Autoridades policiais dos Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (22) que o suspeito de invadiu com uma caminhonete um desfile natalino no estado do Wisconsin, deixando cinco mortos e cerca de 50 feridos, será indiciado por "homicídio doloso".
Quatro mulheres e um homem, com idades entre 52 e 81 anos, morreram, e 48 pessoas foram hospitalizadas após o atropelamento na noite de domingo na cidade de Waukesha, subúrbio de Milwaukee - a maior do Wisconsin -, segundo o último balanço confirmado pelas autoridades policiais até o momento, embora possa aumentar.
Dos hospitalizados, 18 eram crianças, segundo Amy Drendel, chefe de medicina de emergência do hospital Children's Wisconsin. Seis delas se encontram em estado "crítico".
O chefe de polícia de Waukesha, Dan Thompson, informou que um homem, identificado como Darrell E. Brooks, era "o principal suspeito desta tragédia sem sentido". Autoridades anteciparam que ele será indiciado por "homicídio doloso".
As autoridades o descreveram como um homem negro de 39 anos, originário da vizinha Milwaukee, com um processo aberto por violência doméstica.
Registros judiciais mostram que Brooks foi acusado várias vezes nos últimos anos de pôr em risco de forma imprudente a segurança de terceiros por delitos com armas de fogo, entre outros.
Segundo a polícia e testemunhas, Brooks acelerou sua SUV vermelha em direção a uma multidão de homens, mulheres e crianças, durante o desfile anual das festas natalinas, que era celebrado na avenida Main Street, onde bandas escolares, religiosas e outros grupos desfilaram, assistidos por espectadores que se reuniam ao longo da via.
"Uma caminhonete vermelha invadiu nosso desfile de Natal, que celebrávamos no centro", disse Thompson a jornalistas. Brooks foi colocado sob custódia à espera de seu processo e funcionários confiscaram seu veículo.
Vários meios de comunicação americanos citaram investigadores, dizendo que havia sinais de que o motorista fugia de outro incidente quando atravessou barricadas e invadiu o desfile.
Thompson disse que Brooks parecia fugir de uma briga doméstica e que não era perseguido pela polícia quando atropelou a multidão com sua caminhonete.
Ele não confirmou notícias publicadas na imprensa de que a briga teria envolvido facas.
Angelito Tenorio, candidato ao cargo de tesoureiro do estado do Wisconsin, assistia ao desfile e disse ao Milwaukee Journal Sentinel, que "viu uma caminhonete cruzar e simplesmente acelerar a toda velocidade ao longo do trajeto do desfile".
"Em seguida, ouvimos um forte estrondo e só choro e gritos ensurdecedores das pessoas que foram atropeladas pelo veículo", acrescentou.
Angela O'Boyle, cujo apartamento tem vista para a rua do desfile, declarou à CNN: "Tudo o que ouvi foram gritos e depois pessoas gritando os nomes de seus filhos".
Autoridades policiais consideram que o ato não tem ligações com o terrorismo.
"Estamos certos de que agiu sozinho. Não há evidências de que se trate de um incidente terrorista", disse Thompson, acrescentando que se estima que o suspeito esteve envolvido em uma briga doméstica pouco antes do incidente.
O caso tampouco estaria ligado ao veredicto de absolvição proferido na sexta-feira no caso de Kyle Rittenhouse, um adolescente branco que matou a tiros duas pessoas no ano passado durante protestos do movimento Black Lives Matter contra o racismo e a violência policial em Kenosha, situada a apenas 80 km de Waukesha.
Em Washington, o presidente americano, Joe Biden, ofereceu palavras de apoio à comunidade abalada por um "horrível ato de violência" e apresentou suas condolências às famílias "que enfrentam a nova dor de uma vida sem um ente querido".
O governador do Wisconsin, Tony Evers, determinou que a bandeiras do estado sejam hasteadas a meio mastro.
"Continuamos rezando pela comunidade de Waukesha e pelas crianças, entes queridos e vizinhos, cujas vidas mudaram para sempre por uma tragédia impensável ontem à noite", escreveu Evers nesta segunda-feira em sua conta no Twitter.
Uma vigília foi programada em Waukesha para as 22h GMT (19h de Brasília).