Por conta do coronavírus, alguns pernambucanos estão sendo impedidos de desembarcar no Porto de Lisboa, em Portugal. O ‘Navio Soberano’, operado pela Pullmantur, que saiu do Porto do Recife no dia 4 de março com destino à capital portuguesa, teve sua rota alterada por causa da proibição de entrada no país. A precaução foi tomada por conta do surto de coronavírus (Covid-19) na Europa. Até o momento, não há caso de tripulante ou passageiro confirmado de Covid-19 na embarcação. Mesmo assim, ninguém teve autorização de pisar no continente europeu.
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A fisioterapeuta Karla Martins, de 34 anos, que está na embarcação, relatou, em entrevista à reportagem do Jornal do Commercio, como está sendo a rotina dentro do cruzeiro e contou o receio de “acabar ficando presa na Europa sem conseguir voltar” para o Brasil. Ela criticou a CVC, empresa que vendeu o pacote de viagens. “A CVC nunca deu nenhuma informação, tudo que estamos recebendo aqui é da Pullmantur, através de mensagens do comandante”.
Segundo ela, quase 2 mil pessoas estão a bordo e praticamente todos são brasileiros, sendo a maioria residente no estado de Pernambuco. Foi informado pelo comandante que os passageiros serão levados até a Espanha, ao porto de Cádis, e de lá haverá um encaminhamento de ônibus para Lisboa. A previsão é chegar na capital lusitana no domingo (15) pela manhã.
“O pacote que compramos incluía a passagem de volta, de Sevilha para Recife, no dia 23. Visto a situação na Europa, gostaríamos de mudar o voo para voltarmos o mais cedo possível, de Lisboa mesmo, pois poderemos acabar ficando presos na Europa sem conseguir voltar”, alertou.
O itinerário oficial previa a passagem por Mindelo, em Cabo Verde; e Tenerife, na Espanha. “Quando chegamos em Mindelo, o Governo de Cabo Verde não permitiu nossa parada. Seguimos para Tenerife e lá desembarcando normalmente”, disse.
Em nota enviada ao JC, a empresa de turismo CVC informou que "a companhia marítima Pullmantur, responsável pelo itinerário do navio Soberano, está cumprindo as orientações das autoridades portuguesas e, por isso, segue viagem para a cidade mais próxima, Cádis, na Espanha. Todos os passageiros a bordo do navio já foram informados das mudanças e a CVC está organizando o traslado de seus clientes para Lisboa”.
A comunicação é feita apenas via WhatsApp, pacotes foram disponibilizados para os passageiros com o valor inicial de 10 dólares, tendo duração de 24 horas. Após o aviso do comandante, sobre a mudança de rota, quem não havia comprado pacote teve 180 minutos de WhatsApp liberado para informar ao familiares da atual situação.
Karla disse ainda que a maioria dos passageiros iria ficar viajando pela Europa e voltaria ao Brasil de outras localidades. Só que depois dos acontecimentos desta sexta-feira (13), todos desejam voltar ao país para não ficar presos na no velho continente, devido à dificuldade em conseguir voos.
“Não houve nenhum caso suspeito aqui dentro. Não há nenhuma recomendação. Apenas o esforço da tripulação em fornecer muito álcool em gel. Sempre que entramos em algum restaurante ou salão tem um funcionário com álcool em gel obrigando a lavar as mãos.”
A doença que foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como pandemia, tem, atualmente, o continente europeu como epicentro. O diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou hoje (13) que o número de casos de coronavírus na Europa superou a quantidade registrada no ponto de origem da doença: a cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China.