votação do novo estatuto do Leão. Na época, o motivo do adiamento do pleito era por conta de um decreto que proibia assembleias presenciais nas associações até 31 de dezembro. Veja o que disse Ricardo ao JC no dia 11 de novembro.
“Autorizamos a postergação para a primeira semana de janeiro. A ideia da Executiva é fazer no dia 04 de janeiro. Deve ser essa a data. Deixamos a autorização até o fim da primeira semana, embora haja essa previsão para o dia 04, para prevenir algum contratempo. Só foi para o Conselho porque havia um pedido de prorrogação. De poucos dias, é verdade, mas o Estatuto reza que se façam eleições até o fim de dezembro, então, era necessária essa autorização”, disse Ricardo.
“O motivo do adiamento foi a Lei 14.030/2020, que proíbe assembleias presenciais, nas associações, até 31 de dezembro. A bem da verdade, a lei permite a realização, antes, se autorizada pelas autoridades sanitárias locais, mas, caso dependamos dessa autorização, a data ficaria incerta. E temos que divulgar o edital 25 dias antes do pleito, o que complicaria ter essa definição”, completou o dirigente, que ainda lembrou que se o período de validade da lei for aumentada existem “dois inconvenientes de custo e logística” e “provavelmente” a eleição ocorreria de forma remota.
Na época, Bivar disse para a reportagem do JC que a intenção era realizar o pleito no dia 4 de janeiro e que a data seria oficializada em breve pelo Executivo. Na ocasião, outros dois nomes eram candidatos além de Milton Bivar: Luiz Carlos Belém e Eduardo Carvalho, que ainda seguem com suas candidaturas, diferentemente de Bivar.
No dia 12 de novembro, em entrevista ao comentarista Ralph de Carvalho, da Rádio Jornal, o então candidato à presidência, Eduardo Carvalho, disse que iria entrar com uma medida judicial contra o adiamento das eleições para 4 de janeiro. Além disso, afirmou que era uma manobra do então presidente Milton Bivar, que de início tinha afirmado que não seria candidato mas voltou atrás. Veja o que Eduardo Carvalho falou no dia 12 de novembro em entrevista à Rádio Jornal.
“Nós estamos estudando, infelizmente, o ingresso com medida judicial. Até porque, teve alguém no Santa Cruz que entrou com uma ação, porque se tentou a prorrogação do mandato, e o juiz determinou que fosse realizado a eleição. Não há menor razão para que essa eleição não seja realizada na data prevista no estatuto do Sport Club do Recife”, afirmou Eduardo Carvalho.
“Em primeiro lugar, o estatuto não permite que seja feita essa alterações. Em segundo lugar, a pouco tempo atrás, o atual presidente tentou fazer uma antecipação das eleições sobre o pretexto de aderir a necessidade imperiosa para que a transição fosse feita de forma tranquila. O senhor Milton Bivar, estava agoniado por antecipar as eleições preocupado com a transição de um presidente para o outro. Essa preocupação foi bater aonde? Acabou?”, questionou.
No dia 19 de novembro, por meio de uma carta publicada no site oficial do Sport, o presidente Milton Bivar afirmou que não seria candidato à reeleição do Sport. Confira a carta completa no site oficial do Rubro-Negro.
No dia 12 de novembro, o vice-presidente do Conselho Deliberativo do Sport, Ricardo Sá Leitão, afirmou ao Jornal do Commercio que a eleição deveria acontecer em dezembro, como prevê o estatuto do Leão. “O Corpo de Bombeiros deve autorizar, e o Sport conseguirá fazer as eleições em dezembro, mesmo, conforme o estatuto”, afirmou Ricardo de Sá. “O clube vai ajustar o protocolo (de prevenção ao novo coronavírus) às orientações do CBM”, completou. No dia 20 de novembro, após a publicação de um edital, o pleito foi confirmado para o dia 18 de dezembro.
