O complexo vulcânico de Cumbre Vieja, na ilha de La Palma, Ilhas Canárias, entrou em erupção neste domingo (19). A atividade do vulcão gerou preocupação nos brasileiros, já que um estudo apontou que, em caso erupção explosiva, ele poderia gerar uma tsunami na Região Nordeste do País. O alerta de risco vulcânico foi acionado nesse sábado pelas autoridades espanholas.
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Segundo o pesquisador do Instituto de Ciências do Mar da UFC (Universidade Federal do Ceará), Carlos Teixeira, ao portal UOL, a erupção é considerada fraca e não há qualquer alerta do tsunami no momento. Veja vídeo abaixo:
'Não há motivo para pânico'
Por conta disso, a possibilidade de um tsunami atingir o Nordeste do Brasil tem deixado muita gente preocupada. Dúvidas sobre as áreas que poderiam ser atingidas e suas possíveis consequências começaram a surgir. Afinal, esse tsunami seria capaz de chegar a Pernambuco? A professora Tereza Araújo, do Departamento de Oceanografia, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), falou sobre essa e outras questões relacionadas ao tema.
A princípio, é importante compreender o que é um tsunami. As ondas gigantes, como também é conhecido, podem atingir em média altura de 150 metros, que irá variar de acordo com a intensidade. Elas podem percorrer milhares de quilômetros, atingindo velocidade de aproximadamente 700km/h. O tsunami é mais comum em áreas com instabilidade tectônica.
Segundo Tereza Araújo, apesar do vulcão Cumbre Vieja ter entrado em estágio amarelo, devido a alterações em suas atividades sísmicas detectadas no último sábado (11), as chances de que um tsunami atinja o Brasil são mínimas.
"Não posso dizer que não há possibilidade, porque ela existe, mas ela é bem pequena. Não há necessidade da população entrar em pânico. O vulcão ter registrado atividade não significa que ele de fato vá entrar em erupção e nem que um tsunami que irá atingir o Brasil", falou.
À reportagem do JC, a professora explicou que, na maioria das vezes, o tsunami acontece em decorrência de um terremoto, que libera muita energia de uma vez, que pode se propagar e perder só perder a energia na Costa. No entanto, é importante lembrar que nem todo terremoto gera uma onda gigante.
"A probabilidade um tsunami ocorrer em decorrência de um terremoto é bem maior que a de um vulcão, mas não é motivo para medo. Tremores de terra foram constatados em Natal e Fortaleza recentemente e nenhum deles provocaram ondas gigantes", completou a professora.
Hipótese levantada por pesquisadores
Foi em 2001, há 20 anos, que dois dos maiores pesquisadores do mundo: Steven Ward, do Instituto de Geofísica da University of Califórnia (EUA); e Simon Day, do Departamento de Ciências Geológicas da University College, de Londres (Inglaterra), levantaram a hipótese do vulcão Cumbre Vieja causar um tsunami que poderia atingir o Brasil.
Na época, os dois chegaram a publicar um artigo científico alertando diversos países do Atlântico sobre a possibilidade. Para isso, eles realizaram o mapeamento da atividade sísmica, do histórico de erupções, das correntes marítimas e de diversos outros pontos relacionados ao fenômeno. Mas, de acordo com os pesquisadores, as últimas erupções do Cumbre Vieja ocorreram nos anos de 1949 e 1971 e em nenhuma das vezes a erupção causou problemas relacionados a tsunamis.
Na simulação de erupção explosiva feita por Steven Ward e Simon Day há 20 anos, a área de impacto de 250 km de diâmetro seria capaz de produzir tsunamis em diversas direções e "várias ondas de centenas de metros de altura atingiram as costas das três ilhas mais a oeste da cadeia das Canárias." De acordo com a pesquisa, em apenas 15 a 60 minutos as Ilhas Canárias seriam atingidas por ondas de 50 a 100 metros de altura.
Já no Brasil, em até nove horas essas ondas chegariam. "As vanguardas do tsunami (10 m) atingiriam inicialmente a América do Norte. Simultaneamente, ondas maiores (15-20 m) chegariam à costa norte da América do Sul. Nossos modelos de computador preveem que as ondas do tsunami, de 10 a 25 m de altura, serão sentidas em distâncias transoceânicas abrangendo a maior parte da bacia do Atlântico", disseram.