O diretor-geral da OMS apelou nesta sexta-feira (5) a "um desenvolvimento maciço das capacidades de produção" de vacinas anticovid para não aniquilar todo o progresso feito na luta contra a pandemia do novo coronavírus.
Tedros Adhanom Ghebreyesus citou o exemplo do grupo farmacêutico francês Sanofi, que demorou a desenvolver sua própria vacina, mas se oferece para produzir a partir deste verão a de sua concorrência Pfizer/BioNTech, já amplamente autorizada e de eficácia comprovada. "Pedimos a outras empresas que façam o mesmo", afirmou a autoridade.
As cifras envolvidas são gigantescas. A Pfizer estima que o faturamento de sua vacina anticovid chegará a 15 bilhões de dólares em 2021.
No final de janeiro, a suíça Novartis também anunciou que estava disponibilizando capacidades para colocar a vacina Pfizer/BioNTech nos recipientes.
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"Os fabricantes podem fazer mais - eles receberam um financiamento público significativo, e encorajamos todos eles a compartilhar dados e tecnologias para ajudar no acesso equitativo às vacinas em todo o mundo", disse o Dr. Tedros.
Ele sugeriu refazer o que já se mostrou eficaz para aumentar a produção de tratamentos anti-HIV e hepatite C. Nesses casos, grupos farmacêuticos concordaram em licenças de fabricação não exclusivas para outros produtores produzirem os medicamentos.
"Aumentar a capacidade de produção em escala global tornaria os países pobres menos dependentes dos ricos", ressaltou.
Ele reiterou seu apelo aos países ricos, que vacinaram os mais vulneráveis e seus profissionais de saúde, para que disponibilizem as doses restantes aos países pobres.
Embora o número de vacinações no mundo supere o número de casos registrados, o diretor-geral destacou que três quartos das vacinações foram realizadas apenas em 10 países que representam 60% do PIB mundial. "Pelo menos 130 países, que têm 2,5 bilhões de pessoas, não injetaram uma única vacina", ressaltou. "Se não erradicarmos o vírus em todos os lugares, poderemos voltarmos ao início" da pandemia, alertou.