O julgamento do caso da detenta Suzy e do doutor Drauzio Varella no tribunal da internet

Reportagem sobre o abandono da trans foi veiculada e comoveu o País. Dias depois, site divulgou que a réu estuprou e matou uma criança
Katarina Moraes
Publicado em 09/03/2020 às 9:11
Em reportagem, Drauzio Varella contou que Suzy não recebe visitas há oito anos na prisão Foto: REPRODUÇÃO/TV GLOBO


A história da detenta Suzy Oliveira comoveu telespectadores e a web na última semana. Ela ficou conhecida através da reportagem do doutor Drauzio Varella sobre transexuais nos presídios, exibida pelo Fantástico, da TV Globo. Neste domingo (8), no entanto, o suposto motivo da sua prisão veio à tona, o que mudou a receptividade de grande parte do público com o caso.

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De acordo com o site O Antagonista, o nome de batismo de Suzy seria Rafael Tadeu de Oliveira dos Santos. A partir disso, a ficha criminal do acusado foi analisada pelo JC. Ainda não é confirmado, no entanto, que o nome é de fato de Suzy.

Crime

Rafael Tadeu de Oliveira dos Santos, foi preso por estuprar e estrangular Fábio dos Santos Lemos, de nove anos, em maio de 2010. Segundo decisão judicial publicada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), o réu pediu que a criança o ajudasse a carregar um monitor de computador até sua casa, já com ideia de praticar os crimes.

O documento também diz que, desde sua adolescência, ele costumava praticar crimes sexuais contra crianças, de acordo com depoimento da sua tia, e que demonstrou frieza e falta de empatia após o crime. Com julgamento do Superior Tribunal de Justiça, recebeu pena de 30 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão, em decisão final.

Defesa

O mote da reportagem parte da defesa de Drauzio que a principal diferença entre um homem e uma mulher na cadeia é o abandono ao qual as mulheres estão sujeitas. Em seu livro “Prisioneiras”, o médico explica que as mulheres acabam ficando “completamente abandonadas”, sem as visitas de familiares recorrentes aos homens que estão no sistema prisional.

Após a repercussão da notícia divulgada pelo O Antagonista, Drauzio Varella se manifestou e defendeu que "não pergunta a pacientes o que fizeram de errado". "Há mais de 30 anos frequento presídios, onde trato da saúde de detentos e detentas. Em todos os lugares em que pratico medicina, seja no meu consultório ou nas penitenciárias, não pergunto sobre o que meus pacientes possam ter feito de errado", escreveu em nota.

E afirmou que cumpre os mesmos princípios na televisão. “Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico. No meu trabalho na televisão, sigo os mesmos princípios. No caso da reportagem veiculada pelo Fantástico na semana passada (1/3), não perguntei nada a respeito dos delitos cometidos pelas entrevistas. Sou médico, não juiz", concluiu.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) tem feito, durante todo o dia, comentários acerca do caso, em críticas à TV Globo.

“Nos últimos dias, a Globo tem feito campanha para louvar um detento que se intitula Suzy, sem falar qual o crime dele. Surge a informação que ele ESTUPROU, MATOU E ESCONDEU O CORPO DE UMA CRIANÇA, é isso mesmo? Isto passaria de qualquer limite, abominável seria pouco…”, disse, em tuíte.

A conta do Movimento Brasil Livre no Twitter ironizou o caso e questionou “Como assim a Suzy não foi presa por ser trans e sim por ter MATADO um menino de 9 anos??????????”

O humorista Paulinho Serra discorreu que o caso evidencia "tempos sombrios". "Todos com muito ódio no coração e pressa por justiça com as próprias mãos", desabafou.

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