No dia 20 de novembro, Milton Bivar disse ao Jornal do Commercio que estava tirando licença da presidência do clube no final da sua gestão. O principal motivo alegado pro Bivar foi que iria cuidar da saúde. Quem ficou e está como presidente em exercício é Carlos Frederico, vice de Bivar. O mandatário, aliás, disse ao JC no mesmo dia que a situação não iria lançar candidato para o pleito previsto para acontecer no dia 18 de dezembro. Veja trechos do que ele afirmou.
“Não, não. A gente não deve ter candidato. Não há interesse nenhum. O Sport está muito dividido politicamente. Foi uma surpresa para nós observar os movimentos que fizeram, até mesmo dentro da coligação e união de forças que elegeram Milton há dissidências e há insatisfeitos. Então acha que a melhor forma desse pessoal estar dentro do clube é via eleição, via voto”, explicou Carlos Frederico, presidente em exercício do Sport até o fim da gestão Milton Bivar.
“Muito ruim para o clube (eleição em dezembro). O que o presidente tentou desde o começo foi buscar um consenso. Ele emprestaria o nome dele para esse consenso, mas o que ele viu foi uma luta dentro do clube pelo poder. E isso não combina com ele e nem comigo, não faz parte do nosso dia a dia. Eu e ele encaramos a presidência do Sport como um grande sacrifício. Uma coisa de sacrifício enorme, onde a gente vai por exigência e pedidos do nosso grupo. Suspeito muito de pessoas que têm uma gana de ser presidente do clube a qualquer preço. Só posso pensar que essas pessoas têm outros interesses que não somente ajudar o clube. Quem só tem interesse em ajudar o clube não aguenta ficar mais do que dois anos. E já vai para esses dois anos no sacrifício”, afirmou sobre o pleito no dia 18 de dezembro.
No dia 23 de novembro, a coluna Planeta Bola, do Jornal do Commercio, assinada por Carlyle Paes Barreto, informou que a atual gestão do Sport iria propor a extensão do mandato e o adiamento das eleições, com a justificativa de não atrapalhar o time na disputa da Série A.
No dia 27 de novembro, por meio de um edital, o Conselho Deliberativo convocou os conselheiros para uma reunião, feita de forma virtual, para debater o adiamento das eleições do clube. A reunião aconteceu na última segunda-feira, dia (30), pela manhã.
Na manhã da última segunda-feira (30), durante a reunião do Conselho Deliberativo do Rubro-Negro, o martelo foi batido de que o pleito, previsto para acontecer no dia 18 de dezembro, vai ocorrer apenas após o fim da Série A, que termina no dia 24 de fevereiro. Portanto, a expectativa é de que as eleições do Leão sejam realizadas em março.
Vale lembrar que, com o adiamento para 2021, os candidatos que ainda não realizaram suas inscrições podem fazer. O grupo da situação, inclusive, não lançou a chapa até o momento. Milton Bivar seria o nome, mas desistiu de concorrer à reeleição e, além disso, também se licenciou da presidência do clube, ficando apenas na direção de futebol. Quem ficou na presidência do Executivo foi Carlos Frederico, então vice-presidente do Rubro-Negro.
No debate, os quatro candidatos estiveram presentes. Enquanto Delmiro Gouveia e Luiz Carlos Belém se mostraram favoráveis ao adiamento das eleições, Nelo Campos e Eduardo Carvalho votaram contra. Os últimos dois candidatos citados, inclusive, iriam registar suas chapas na sede do clube. A reunião contou com três opções de votos. A primeira seria manter o calendário eleitoral, a segunda seria o adiamento do pleito e a manutenção do calendário eleitoral e, por último, que foi a mais votada, o adiamento total, com a realização de novos processos.
Na última segunda-feira, após o adiamento das eleições para março, o candidato Eduardo Carvalho, que votou contra a realização do pleito apenas em 2021, disse à Rádio Jornal que o caminho agora é 'entrar na justiça'. No mesmo dia, por meio de uma nota, o candidato Nelo Campos, que também votou contra o adiamento, disse que o jurídico de sua chapa está estudando essa decisão de adiar a eleição.