O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, homenageou nesta terça-feira (19) os 400 mil mortos pela covid-19 nos Estados Unidos, após aterrissar em Washington para a sua cerimônia de posse, prevista para esta quarta-feira. O ato foi marcado pela ausência do atual presidente, Donald Trump.
"Às vezes é difícil recordar, mas é assim que curamos. É importante fazer isso como nação", disse Biden em declarações em torno do espelho d'água em frente ao Lincoln Memorial. "Vamos acender as luzes na escuridão da fonte sagrada da reflexão e lembrar de todos que perdemos", disse Biden, o democrata de 78 anos enquanto 400 lâmpadas foram acesas em torno do espelho d'água em um memorial aos que morreram.
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Os sinos das igrejas tocaram em Washington, enquanto as luzes do Empire State Building de Nova York brilhavam em vermelho, como um coração pulsante. Biden, que também sofreu uma profunda tragédia pessoal e é conhecido por sua empatia, destacou a necessidade de unir a nação após o caos dos quatro anos de governo do presidente em fim de mandato, Donald Trump.
A véspera da inauguração é normalmente uma data de grandes multidões em Washington. Mas Biden, acompanhado pela vice-presidente eleita Kamala Harris, visitou o espelho d'água sob a visão extraordinária de um National Mall deserto, devido às restrições de reuniões sociais relacionadas à covid-19 e aos alertas de segurança reforçados após o ataque mortal ao Capitólio em 6 de janeiro.
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No extenso gramado do Mall, no lugar de multidões de simpatizantes, foram colocadas milhares de bandeiras do país e dos seus 50 estados para representar as pessoas que não puderam estar em Washington para a posse.
"Por muitos meses, sofremos sozinhos. Esta noite, sofremos e começamos a nos curar juntos", disse Harris - que faz história como a primeira vice-presidente do país - na breve cerimônia do espelho d'água. "Embora possamos estar fisicamente separados, nós, o povo americano, estamos unidos em espírito."
No início da tarde, Biden fez uma despedida emocionada dos residentes de seu estado natal, Delaware, antes de voar para a cidade onde serviu por décadas como senador e depois por oito anos como vice-presidente. No momento em que o avião do próximo presidente pousou, a Casa Branca divulgou a mensagem de despedida de Trump, em que ele pediu orações pelo sucesso do novo governo, "para que os Estados Unidos continuem sendo um lugar seguro e próspero". O presidente se distanciou de sua estratégia de confronto e de sua vontade de impugnar o resultado das eleições presidenciais.
Desde que foi bloqueado pelo Twitter por suas mensagens inflamadas e de desinformação, Trump praticamente deixou de se comunicar com os americanos. Afastado dos ritos republicanos, ele deixará a residência oficial sem receber o novo inquilino e dará início a uma nova vida em sua propriedade no clube de golfe Mar-a-Lago, na Flórida.
Para Trump, a principal pendência agora é a esperada onda de perdões que ele está preparando. Segundo a imprensa americana, há cerca de 100 pessoas na lista. O enorme indulto presidencial deve incluir uma mistura de criminosos de colarinho branco e pessoas cujos casos foram defendidos por ativistas da justiça criminal.
Os nomes mais controversos que têm sido alvo de especulações são Edward Snowden, Julian Assange e o influente conselheiro de Trump, Stephen Bannon. Segundo os últimos relatos da mídia dos EUA, Trump distanciou-se da tentação de conceder a si mesmo um perdão preventivo. Isso irritaria seus apoiadores republicanos no Senado momentos antes do início do julgamento de impeachment.
Contrastes e semelhanças com o antecessor
Biden deverá anunciar uma mudança radical na política do país, para se distanciar do lema "Estados Unidos primeiro", de Trump. A primeira medida será retomar a construção de alianças, política que terá início com o retorno do país ao acordo de Paris sobre o clima.
Mas há linhas marcadas por Trump que permanecerão na política externa, como o endurecimento da estratégia com a China, a manutenção da embaixada em Israel na cidade de Jerusalém e a decisão de continuar reconhecendo Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, citou Antony Blinken, nomeado chefe da diplomacia americana.
Na frente econômica, a eleita para dirigir o Departamento do Tesouro, Janet Yellen, convocou o Congresso a focar nos gastos e se preocupar, em seguida, com o déficit, diante da magnitude da múltipla crise enfrentada pelo país.