O Exército israelense bombardeou implacavelmente a Faixa de Gaza neste domingo (16), matando pelo menos 40 palestinos, incluindo oito crianças, e visando a casa de um líder do Hamas, no 7º dia de um conflito de "intensidade sem precedentes", segundo a Cruz Vermelha Internacional.
Os grupos armados palestinos, incluindo o Hamas no poder em Gaza, dispararam mais de 3.000 foguetes contra Israel desde o início, em 10 de maio, deste novo ciclo de violência, de acordo com o Exército israelense, que ressaltou que grande parte foi interceptada. Esta é a maior taxa de foguetes disparados contra o território israelense, segundo os militares.
Os novos bombardeios acontecem horas antes de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, cujos membros foram instados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) "a exercer influência máxima para encerrar as hostilidades entre Gaza e Israel".
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"A intensidade deste conflito é algo que nunca vimos antes, com ataques aéreos implacáveis contra Gaza, que é um território densamente povoado, e foguetes atingindo grandes cidades de Israel, resultando na morte de crianças em ambos os lados", denunciou Robert Mardini, diretor-geral do CICV.
O papa Francisco advertiu sobre a "espiral de morte e destruição", considerando a perda de vidas inocentes "terrível e inaceitável".
Desde a madrugada deste domingo, 40 palestinos, incluindo 8 crianças, foram mortos, segundo as autoridades locais, em bombardeios israelenses em Gaza, um enclave pobre de dois milhões de habitantes sob bloqueio israelense há quase 15 anos.
Este é o maior número de mortes diárias em Gaza desde o início da violência, em 10 de maio. Um total de 188 palestinos foram mortos, incluindo 55 crianças, e 1.230 feridos, de acordo com o último balanço fornecido pelas autoridades palestinas.
Nas últimas horas, 120 foguetes foram disparados de Gaza contra Israel, mas dezenas foram interceptados.
Em Israel, dez pessoas foram mortas, incluindo uma criança, e 282 feridas, em disparos de foguetes palestinos desde segunda-feira.
Abu Anas Achkanani, morador do bairro de Al-Rimal em Gaza, alvo dos ataques, disse que perdeu sua cunhada e quatro sobrinhas e sobrinhos, o mais velho de apenas 11 anos.
"Eu estava na casa ao lado (...) De repente, por volta das 12h, 12h15, houve o ataque na rua e foi um inferno! (...) Descemos para ver, foi surreal. Tiramos a mãe dos escombros com as crianças".
Alcançando um novo nível em sua guerra contra o Hamas, o Exército israelense anunciou no Twitter que havia "atacado a casa de Yahya Sinouar e de seu irmão, um militante terrorista", postando um vídeo mostrando uma residência destruída envolvida numa nuvem de poeira.
O destino desse chefe do gabinete político do Hamas em Gaza, porém, não foi informado.
Enquanto os protagonistas do conflito permanecem surdos aos apelos internacionais pelo fim das hostilidades, as negociações diplomáticas estão se intensificando, com uma reunião virtual do Conselho de Segurança marcada para 14h00 GMT (11h00 de Brasília).
Por sua vez, uma delegação americana, liderada pelo enviado especial Hady Amr, se encontrou com o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz.
"Expressei a eles meu profundo apreço pelo apoio americano ao direito e dever de Israel de se defender contra ataques terroristas. Disse-lhes que, ao contrário de nossos inimigos, temos o cuidado de atacar apenas alvos militares, com o objetivo de restaurar a segurança e a calma", escreveu Gantz no Twitter.
Uma reunião ministerial da União Europeia está marcada para terça-feira.
No sábado, dez palestinos, incluindo oito crianças, de uma mesma família, morreram em um ataque israelense em Gaza.
Mais tarde, um israelense foi morto nos arredores de Tel Aviv na explosão de foguetes palestinos.
E um prédio de 13 andares que abrigava os escritórios da emissora Al Jazeera, do Catar, e da agência de notícias Associated Press (AP), dos Estados Unidos, foi destruído em um ataque israelense.
Segundo o Exército, que já havia solicitado a evacuação do prédio, o imóvel abrigava "entidades pertencentes à inteligência militar" do Hamas.
A direção da AP se disse "chocada e horrorizada". A Al Jazeera acusou Israel de querer "silenciar aqueles que mostram a destruição e morte".
A AFP expressou sua "solidariedade" aos "colegas da PA e da Al Jazeera".
O conflito começou em resposta aos foguetes do Hamas contra Israel, disparados em "solidariedade" com as centenas de palestinos feridos em confrontos com a polícia israelense em Jerusalém Oriental. Na origem da violência, a ameaça de expulsão de famílias palestinas em benefício de colonos israelenses neste setor palestino ocupado por Israel há mais de 50 anos.
As hostilidades se espalharam para a Cisjordânia, outro território palestino ocupado por Israel desde 1967, onde confrontos com o exército israelense deixaram 19 palestinos mortos desde 10 de maio.
Em seu território, Israel também foi confrontado a vários dias de violência sem precedentes e ameaças de linchamentos em suas cidades "mistas", onde vivem judeus e árabes israelenses.
O último confronto entre Israel e Hamas remonta ao verão de 2014. O conflito de 50 dias devastou a Faixa de Gaza e deixou pelo menos 2.251 mortos do lado palestino, a maioria civis, e 74 do lado israelense, quase todos soldados.